domingo, 13 de janeiro de 2013

A pedra e a água: o céu.




Gérard Castello Lopes: Portugal, 1987
 
Eduardo Gageiro: Alentejo, Portugal, 1987

 
 

         Onde numa está a água, na outra está a pedra. Onde numa está a pedra, na outra está o mar. A pedra de Gérard Castello Lopes levita. A água de Eduardo Gageiro é céu. São transcendências. Filosofia. Dizem: o que vemos é o que é. Isto é o que é, não o que esteve diante da lente. Uma pedra no ar, um charco de céu.

         Impunha-se a simetria, a Coisa etérea no centro em geral. E, no centro do centro, apenas perceptíveis, acessos ao infinito: uma boca escura na pedra de Gérard e uma boca branca na água de Gageiro.
 
         As duas imagens, mas a de Gérard em especial, conseguem pela fotografia o que Magritte obteve pintando rochedos no céu: substituir a gravidade pela gravitas, virtude da natureza humana, de quem fotografa e de quem quer ver: natureza humana, porque transcendem a natureza natural; o que se vê é para além da coisa do mundo, é a possibilidade do impossível, da perfeição e da eternidade. O céu na terra, arte.
 

 
Eduardo Cintra Torres

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