quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

A porta do Oriente (16).


 
 
 
Na visita que fiz ao Líbano, o jornalista Benjamin Barthe fez uma conferência só sobre electricidade.
Se há queixa permanente dos cidadãos libaneses essa é a das falhas de electricidade. 30 anos após o fim da guerra civil, o Governo continua a não conseguir assegurar 24 horas  de corrente em contínuo.
Os cortes frequentes são compensados por geradores, os fios eléctricos pairam sobre as ruas de forma caótica em ligações ilegais.

 
 


 
 

As necessidades de electricidade do Líbano são avaliadas em 3,5 Gigawatts. A EDL (Electricidade do Líbano) apenas é capaz de assegurar 2, produzidos por duas grandes e antiquadas centrais a fuel.
36% da electricidade não é paga. Este ano, o Estado teve de subsidiar a empresa em 1,4 mil milhões de euros. Cerca de 40% da dívida pública teve origem nas transferências do Tesouro para a EDL ao longo dos tempos. A EDL, em grande medida controlada pelos xiitas, é além do mais pródiga na distribuição de empregos fictícios.
Consequência: os libaneses além da factura de electricidade têm de pagar a factura que lhes é apresentada pela companhia privada que gere o gerador do seu bairro.
Por isso, as reformas do sector da energia têm sido bloqueadas pela chamada máfia dos geradores que gere um mercado negro de 2 mil milhões de dólares, não taxados.
A revolução de 2019 denuncia o sector da electricidade como a demonstração de um regime apodrecido e de uma corrupção sem limites.
 
Fotografias de 9 e 13 de Novembro de 2019

 
José Liberato

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