Para ler o jornal, tive de me «registar»
no Nónio. E o Nónio perguntou-me que carro eu tinha, se morava num T1 ou num
palacete romântico, coisas enfim da minha privacidade. Mas também da publicidade comercial
deles, que assim me tiram a pinta e o perfil, para os venderem aos tontos que se
interessem por quanto eu gasto e gosto. Está mal, algoritmo. Num tempo em que se fala
tanto de protecção de dados, em que a imprensa está prenhe de atentados à privacidade, os nossos jornais de referência – Público, Diário de Notícias, Expresso e
outros – dão um péssimo sinal de civismo e respeito por quem os procura. Pior, desdizem-se quanto a tudo o que proclamam, sobre reserva das pessoas e até segredo das suas «fontes». Senhores directores, importam-se de me dizer para onde vão os dados do meu registo, quem os vê e os utiliza? Porque quiseram saber se tenho viatura própria ou até onde fui nos meus estudos? Dantes,
para ler um jornal comprava-se em banca ou ao ardina da esquina. Agora, não. Se
quero ler o Público tenho dizer quem sou e como sou, que carro tenho e se moro
bem, mal, assim-assim, remediado. Chama a isto «progresso». Eu chamo um comportamento
inqualificável dos nossos órgãos da comunicação social. E ainda falam de «crise da
imprensa»? Que tal mudar de atitude e de postura, respeitar quem vos deseja ler?
Humm.
Uma vergonha.
ResponderEliminarE sim, só abre mais a "cova" dos jornais, infelizmente...