sexta-feira, 6 de março de 2015

Bons ventos.

 
 
 
 


 

Nos anúncios das novidades de início do ano, vi que irá ser publicado o livro de Philip Hoare, Leviathan or, The Whale. É, tão-só, o melhor livro sobre baleias que existe – e as pessoas nem imaginam a quantidade de livros que há sobre baleias. Um, curiosíssimo, trata de um processo judicial na América do século XIX em que se discutiu, para efeitos fiscais, se a baleia era um mamífero ou um peixe. Trying Leviathan, assim se chama a obra.
          Reparei agora que a Alethêia vai publicar Fantasmas de Espanha, de Gilles Tremlett. É uma das reportagens mais interessantes que li sobre Espanha. O autor viveu lá vários anos, se calhar ainda vive. Fez o trabalho de casa, e fora dela. Foi aos lugares, falou com dezenas de pessoas. Num estilo apaixonante e simples, fala-nos de toda a Espanha, desde as polémicas à volta da abertura das fossas das vítimas do franquismo aos dramas da memória da Guerra Civil, passando pela corrupção que levou ao caos urbanístico nas cidades costeiras e culminando na manhosa retranca dos galegos. Não sei se a edição portuguesa está actualizada, mas o caso é indiferente, pois o livro é uma belíssima viagem pelo lado de lá da fronteira. A não perder.
 

 
 
 
 
 
          Aproveitando esta boa maré editorial, atrevia-me a sugerir a edição de dois livros. Um, de Huldine V. Beamish, chama-se The Hills of Alentejo, e foi publicado pela Geoffrey Bles, de Londres, em 1958. Não é um livro extraordinário, mas vale pela curiosidade – e pelo nosso desejo de saber, talvez com laivos provincianos, o que os outros dizem de nós. Na mesma linha, mas infinitamente superior, Não Criei Musgo. Retrato de uma aldeia transmontana, de John Gibbons. Foi originalmente publicado em 1939,  galardoado com o Prémio Camões. O autor não esconde a sua admiração por Salazar e pelo Estado Novo, mas o ponto que interessa é este: o livro constitui um documento interessantíssimo – e, para mais, escrito num estilo de grande humor – sobre o quotidiano transmontano dos anos 1930. Até já existem trabalhos académicos sobre esta obra: de Ana Isabel Calado, O Portugal de Salazar Visto de uma Varanda Transmontana, editado em 2005 pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Já agora, também este artigo.  Não Criei Musgo foi reeditado há uns anos pela Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, mas creio que está esgotado e não teve a projecção que merece. À atenção de todos os editores de boa vontade.  

                    

 

1 comentário:

  1. Caro António Araújo: Não me esqueci da sua solicitação para enviar um texto para este seu blogue, sobre a ocupação da sede da PIDE/DGS no 26 de Abril de 1974. Tenho estado à espera que o Comandante Lauret, organizador do site da As. 25 de Abril fizesse a devida correcção, o que julgo ainda não ter acontecido. É que o Comandante Costa Correia já concordou com o Cor. Alberto Ferreira que foram de facto os militares do Reg. Cav.ª Estremoz os primeiros a entrar nas referidas instalações, sob o seu comando e acompanhando o então Major Campos Andrada. Cerca de meia/uma hora depois, é que os fuzos, sob o comando de Costa Correia e igualmente na companhia do Campos Andrada, terão entrado nestas instalações da António Maria Cardoso. Ab

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