Ainda me lembro de Georges Duby falar,
no seu livro O Ano Mil, de uma baleia
que aportou às costas de França, creio, e que logo semeou o pavor entre os
milenaristas da altura, que nela viram prenúncios do final do mundo.
Na semana passada, uma baleia-corcunda
foi dar ao Tamisa, e Philip Hoare, o autor de um maravilhoso livro sobre baleias que maravilhosamente até está editado cá, Philip Hoare, dizia, viu
nessa chegada um sinal de esperança, um ténue sinal de esperança entre
prenúncios de final do mundo.
É que as baleias, explica um artigo do Público, podem salvar a Humanidade. É o que diz um estudo publicado numa
revista do Fundo Monetário Internacional, a Finance & Development. Chama-se
“Nature’s Solution to Climate Change” e pode ser lido aqui.
A promessa é grande: se as baleias
voltassem aos números anteriores aos da baleação industrial, o planeta ganharia
capacidade de fixação de CO2 equivalente à de quatro florestas como a Amazónia.
Quatro Amazónias!
A tarefa, no entanto, é hercúlea,
passar das 1,3 milhões de baleias para 3 milhões de baleias.
E, ao olhar para o estudo, que me
pareceu algo «ligeiro» e elaborado por economistas generalistas e não por
cientistas puros e duros, com base numa bibliografia escassa e, também ela,
muito generalista, fiquei com dúvidas. Dúvidas sobre se não será uma proposta
salvífica e miraculosa, anunciada aos quatro ventos mas sem grandes bases.
Mas valeu o assombro de ficar a saber
que o infinitamente pequeno, o minúsculo fitoplâncton, é tão poderoso no
sequestro do carbono. E que bastaria um aumento de 1% do fitoplâncton para
capturar centenas de milhões de toneladas a mais de CO2 por ano, o equivalente
ao aparecimento repentino de dois mil milhões de árvores adultas.
Se isso é verdade, é… maravilhoso.
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