sexta-feira, 24 de maio de 2019

Hotel Rwanda (24).




Bíblia pousada num banco numa venda à beira da Estrada para Kigali.






Local do massacre da Igreja de Ntarama
 
 
A religião, a tese do duplo genocídio
 
 
O Cristianismo é a religião largamente predominante no Ruanda. As igrejas enchem-se de fiéis.
Em 1994, perante o terror do genocídio os refúgios mais procurados foram as igrejas.
Mas as igrejas não foram refúgios. Foram armadilhas que permitiram uma matança ainda maior.
Porquê?
A hierarquia católica teve um longo historial de colaboração com o poder hutu e não soube avaliar a sua deriva genocidária. Salvo casos limitados, os sacerdotes estrangeiros foram evacuados para os seus países de origem, enquanto muitos dos sacerdotes  ruandeses ou se deixaram contaminar pela loucura ou não tiveram coragem de se lhe opor.
Aliás, alguns países deixaram-se também alinhar com o poder dominante, apenas descolando quando era demasiado tarde.
A França é o caso mais evidente. A Operação Turquesa, desencadeada pelo Presidente Mitterrand, inspira-se bastante na tese do duplo genocídio: se os hutus matavam os tutsis, a realidade é que os tutsis também matavam os hutus. Segundo esta perspectiva, a preocupação essencial devia ser a separação dos contendores e mesmo a evacuação dos culpados do genocídio.
Se bem que tenha havido também tutsis a matar hutus, a realidade é que se tratou de casos limitados face à hecatombe que ocorreu.
Hoje, a França continua a ser acusada violentamente, enquanto a Igreja Católica recupera lentamente o seu peso.
 
 
Fotografias de 24 e 25 de Janeiro de 2019
 
José Liberato
 
 

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