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No
Pais de Quatro, já não é a primeira vez que o João Miguel Tavares elogia rasgada e desmesuradamente o
Malomil, o que este não merece, mas agradece. Muito. Em sinal de público
reconhecimento, aqui ficam a imagem e a notícia de um tumblr engraçado, «Reasons My Son is Crying». E, já
agora, um trecho de uma crónica, da grande e enorme Clarice Lispector, em A Descoberta do Mundo, livro que acaba de sair
entre nós. Material do melhor e fresquinho, portanto. Chama-se a crónica «Menino a Bico de
Pena», e começa assim:
Como conhecer jamais o menino? Para
conhecê-lo tenho que esperar que ele se deteriore, e só então estará ao meu
alcance. Lá está ele, um ponto no infinito. Ninguém conhecerá o hoje dele. Nem
ele próprio. Quanto a mim, olho, e é inútil: não consigo entender coisa apenas atual
totalmente atual. O que conheço dele é a sua situação: o menino é aquele em
quem acabam de nascer os primeiros dentes e é o mesmo que será médico ou carpinteiro.
Enquanto isso – lá está ele sentado no chão, de um real que tenho de chamar
vegetativo para poder entender. Trinta mil desses meninos sentados no chão,
teriam eles a chance de construir um mundo outro, um que levasse em conta a
memória da atualidade absoluta a que um dia já pertencemos?
Obrigado,
João.
Obrigado
ao Pais de Quatro.
António
Araújo
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