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O artigo de Annie Murphy, publicado na semana passada na The Atlantic, com fotografias de Vlad Sohkin, conta-nos uma história fascinante de desmesura.
Desmesura na construção de um enorme hotel de luxo na Beira, Moçambique, com 150 quartos, inaugurado em 1955 e que nunca poderia ser rentável, apesar de inicialmente ter sido pensado para albergar um casino. Encerrado em 1963, continuou com a piscina olímpica a funcionar sendo as restantes instalações conservadas e utilizadas pontualmente para acontecimentos mundanos.
Desmesura na sua actual situação com a maior comunidade de “ocupas” do mundo, cerca de 2500 pessoas a viver nas instalações completamente degradadas do hotel, esventrado de tudo o que podia ser vendido, sem electricidade e sem água corrente. Após a independência de Moçambique, veio a ser ocupado pelos militares da Frelimo e as suas caves utilizadas como prisões. Posteriormente, com a guerra civil e a chegada de refugiados do Norte, começou a sua ocupação e degradação até chegar à actual situação.
Para além do artigo de Annie Murphy e das fotografias de Vlad Sohkin, a história da passagem do tempo neste elefante branco já foi contada e estudada de diversas formas: o realizador moçambicano Lícino Azevedo fez um documentário “Hóspedes da Noite” em 2007, o realizador de cinema belga Lotte Stoops fez um documentário em 2010, o fotógrafo sul-africano Guy Tillim incluiu fotografias do Grande Hotel da Beira na sua exposição “Avenue Patrice Lumumba”, o fotógrafo catalão Hector Mediavilla realizou um trabalho fotográfico que deu origem a uma exposição, a agência noticiosa AFP fez um trabalho jornalístico televisivo e diversos blogues contam a sua história de diferentes perspectivas: The Delagoa Bay Blog, boing boing ou o BI, Rioblog ou Buala.
Para além da ironia fácil de se dizer que o hotel tem agora a ocupação que nunca teve nos seus tempos áureos, ao vermos as imagens do Grande Hotel da Beira sentimo-nos profundamente perturbados com a dimensão épica que assumiu a sua confrontação com o tempo.
Francisco Teixeira da Mota
Sem comentarios. Geee.
ResponderEliminarO primeiro episodio do " No reservations " do Anthony Bourdain foi dedicado a moçambique e era relatada esta historia.enfim com a profundidade que um programa de cozinha/culinario pode facultar
ResponderEliminarTristeza
ResponderEliminarUm dia destes a televisão mostrou-nos o que, nos anos da nossa crimonosa descolonização, seria uma heresia merecedora de julgamento popular e enforcamento em cadeeiro público, para gáudio das hostes comunas Cunhalescas. Cidadãos malinianos reclamavam publicamente a recolonização do Mali, pela França. As voltas e reviravoltas que o mundo dá!
ResponderEliminarSobre o Grande Hotel da Bira, a RTP exibiu em 2007 um excelente documentário realizado pela jornalista Anabela Saint-Maurice.
ResponderEliminarAqui fica a sinopse do Doc.
"Grande Hotel evoca a história trágica do espantoso edifício, emblema do passado e do presente da cidade da Beira
Em Moçambique foi inaugurado em 1955 um hotel de luxo que aspirava a ser o maior de Àfrica. Construído na cidade da Beira destinava-se a promover o turismo em toda a região centro da colónia portuguesa, atraindo em particular os turistas da vizinha Rodésia. O projecto fracassou ao fim de poucos anos permanecendo na cidade um edifício gigantesco em betão que no período pós-independência acabou por ser ocupado por milhares de moçambicanos deslocados de guerra que ali encontraram abrigo.
O documentário “Grande Hotel“ evoca a história trágica do espantoso edifício, emblema do passado e do presente da cidade da Beira que por sinal celebra o seu centenário no a 20 de Agosto de 2007.
Tendo como fio condutor o hotel, o documentário acaba por ser um retrato da cidade da Beira, das diferentes vivências e culturas que nela coabitam.".
Ângela Camila
Há também alguns destes grandes empreendimentos abandonados por Portugal fora... as famosas torres de Troia, acho que havia algo parecido com este grande Hotel na Serra da Estrela, lembro-me de qualquer coisa que tentaram fazer no cimo da Lagoa Verde em São Miguel nos Açores, e onde era no Algarve que também alguma coisa desta dimensão não tinha chegado ao fim? suponho que um pouco por toda a costa deve haver... enfim, dava uma boa série.
ResponderEliminarCumps,
Buiça
http://www.rtp.pt/programa/tv/p22715
ResponderEliminarMuito bonita arquitetura
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