segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Cartas a Lucílio.

 
 
 
 
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         Agradeço-te a frequência com que me escreves, pois é esse o único meio de que dispões para vires à minha presença. Nunca recebo uma carta tua sem que, imediatamente, fiquemos na companhia um do outro. Se nós gostamos de contemplar os retratos de amigos ausentes como forma de renovar saudosas recordações, como consolação ainda que ilusória e fugaz, como não havemos de gostar de receber uma correspondência que nos traz a marca autêntica, a escrita pessoal de um amigo ausente? A mão de um amigo gravada na folha da carta permite-nos quase sentir a sua presença – aquilo, afinal, que sobretudo nos interessa no encontro directo.


Cartas de Séneca a Lucílio, Livro III, Carta 40.1
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            Nada nos pertence, Lucílio, só o tempo é mesmo nosso. A natureza concedeu-nos a posse desta coisa transitória e evanescente da qual quem quer que seja nos pode expulsar. É tão grande a insensatez dos homens que aceitam prestar contas de tudo quanto – mau grado o seu valor mínimo, ou nulo, e pelo menos certamente recuperável – lhes é emprestado, mas ninguém se julga na obrigação de justificar o tempo que recebeu, apesar de este ser o único bem que, por maior que seja a nossa gratidão, nunca podemos restituir.


 
Cartas de Séneca a Lucílio, Livro I, Carta 1.3
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Fotografias de Onésimo Teotónio de Almeida




Um grande abraço, Onésimo, especialmente hoje,
 
do António




3 comentários:

  1. Estive para nada dizer, mas se é um abraço de consolo aos pais que perderam aqueles jovens de quem tanto havia a esperar, muito obrigado por tão sensibilizante homenagem.

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  2. Já não pass(e)ava pelas tuas fotos há alguma tempo. Desmerecido esquecimento a que só a tua passagem por Aveiro veio acordar...pois é ...sulcos...
    Um grande abraço do Francisco

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