Comprei
na FNAC do aeroporto por dois euros (!) um livro da muito querida Yourcenar que não conhecia.
Foi reeditado há pouco, já em 2020, para esta edição da Folio e que nos traz a
Srª Crayencour? Os seus sonhos. Interessante, assim-assim. Marguerite conta o
que dormiu, e o que viu a dormir, mas com esta gente que conta o onírico com tal
cópia de pormenores fico sempre intrigado: eu não sou assim. Não lembro de nada
ou, do que lembro, nada tem aquela riqueza visual e narrativa. Agora, por causa
de um grande amigo que é grande devoto de Mitterrand, pus-me a ler um livro – e
grande! – só sobre os últimos dias daquele a quem chamavam «Dieu», nem mais,
nem menos. Pouco antes do estertor final, Marie de Henzel (têm cá o livro dela,
Diálogo com a Morte, prefaciado pelo
Dieu) foi assaltada por um sonho místico, à laia de premonição. O sonho dela,
como sempre, era technicolor, com enredo e personagens, uma grande produção hollywoodesca do espírito ou da
mente. Nada disso ocorre comigo, tudo série B, a preto e branco e sem legendas.
Que tristeza (ou então são os outros que andam a sonhar acordados ou, pior
ainda, a aldrabar com quantos dentes têm nas bocas).
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