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A linhagem do Príncipe da Fuzeta. Pergaminho Xerox, circa 1988.
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O Príncipe, quando jovem, a reinar. Já implementava reformas estruturais.
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Boletim «O Sino. Comunidade Evangélica de Roterdão». Ano I, nº 6, 1971.
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Como
é do conhecimento geral, o Principado da Fuzeta situa-se geograficamente na Fuzeta.
Em Cacela e na Fuzeta possui o Príncipe Francisco do Rosário Candeias cinco viveiros de amêijoas. É natural de Moncaparacho, terra do
saudoso refrigerante Epaminondas, fabricado industrialmente com laranja
natural.
A
Educação do Príncipe foi esmerada, tendo o Soberano concluído a 4ª classe em estado de adulto. Anos
mais tarde, o Príncipe, para bem dos povos sob sua jurisdição, trabalharia na construção dos esgotos da Fuzeta. E nas
salinas. Na pesca do bacalhau, que também conheceu, era o Príncipe tido pelo
capitão como «o mais trabalhador». Isto sem demérito para os outros, igualmente
trabalhadores, mas não tanto. Largou o Príncipe o bacalhau aos 18 anos,
sobraçando a carreira de acordeonista em serras algarvias (Sul de Portugal). Reza a chrónica official que
«não ficou por aí». Ficou pela Holanda, para onde foi aos 22 anos. Nos Países Baixos,
porém, «não encontrou trabalho e teve que voltar». No entanto, «não desistiu da aventura». Pouco depois, já estava principescamente na refinaria de petróleo em Roterdão.
A biografia oficial é omissa, mas tudo sugere que regressou à Holanda,
portanto. E, na cidade porteira de Roterdão, operava «mais de 70 espécies de máquinas». Em 1970, Portugal vivia mergulhado nas trevas do fascismo. Lá
longe, Francisco do Rosário, le prince,
laborava «numa fábrica do irmão do dono da Shell». Quem era esta eminente personalidade
é algo que a investigação histórica, até hoje, não permitiu apurar ainda. Mais
seguro é outro facto: além de manusear «máquinas de polir tubos», Francisco
«ajudou a construir uma canalização que existe no Médio Oriente». De caminho,
fundou em Roterdão a «Igreja Evangélica em Português», conforme o atesta o Boletim supra exibido. A fábrica neerlandesa onde labutava começou a entrar «numa situação económica difícil», mas o Príncipe, sereníssimo, «conseguiu equilibrar a situação». Nos frágeis equilíbrios do marcelismo, foi subsequentemente Deputado à Assembleia Nacional, eleito pela freguesia de Moncarapacho.
Naturalmente, personalidades desta dimensão e fulgor encontram-se sempre sob a
ameaça tenebrosa do terrorismo transnacional, que já o havia, e à bruta, nos
alvores do decénio de 70 do século transacto. «Um cartão de Marcelo Caetano salvou-o, certa vez em Paris, de um ataque de uns árabes armados». Contudo, numa vida prenhe de gloriosos fastos, aquele apoio cartonado do Presidente do Conselho
não eximiria o Príncipe da clássica investigação da sinistra PIDE. Motivo para a inquisitorial devassa? «coisas que fazia em prol dos pobres».
Numa límpida madrugada, floriu Abril. Chegara
a democracia. O Príncipe lançou o PSD na Fuzeta, apesar de, na altura, este
partido se chamar PPD, incluindo na região da Fuzeta. Hoje, confessa o Príncipe ao seu
biógrafo oficial: «Não tenho partido, nem relegião porque para uma pessoa se filiar em alguma coisa tem que obedecer a regras e eu regulo-me pela justiça».
Bem regulado pela Justiça, Francisco Candeias rejeita a política e a chamada relegião,
dedicando-se actualmente a uma actividade mais laica: a pecuária. Os domínios do
Príncipe abrangem ainda, como atrás se reportou, cinco viveiros de amêijoas em
Cacela e na Fuzeta.
Para uma adequada governance do seu Principado, elaborou o Príncipe um elaborado
Programa de Governo. O documento, note-se, «foi elogiado por um Instituto de Inteligência Humana na Europa». A soberania e o jus imperii de Francisco Candeias sobre o território da Fuzeta são
atestados por vários comprovativos, documentais e digitais. Entre eles,
permitimo-nos destacar a «prova acrescentada na televisão Portuguesa, canal dois no dia 18-7-1999 pelas vinte e duas e trinta horas, na reportagem Horizontes da Memória, pelo Professor José Armando Saraiva, sobre o reinado D. João VI, neto do mencionado, Rei D. José I».
Tendo o Professor José Armando Saraiva
reconhecido e atestado a Legitimidade Régia
de D. Francisco Candeias, tudo como é óbvio «a derivar da Monarquia Portuguesa»,
concluímos tratar-se a Fuzeta «de um Enclave livre de qualquer domínio, dentro do
Território Português, situado no Algarve». Para isso concorrem, segundo os mais
vetustos anais fuzetenses, as «forças das circunstâncias conhecidas».
Sim, bem conhecem os Portugueses essas
circunstâncias conhecidas. E, em face delas, respeitam o Programa de Governo da
Fuzeta, o qual é denso e diversificado. Em matéria pesqueira, ordena o
Príncipe: «Tenho já um oficio Oficial para avisar o Governo de Espanha que nãoadmito que os barcos de Espanha pescam nas aguas pertencentes a este Principado, sem a minha autorização». Portanto, cuidadito Juanito, que o facto
de ainda serem primos em 2º grau não te salvará a Invencível Armada de uma humilhante derrota
nas áreas marítimas fronteiras aos cinco viveiros de amêijoa do Senhor D. Francisco.
Em todo o
Programa, ajustado com o FMI e avulta a humildade dos grandes estadistas. Permitimo-nos
salientar a Regra LXXXIX: «Estas normas que eu aqui mencionadas sobre este Principado, alguém pensará que são para um País grande, e não um pequeno como o do Principado da Fuzeta, mas os mesmos direitos de viver, que têm as pessoas dos grandes povos, é os mesmos dos pequenos; somos todos humanos, e vivemos todos debaixo do mesmo Sol: È tudo por agora etc.»
È tudo por
agora etc. Apenas uma nota final: o Principado da Fuzeta situa-se na Zona Euro e, de
acordo com os últimos relatórios dos observatórios do PNUD, já regressou aos mercados financeiros
da conquilha e do bivalve em geral. Na próxima sexta-feira, com Nicolau Santos, o Príncipe Dom Francisco do Rosário
Candeias. Uma oportunidade única para conhecermos, em linhas muito mas mesmo assim muito gerais, a
estratégia de consolidação orçamental gizada pela equipa de 8 (oito) técnicos PhD e
social economic coordinators das Terras de Moncarapacho, Olhão, Atabueira e Bias do Sul. O Apartado é o 244. Livro de Visitas disponível aqui. E Notas de Imprensa aqui.
Pesquisa arquivística e investigação histórica: Pedro Franco.
Nótula biopolítica e contextualização geoestratégica: António Araújo.
O Príncipe, a trote, nos seus domínios e aldeamentos. |
Documentação oficial da Chancelaria (ainda não inventariada)
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made my day! o que eu me ri, senhores, o que eu me ri... é verdade que a criatividade humana não conhece limites mas este príncipe é o top dos tops. que pérolas de sabedoria! é tudo, mas tudo mesmo, digno de figurar na história só pela bizarria!
ResponderEliminarNão sei não. Seria a única oportunidade de não serem "engolidos" por Moncarapacho. Assim...
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