Kai Frober, na fronteira, na década de 1970
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Kai Frober, 2015
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O «Cinto Verde»
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Gunther Berwing (à direita), em 1983
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Gunter Berwing e Kai Friobel, 2015
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As
comemorações do aniversário da queda do Muro de Berlim deram azo a muita coisa.
A Taschen arrasou a paróquia com um calhamaço sobre a República Democrática
que, do ponto de vista iconográfico, não tem rival. Num registo completamente
diferente, em que a imagem pouco interessa ante a riqueza da história, Maxim
Leo reconstituiu as biografias atribuladas dos seus pais e avós no apaixonante Red Love. The Story of an East German Family.
Mas a história
mais fascinante de todas, aquela que mais me tocou, encontra-se aqui, à
distância de um clique. Foi-me trazida pelo João Gama – e é por essas e outras
que beijo o chão que ele pisa. Vamos à história, mas em linhas muito gerais. Entre
aquilo que outrora dividia as Alemanhas existia uma vasta terra-de-ninguém. A
ausência de presença humana fez florescer a natureza no «Cinto Verde», um
corredor arborizado de quilómetros e quilómetros. Por vezes, o campo era
atravessado por fugitivos de Leste, sendo território perigoso e minado. Nada
disso dissuadiu um jovem alemão ocidental de entrar lá, para ver os pássaros. Do lado
de lá da fronteira, outro rapaz faria o mesmo. Kai Frobel e Gunter Berwing
acabariam por se conhecer, comungando da mesma paixão pela terra e seus bichos.
A história mete a malvada da Stasi e peripécias várias. Mas acaba bem, com a reunificação de
um povo e a reintrodução de um bicho, o lince. Dava um livro,
um filme; dava o que quiserem. Por agora, leiam-na, que bem merece.
António
Araújo
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