Maria tem 14
anos e estuda na EB 2/3 Ruy Luís Gomes, no Laranjeiro, em Almada.
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Maria andava
a ser assediada por cinco colegas, todos da sua idade, e fez queixa à direcção
da escola.
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No passado
dia 19, ao final da tarde, Maria saiu da escola, em direcção a casa.
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Quando
caminhava, Maria foi levada à força pelos cinco colegas para uma zona chamada
Mata do Rato, junto à Base Militar do Alfeite.
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Aí, Maria
foi violada em grupo pelos cinco colegas da sua escola.
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Maria fez
exames médico-legais no Hospital Garcia de Orta, que confirmaram a violação.
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O pai de
Maria apresentou queixa na esquadra da Polícia de Segurança Pública do Laranjeiro.
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Maria
identificou os cinco colegas à Polícia de Segurança Pública.
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A informação
foi entregue ao Tribunal de Família e Menores.
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Até há data,
ninguém foi detido ou formalmente identificado, porque os autores do crime são
menores.
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Não foram
tomadas quaisquer medidas cautelares.
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Esta semana
nenhum dos cinco colegas de Maria apareceu na escola.
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Maria já
voltou às aulas, mas agora sempre na companhia de familiares.
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Na escola,
quase todos os alunos sabem o que aconteceu a Maria e conhecem a identidade dos
envolvidos.
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O jornal Correio da Manhã, que publicou esta notícia, tentou falar com pais e professores ligados à escola de Maria, mas
todos recusaram falar por «medo de represálias».
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O mesmo jornal tentou insistentemente
falar com a direcção da escola, mas nenhum elemento esteve disponível, devido a
uma «visita de estudo à Arrábida».
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A Polícia de Segurança Pública reforçou
o patrulhamento na zona.
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Frequentei essa escola, do 7º ao 12º ano. Passei por situações complicadas, mas nunca soube de nenhuma tão repugnante quanto esta. Ainda assim, não me surpreende que «pais e professores» tenham recusado falar a jornalistas, «com medo de represálias». Isto é o Faroeste sem xerifes.
ResponderEliminarViva o Regime! Vivam as amplas liberdades ! Vivam as "minorias" e os seus sacrossantos diritos!
ResponderEliminarE,concomitantemente,abaixo o "autoritarismo "fássista"...
Uma das razões porque situações destas continuam a acontecer tem a ver com o tipo de "intervenções cívicas" que suscitam , como se vê aqui pelos comentários .
ResponderEliminarNinguém mexe uma palha para nada , até para um simples choque aí no trânsito da cidade nunca se consegue testemunhas pois é só ver a malta a pirar-se e a dizer que afinal não viu bem , mas sentados ao computador é só "revolta" .
Como é possível?? Sei que devemos conter-nos, acreditar na justiça, esperar que o processo normal decorra para que esta aconteça mas isto...isto apela ao pior de nós e nasce o desejo de a fazer acontecer pelas nossa próprias mãos, não me lixem!!Medo de represálias?! A Maria é uma corajosa, emociono-me só de pensar nesta criança. Para ela e toda a familia muita força e o desejo de que estes crimes não fiquem impunes!
ResponderEliminarQue vergonha. Sem comentários. Pobre Maria.
ResponderEliminarHannah Arendt falava da banalização do mal. A revolução dos costumes trouxe a banalização do sexo. De tão fácil que se tornou, muitas pessoas já não se satisfazem com o relacionamento normal. Têm de recorrer a alguma forma de aberração para satisfazer sua libido desgastada pela rotina. Isso aconteceu em Portugal. Não sintam-se envergonhados os bons portugueses, que certamente são a grande maioria do povo. O fenômeno está acontecendo em toda parte, independentemente de cultura, religião, idade ou classe social. A ampla difusão universal que têm essas notícias, em vez de causar revolta em certas mentes, parece causar-lhes o desejo de emulação. Mas há, sem dúvida, uma grande permissividade e tolerância generalizadas para com esses delinquentes, coitadinhos. Como dizia Breno, "vae victis".
ResponderEliminarFiz todo o meu percurso escolar até à universidade em Massamá. Quando estava no sétimo ano, passou-se na minha turma um caso muito semelhante ao que aqui é descrito. Parece-me portanto útil detalhar as circunstâncias em que isto se passou comigo, porque tenho a convicção de que a grande maioria das pessoas ignora a violência a que muitos jovens são sujeitos diariamente nas nossas escolas básicas e secundárias.
ResponderEliminarNessa altura era muito comum os rapazes mais agressivos agarrarem indiscriminadamente outros rapazes e raparigas e simularem violações de ordem diversa. Ora o rapaz pegava na cabeça da vítima e a encostava à sua região genital simulando a prática de sexo oral, ora agarrava a vítima por tràs e simulava a penetração anal (sempre matendo as calças vestidas). As motivações destes rapazes eram sobretudo de carácter social. A simulação do acto sexual era uma forma de exibicionismo e de promoção social entre os outros rapazes violentos. Claro que havia também uma componente sádica e de humilhação que era especialmente sentida pela vítima. Isto era uma prática mais ou menos comum em toda a escola. Toda a gente sabia e toda a gente via o que se passava, incluindo professores e auxiliares. Creio até que alguns achavam uma certa graça à “brincadeira”. Eu, que sempre fui um rapaz pacato e fisicamente débil, sofri este tipo de abuso durante todo o meu terceiro ciclo. À época parecia-me absolutamente impossível confessar aos meus pais uma humilhação deste género. De maneira que sofri calado.
O episódio que queria contar passou-se com uma colega minha; dois colegas agarraram-na nas traseiras do pavilhão onde tínhamos aulas. Um deles aproximou-lhe a cabeça da região genital enquanto o outro simulava a penetração anal. Tudo como habitual até que o colega que simulava o sexo oral, achou que uma simulação não lhe servia, pelo que baixou as calças e esfregou o pénis na boca da vítima de 13 anos. Isto não teve qualquer consequência. A rapariga não fez queixa a ninguém esmagada por um imenso sentimento de vergonha e nenhum de nós a ajudou com medo de represálias.
Não sei quantos casos destes existem por aí, mas tenho a impressão de que não são tão poucos como isso.
A prática do que em inglês se chama "bullying" sempre foi generalizada, mas só agora constitui uma preocupação da sociedade. Quase diariamente vemos notícias de pessoas que revelam seus traumas por terem sido vítimas desse abuso e até de jovens que se suicidam de tão traumatizados.
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