Bíblia pousada num banco numa venda à beira da Estrada para Kigali.
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Local do massacre da Igreja de Ntarama
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A religião, a tese do duplo genocídio
O Cristianismo é a religião largamente predominante no Ruanda. As igrejas
enchem-se de fiéis.
Em 1994, perante o terror do genocídio os refúgios mais procurados foram as
igrejas.
Mas as igrejas não foram refúgios. Foram armadilhas que permitiram uma
matança ainda maior.
Porquê?
A hierarquia católica teve um longo historial de colaboração com o poder
hutu e não soube avaliar a sua deriva genocidária. Salvo casos limitados, os
sacerdotes estrangeiros foram evacuados para os seus países de origem, enquanto
muitos dos sacerdotes ruandeses ou se deixaram contaminar pela loucura ou
não tiveram coragem de se lhe opor.
Aliás, alguns países deixaram-se também alinhar com o poder dominante,
apenas descolando quando era demasiado tarde.
A França é o caso mais evidente. A Operação Turquesa, desencadeada pelo
Presidente Mitterrand, inspira-se bastante na tese do duplo genocídio: se os
hutus matavam os tutsis, a realidade é que os tutsis também matavam os hutus.
Segundo esta perspectiva, a preocupação essencial devia ser a separação dos
contendores e mesmo a evacuação dos culpados do genocídio.
Se bem que tenha havido também tutsis a matar hutus, a realidade é que se
tratou de casos limitados face à hecatombe que ocorreu.
Hoje, a França continua a ser acusada violentamente, enquanto a Igreja
Católica recupera lentamente o seu peso.
Fotografias de 24 e 25 de Janeiro de 2019
José Liberato
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