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sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Ele há coincidências - 34
De Versalhes à Bastilha.
A desigualdade está a avançar a nível global. Mas a América é dos países onde o fenómeno assume maiores proporções. 1 por cento dos americanos mais abastados concentram mais valor do que os 90 por cento da base, segundo um estudo do Economic Policy Institute, de Washington. Antes da crise de 2007/2009, a concentração de riqueza nos dez por cento dos americanos mais ricos atingiu os 49,7%, a mais alta concentração desde 1917. O problema não está na existência ricos, mas no aumento do fosso ricos/pobres e na falência da classe média. Entre 2007 e 2010, a riqueza média das famílias norte-americanas caiu 40 por cento. 43,6 milhões de norte-americanos, de uma população total de 311 milhões, está dependente, para sobreviver, dos «cupões de comida» do Programa de Assistência Nacional Alimentar. Enquanto isso, uns alimentam fantasias de construir réplicas de Versalhes, como mostra este excepcional documentário. A este ritmo, para onde vamos? Possivelmente, a caminho de novas bastilhas.
António Araújo
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Irmãos génios.
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Otto Glória e Vinicius de Moraes. Lisboa, Novembro de 1968
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EUSÉBIO (entre um adeus e um «whisky»). DIÁLOGO COM VINÍCIUS
Por Neves de Sousa
- Este cara você não precisa de apresentar. Senta aqui, Eusébio, senta.
Eusébio ficou de pé. Olhando e sorrindo. Estendeu a mão sem jeito de menino sem jeito.
- Pois, não posso… Tenho de ir. Mas eu conheço o senhor. Eu vi o seu «show» na Argentina.
Eusébio, menino sem-jeito, lá da beira-praia estendido à porta do muceque. Menino que deu volta ao Mundo: e deixou o pé descalço justamente para calçar as botas.
- Quando o Benfica lá esteve, o senhor recorda?
Maniqualmente, o poeta diz que sim.
- Foi em Agosto, O Pelé estava comigo, o sr. Vinícius lembra-se?
Ficaram-se, por instantes. Vinicius dizendo que, Eusébio pensando que. «É, dessa vez o “show” não estava muito bom, não». Eusébio morno, pondo água na fervura, saindo do beco: «E os outros, os outros não vieram?»
- Baden veio.
- E as moças? - quer saber o negrão – E as moças?
- Ficaram a gravar nos Estados Unidos. Mais tarde…
O copo sobe e desce, na mão fremente do poeta único. Eusébio quer dizer adeus. Cristina de Moraes, a mulher de Vinícius, pega o fio da meada:
- Eusébio, você sabe? Eu sou «vidrada» por você…
Cristina é fã do futebol. Conhece, salteado e de cor, os nomes e os feitos dos craques de continente e meio. Para ela, o ídolo é Rivelino.
Eusébio condescende:
- Foi o melhor. No jogo da F.I.F.A. ele foi o melhor.
- E o Gerson? Já imaginou que está jogando o Corintians? Miséria, Eusébio, miséria….
Vinícius espera que lhe encham o copo.
- Aqui, em Lisboa, o espectáculo vai ser no dia 12.
Eusébio promete:
- Eu não vou faltar!
Foi então que Otto o chamou. E Vinícius ficou entregue a Costa Pereira, e este bombardeado por dois fogos: Cristina, que logo ali se lembrou do «arqueiro» que saía do «arco» e defendia com a cabeça; Vinícius que dava parabéns. Vinícius que batia a tecla daquele contentamento-bebé que está na raiz de algo que se chama génio…
Pois é.
Diário de Lisboa, 25 de Novembro de 1968
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Vinicius de Moraes
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Boys 'R' Us.
