sexta-feira, 4 de outubro de 2013

valter hugo pai

 
 
 



 
«Continua com vontade de ter um filho?
Continuo. A minha vida não está preparada para um filho, ainda não sei tomar conta de mim. Acho que a solteirice aguda me cria muito medo, muito respeito, não tenho uma casa preparada para crianças, tudo na minha casa magoa, tudo se parte, tudo é tão delicadozinho, parece um museu de tralhas afectivas. Uma criança chegava ali e partia-me tudo. Se tivesse um filho tinha de preparar a casa, arrumar os biscuits para um uso mais pragmático. A minha casa não serve muito para viver, é assim uma coisa de passeio.
Mas é uma dimensão que queria ter?
É. Tenho uma amiga que me anda a puxar para ir a um orfanato onde há crianças de sete, oito, nove anos, as que têm mais dificuldade em serem adotadas. Talvez uma criança com essa idade me seja mais fácil receber, e ao mesmo tempo também é uma aventura muito incrível, acolher-se uma pessoa que talvez já não tenha esperança nenhuma de ter um vínculo familiar profundo, e dizer-lhe que ela também tem direito a tudo.»
 
 (Valter Hugo Mãe, entrevista à revista Ler, de Outubro de 2013)
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário