quarta-feira, 24 de julho de 2019

Obviamente, demitam-no.

 
 
 
 
 
 
 

Isto não tem a ver com esquerda nem direita, mas com mínimos de decoro. A questão não é política, mas ética, de moral pública. O Alto Comissariado para as Migrações é, nos termos da lei, «um instituto público integrado na administração indireta do Estado, dotado de autonomia administrativa e financeira e património próprio», que funciona sob superintendência e tutela do Primeiro-Ministro. Quando o Senhor Alto Comissário para as Migrações publica uma coisa destas, manda o mínimo da decência que seja imediatamente demitido. A questão, insiste-se, não é de esquerda nem de direita, da política do PS ou do PSD, do BE ou do CDS-PP. O problema é ético, republicano, e prende-se com a dignidade do Estado e das suas instituições –  como tal, tem de ter uma resposta pronta: exoneração imediata. Caso contrário, todo e qualquer alto dirigente da Administração pode começar a fazer campanha a favor disto ou daquilo, a apelar ao voto no partido A ou no partido B, confundindo-se a imparcialidade das suas funções com militância político-partidária. E não, não se diga que o Senhor Komissário actuou a título pessoal, que é uma coisa da sua vida privada, particular, uma expressão de cidadania, pois está a saudar, com símbolo partidário em grande destaque, a entrada numa lista de candidaturas de uma  vogal do organismo público que ele próprio dirige. Que dirão os restantes funcionários, se acaso se candidatarem por outros partidos ou tiverem outras convicções políticas? Diz a Constituição, no artigo 269º, que nenhum trabalhador ou agente do Estado pode ser prejudicado ou beneficiado pelo exercício de direitos políticos. Pois a Drª Romualda Fernandes  já foi publicamente beneficiada com um louvor do chefe, que para mais faz prognósticos e sondagens, dizendo ser «muito provável» a sua eleição. Ao proceder desta forma, ao Dr. Pedro Calado só tem um destino decente: a porta da rua.
 
 
 
 
 
 
 
 


1 comentário:

  1. Jesus Maria José.. esse sobressalto moral e cívico é capaz de ser um bocadito exageradito, não?

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