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Já em 2009, a Toys ‘R’ Us tinha colocado microscópios e telescópios cuja versão rosa (para meninas…) era menos potente. Agora, no catálogo da Irlanda (não sei o que se passa por cá…), os portáteis rosa são mais baratos, mas também menos potentes. Na versão para rapazes, têm 50 funções. Para as meninas, metade: apenas 25 funções. A história é daqui e conheci-a através do Pedro (obrigado, Pedro!). É inacreditável como estas coisas acontecem no século XXI, não acham? É assim que se forma a mentalidade das crianças de hoje, adultos do futuro?
António Araújo
Fernando Krugman.
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Na
Biblioteca-Museu República e Resistência tem lugar um importante Ciclo de
Conferências intitulado «Economia para Não-Economistas». O Ciclo é organizado e
coordenado por Fernando Cruz, com colaboração de Guilherme Rodrigues. No passado
dia 17 de Outubro, tivemos «Um Manifesto para uma Economia com Sentido»,
palestra de Fernando Cruz. A 31 do mesmo mês, «A Ciência Económica»,
conferência de Fernando Cruz. Hoje, dia 28 de Novembro, não estará presente
Fernando Cruz, cabendo ao colaborador Guilherme Rodrigues a «Explicação dos Ciclos Económicos
com referência às Bolhas Especulativas». Fernando Cruz regressa no dia 12 de
Dezembro, com «A Globalização». A 9 de Janeiro, teremos Fernando Cruz em «A
Banca e a Evolução do seu Negócio». Este Ciclo de Conferências terminará com
uma dissertação sobre «Políticas Económicas». Palestra a cargo de Fernando
Cruz. Todas as sessões às 18horas.
O Rei dos Estranguladores.
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Os seus labios encontraram-se, e reuniram-se em uma pressão ardente e irresistivel. (P. 254)
afigurava-se-lhe que aquella mulher, de olhar ardente e de altivo porte,
devia comprehender a sua alma. (P. 258)
Ás trevas succede sempre quasi immediatamente uma claridade radiante ! (P. 358)
Gazzi, pulando como uma panthera enfurecida, lançou-lhe ao pescoço uma das mãos. (P. 606)
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terça-feira, 27 de novembro de 2012
PPP - Publicidade Pimba e Parva.
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Já aqui se falou no Malomil da PPP – Publicidade Pimba e Parva.
Agora, em França, Annie Pastor acaba de publicar um livro com o título Les pubs que vous ne verrez jamais. 100 ans
de publicites sexistes, racistes, ou tout simplement stupides… Nunca se percebe se a
publicidade reproduz tendências e estereótipos ou se os antecipa e cria. O
certo é que os amplica. Publicita-os,
literalmente. Aqui temos de tudo: racismo (e que importante seria fazer uma
antologia do racismo explícito e implícito nos anúncios portugueses...), sexismo, idiotia
ou o puro mau gosto. Por exemplo, o anúncio da Volkswagen em que se alude ao
desastre automobolístico de Ted Kennedy, que acabou com as suas hipóteses de se candidatar à
Presidência dos Estados Unidos; mas que também custou uma vida, facto que não
impediu os publicitários de brincarem estupidamente com tal tragédia. Há
atenuantes, em certos casos: criticar a publicidade ao tabaco padece de algum
anacronismo, já que na altura tudo isso era normal e usual. Sem ser uma obra
profunda, mas, do mesmo passo, sem ceder ao moralismo ou à tirania do politicamente correcto, apresentando-se
muito mais como um mero divertissement visual,
este é um livro que se aconselha. Todavia, há um ponto de discordância: les pubs que vous ne verrez jamais?!
Duvida-se: o sexismo e o machismo na publicidade não diminuíram. Têm agora uma
linguagem aparentemente mais sofisticada, mas a mensagem continua a mesma de
sempre: boçal e alarve. De igual modo, o uso e abuso de crianças na publicidade também merecia uma análise. Enfim, temáticas várias que deveriam ser discutidas, mas não são.
Infelizmente.
António Araújo
À atenção de Mia Couto (e do Ministério Público).
