Faz
precisamente hoje quinze dias que foi destruído (picado, ao que dizem as
testemunhas) um dos painéis de azulejo publicitário de inspiração Arte Nova
mais célebres de Lisboa, na circunstância o da foto acima (© MAFLS), feito
na Fábrica de Sacavém e assinado em 1912, que fazia pandã com o ainda intacto
(ou quase) do lado direito da porta de certa pastelaria-restaurante da Av.
Cinco de Outubro (foto abaixo: DN). Não fora a intervenção oportuníssima de
Mestre Querubim Lapa, avisando as autoridades e a esta hora estoutro também
teria sido destruído e Lisboa teria ficado para sempre sem estes dois belos e
raros exemplares de ‘chinoiserie’ (mais propriamente ‘japonisme’), herança de
um período em que havia bom gosto nas decorações até de mercearias e casas de
chá e café. Feito o crime (cultural, de lesa-património, regulamentar – o
painel está inventariado no PDM, os azulejos publicitários foram objecto de
proposta aprovada pela CML em 2008, decorre na autarquia um Programa de Investigação
e Salvaguarda do Azulejo de Lisboa), a CML, surpreendida e sem mecanismos
preventivos e pedagógicos de urbanismo comercial, autuou e obrigou o
proprietário a recolher e guardar os fragmentos do painel destruído para repor
o painel restaurado (e replicado), as soon as possible. Chegados aqui
resta-nos a revolta contra comerciantes ignorantes que não se apercebem que um
painel daqueles é uma mais-valia para o seu estabelecimento e não o contrário.
E a esperança de que a reposição seja um facto e a lei cumprida.
Paulo Ferrero
Uma estoria que o malomil gosta: http://googleblog.blogspot.co.uk/2013/10/a-long-way-home-with-help-from-google.html
ResponderEliminarObrigado.
EliminarCordialmente,
António Araújo
A foto da pastelaria fala por si. Quem teria autoriuzado aquele mamarracho com os dizeres ola Cheia que desvirtua por completo os painés. Seria bom que quando fosse reposto o destruído o mamrracho voasse.
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