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The Shining (1980)
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Vestidos originais do filme
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Vi
The Shining no ano que estreou, em
1980, ou no ano seguinte. Estava na
Bélgica, era miúdo. E, de regresso a casa, tive de atravessar um bosque sombrio…
Das personagens mais marcantes do filme, as gémeas Grady e o seu gélido
convite: Come and play with us, Danny.
Há quem note parecenças com a fotografia Identical Twins, de Diane Airbus, artista inclinada a explorar os aspectos mais bizarros
da realidade humana e que, não por acaso, se suicidaria em 1971, aos 48 anos de
idade. O realizador conhecera de perto a fotógrafa e a sua obra, mas, segundo a
viúva, não se inspirou naquela célebre imagem, sobre a qual existe um
interessante follow up, aliás.
Diane Arbus, Identical Twins, Roselle, New Jersey, 1967
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Cathleen e Colleen, as gémeas de Arbus
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Lisa and Louise Burns, durante as filmagens
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No
livro de Stephen King e no script do
filme, as Grady eram irmãs, mas não irmãs gémeas. Contudo, foi assim, ou muito
perto disso, que Kubrick as apresentou. Escolheu Lisa e Louise Burns, que, depois desta experiência, não enveredaram pela carreira de actrizes... uma é formada em Literatura, outra é microbiologista (aqui; aqui diz-se que são ambas microbiologistas). Apesar das críticas negativas com que
foi acolhido (sendo, todavia, um sucesso de bilheteira), desde que The Shining estreou a imagem das gémeas inexpressivas
tornou-se um ícone de massas, dos quais existem milhares de recriações, de que
aqui se apresentam apenas alguns exemplos. É possível, inclusivamente, adquirir
aqui uma réplica do vestido puro que envergavam no corredor que conduzia ao
Quarto 237. Na novela de King, o Quarto era o 217, mas os proprietários do Overlook
Hotel, em Timberline Lodge, Mount Hood, no Oregon, onde algumas cenas
exteriores foram filmadas, pediram ao realizador que mudasse o número do quarto
fatal para 237, de modo a não afugentar a clientela. Longe disso: o hotel ganhou fama e até existe hoje site com o seu nome, que recolhe ephemera em torno do filme de Kubrick.
The Overlook Hotel
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Room 237
(também aqui) é, justamente, o nome de um documentário recentemente esteado nos Estados
Unidos, da autoria de Rodney Ascher, que aborda as mil e uma teorias, quase
todas mirabolantes, que se construíram em torno do filme de Kubrick. Há quem
dia que 237 era o número do estúdio em que Kubrick filmou a inexistente chegada
à Lua dos astronautas da Apolo 11… Outros asseveram que o filme está pejado de
referências implícitas ao Holocausto, a dramaturga Julie Kearns fala de minotauros…
A história é contada na edição de ontem do El
País, aqui. Sem demérito para o realizador, sem desvalorizar a sua
obsessiva demanda da perfeição, não há dúvida de que as arrepiantes cenas em
que Danny percorre no seu carro de brincar os corredores do hotel devem muito, muitíssimo, a um
artefacto técnico e ao seu criador, Garrett Brown: a Steadicam, já usada anteriormente em travellings no Rocky
(1976) e em O Homem da Maratona (1976),
mas aqui colocada mais perto do chão e das paredes e levada à máxima potência
da sua desenvoltura visual. O ponto é realçado até no livro introdutório à filmografia de Kubrick, da autoria de Paul Duncan, e editado pela Taschen. A propósito de Kubrick, já agora, não perca o excelente suplemento Q. Quociente de Inteligência, saído ontem com o Diário de Notícias.
Enfim, muitas teorias, quase todas disparatadas, mas o certo é que o shining do filme muito deve a um novo tipo de câmera.
Essa é que é essa.
António Araújo
Ah, Shining. Foi no Casino Estoril que vi pela 1ª vez o ursinho-fétiche :-)
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