Código Penal
Artigo 298.º - Apologia pública de um crime
Artigo 298.º - Apologia pública de um crime
1 - Quem, em reunião pública, através de
meio de comunicação social, por divulgação de escrito ou outro meio de
reprodução técnica, recompensar ou louvar outra pessoa por ter praticado um
crime, de forma adequada a criar perigo da prática de outro crime da mesma
espécie, é punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 60
dias, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.
2 - É correspondentemente aplicável o
disposto no n.º 2 do artigo 295.º
«Nada neste livro é original».
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Justiça: Chegou a
integrar conselho de jurisdição do PS
Advogado plagia livro
de Direito
O ex-subdirector do Instituto Superior de
Ciências da Administração (grupo Lusófona), Jorge Gregório, tem publicado um
livro – ‘Introdução ao Estudo do Direito – teoria e prática’, da editora Quid
Juris – com partes copiadas de uma obra de Manuel Cavaleiro de Ferreira, sem
nunca a referir.
"Se aconteceu, foi por lapso",
justifica o advogado Jorge Gregório, que chegou a integrar o conselho de
jurisdição do PS durante a liderança de Sócrates. "Nada neste livro é
original", admite. Confrontado com a ausência da referência à obra ‘Noções
Gerais de Direito’, de Manuel Cavaleiro de Ferreira – professor falecido em
1992 – responde: "Se aconteceu, só pode ter sido lapso ou, provavelmente,
as passagens estavam noutro livro que consta da bibliografia". A editora
não comenta.
Suspeitas de plágio na tese de
doutoramento levaram a Lusófona a retirar o grau de doutor a Jorge Gregório. A
dissertação tinha sido entregue ao director de curso de Ciência Política,
Fernando Santos Silva – responsável também pelas equivalências na licenciatura
de Miguel Relvas –, tese que seria a mesma anteriormente recusada pela
Universidade Portucalense. Jorge Gregório demitiu-se da docência no ISCAD no
início deste mês.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Felizmente há o mar.
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Como
já não tinha pão, Marcelino bebeu vinho. Apeou-se quase embriagado na
estrada que curva no Guincho. Ventava muita areia, como sempre. Quando
respondera ao anúncio, nunca imaginara que era para entrar de personagem em textos
idiotas e pretensiosos, literatices da treta efémera, largadas na internética. Estar num call-center, numa pastelaria, ainda
vá… agora isto?!! De súbito, viu o mar. Ondas grandes, maiores que o déficit.
Abriu-se-lhe a boca num espanto, um espanto mudo, pois julgou avistar no horizonte o subsídio
de Natal de regresso à costa. Puro engano. Encontrava-se nesta parvoeira quando
uma onda rebentou mesmo ali à sua beira, deixando-o todo encharcado: foi camisa,
foi gravata, foi casaco, aquilo foi mar adentro até aos bolsos das calças, por sinal
vazios. Estes putos loiros com as
pranchas de vela, fatinhos especiais… Lembrou-se então dos colegas que
conhecera em Letras (vertente Germânicas). É
que, se são precários hoje, vão ser precários toda a vida. Mesmo que isto
melhore um pouco, lá para 2016 ou 2017, mesmo que deixem de ser precários, vão continuar
a sê-lo até ao fim da vida… Este tempo perdido já ninguém o devolve. E, depois,
nem sequer me fizeram os descontos… Em chegando a velhos… Logo agora que se chega a velho cada vez mais tarde; estão mesmo
tramados, estes… Marcelino, que fizera sempre os descontos, sentia-se
perdido no meio de tantas palavras nos seus pensamentos de fantasia lúcida. Devia era ter escrito uma coisa confessional, a puxar ao sentimento, um
textinho de gaja, a coisa fazia-se bem, com estas fotografias tão lindas… Sendo
assim, calou-se. E lá ficou o texto sem texto. Só restou o dia, que caía, e as
fotografias, lindas, que são do
João
Cortes
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