Gérard Castello Lopes: Portugal, 1987
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Eduardo Gageiro: Alentejo, Portugal, 1987
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Onde numa
está a água, na outra está a pedra. Onde numa está a pedra, na outra está o
mar. A pedra de Gérard Castello Lopes levita. A água de Eduardo Gageiro é céu.
São transcendências. Filosofia. Dizem: o que vemos é o que é. Isto é o que é,
não o que esteve diante da lente. Uma pedra no ar, um charco de céu.
Impunha-se
a simetria, a Coisa etérea no centro em geral. E, no centro do centro, apenas
perceptíveis, acessos ao infinito: uma boca escura na pedra de Gérard e uma
boca branca na água de Gageiro.
As duas imagens, mas a de Gérard em especial, conseguem
pela fotografia o que Magritte obteve pintando rochedos no céu: substituir a
gravidade pela gravitas, virtude da natureza humana, de quem fotografa e de
quem quer ver: natureza humana, porque transcendem a natureza natural; o que se
vê é para além da coisa do mundo, é a possibilidade do impossível, da perfeição
e da eternidade. O céu na terra, arte.
Eduardo Cintra Torres
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