sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Uma história de Lisboa.









 
Faz precisamente hoje quinze dias que foi destruído (picado, ao que dizem as testemunhas) um dos painéis de azulejo publicitário de inspiração Arte Nova mais célebres de Lisboa, na circunstância o da foto acima (© MAFLS), feito na Fábrica de Sacavém e assinado em 1912, que fazia pandã com o ainda intacto (ou quase) do lado direito da porta de certa pastelaria-restaurante da Av. Cinco de Outubro (foto abaixo: DN). Não fora a intervenção oportuníssima de Mestre Querubim Lapa, avisando as autoridades e a esta hora estoutro também teria sido destruído e Lisboa teria ficado para sempre sem estes dois belos e raros exemplares de ‘chinoiserie’ (mais propriamente ‘japonisme’), herança de um período em que havia bom gosto nas decorações até de mercearias e casas de chá e café. Feito o crime (cultural, de lesa-património, regulamentar – o painel está inventariado no PDM, os azulejos publicitários foram objecto de proposta aprovada pela CML em 2008, decorre na autarquia um Programa de Investigação e Salvaguarda do Azulejo de Lisboa), a CML, surpreendida e sem mecanismos preventivos e pedagógicos de urbanismo comercial, autuou e obrigou o proprietário a recolher e guardar os fragmentos do painel destruído para repor o painel restaurado (e replicado), as soon as possible. Chegados aqui resta-nos a revolta contra comerciantes ignorantes que não se apercebem que um painel daqueles é uma mais-valia para o seu estabelecimento e não o contrário. E a esperança de que a reposição seja um facto e a lei cumprida.
 
 
Paulo Ferrero
 
 
 
 

3 comentários:

  1. Uma estoria que o malomil gosta: http://googleblog.blogspot.co.uk/2013/10/a-long-way-home-with-help-from-google.html

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  2. A foto da pastelaria fala por si. Quem teria autoriuzado aquele mamarracho com os dizeres ola Cheia que desvirtua por completo os painés. Seria bom que quando fosse reposto o destruído o mamrracho voasse.

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