quinta-feira, 30 de junho de 2022

São Cristóvão pela Europa (183)

 



No departamento de Loir-et-Cher, cuja capital é Blois, são frequentes as imagens do nosso Santo.

Em Suèvres, uma igreja dedicada a São Cristóvão possui uma escultura em pedra do Século XVI e um baixo-relevo em madeira:




A igreja de São Pedro de Lancôme (sem ligação com o famoso perfumista) contem diversos frescos, datados entre o Século XV e o XVI e destapados em 1989, entre os quais um notável São Cristóvão.

A imagem tem 6 metros de altura e destaca-se de um fundo branco. Apresenta-se na atitude clássica de um caminhante, apoiado numa árvore aparada. Está vestido de uma túnica curta amarela e traz uma sacola castanha avermelhada a tiracolo voando na direcção Leste por cima de uma igreja. A cabeça com longos cabelos está virada pra o Menino Jesus que se ergue sobre os seus ombros, traz uma túnica da mesma cor da sacola e segura o globo na sua mão esquerda.

 


 

Em Vendôme, na Igreja da Antiga Abadia da Trindade, um vitral do Século XIV representando São Miguel, São Tiago e São Cristóvão.

 



Esta igreja é um dos grandes monumentos da Idade Média francesa.  Nela avulta o importante vitral da Virgem de Vendôme datado do Século XII:

 


Há ainda uma história que liga esta igreja de Vendôme a Portugal. Será fantasiosa, mas é muito curiosa.

Em 990, a cidade do Porto estava ocupada pelos Mouros. Uma armada de cavaleiros gascões veio apoiar os portucalenses na Reconquista. Entre os franceses, encontrava-se D. Ónego, Bispo de Vendôme, que trouxe consigo uma imagem da Virgem que terá muito contribuído para a vitória.

Na sequência da refrega foram construídas as muralhas da cidade. Numa das suas saídas existia a Porta da Vendoma onde foi colocada a imagem que passou a ser chamada de Nossa Senhora da Vandoma e que hoje está na Sé do Porto.

 



Será esta a imagem que figura ainda nas armas da cidade do Porto:

 


Fotografias de 9 de Maio de 2022

 

José Liberato







Entre Oriente e Ocidente (1).

 


 

Em Maio de 2022 voltei a integrar um grupo organizado pelo jornal francês Le Monde que regularmente organiza viagens destinadas a conhecer e debater uma parte do Mundo.

O amigo António Araújo acedeu a publicar algumas impressões da viagem deste ano no Malomil.

Já aqui tinha publicado Hotel Rwanda (sobre o Ruanda) e A porta do Oriente (sobre o Líbano)

Desta vez, após o interregno a que a pandemia nos obrigou, o foco incidiu sobre os chamados Balcãs Ocidentais e em concreto na Bósnia-Herzegovina, na Croácia, no Montenegro, na Albânia e na Macedónia do Norte.

A denominação geográfica Balcãs deriva do turco montanha e é, portanto, um produto da presença otomana na Região durante quatro séculos.

Na política internacional, os Balcãs não têm grande nome.

O termo balcanização, tendencialmente pejorativo, surgiu da fragmentação política e étnica que se seguiu à desintegração dos impérios otomano e austro-húngaro na sequência da I Guerra Mundial.

Estabeleceu-se aliás implicitamente um contraste com a evolução da Itália e da Alemanha que, com as suas reunificações, conseguiram realizar um movimento no sentido oposto

Mas o puzzle de pequenos estados, sempre aguerridos e violentos, muito sujeitos a partir do Século XIX às contradições e zonas de influência das grandes potências, levou a que muitos considerassem os Balcãs como o paiol da Europa.

O Chanceler Otto Von Bismarck (1815-1898) disse a propósito que a pacificação dos turbulentos Balcãs não era merecedora dos ossos saudáveis de um único granadeiro da Pomerânia…

Tudo são complexidades nesta região desde as intricadas questões interétnicas às arcaicas reivindicações de fronteiras. Porque muitos dos pequenos estados querem ser grandes: os nacionalistas falam da Grande Sérvia, da Grande Bulgária, da Grande Grécia, da Grande Albânia e da Grande Roménia. Conceitos completamente incompatíveis entre si.

Episódio marcante na história do Século XX é o assassinato em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, junto à Ponte Latina, do Príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro Arquiduque Francisco Fernando (1863-1914) e de sua mulher Sofia, Duquesa de Hohenberg (1862-1914).

O local do atentado, rodeado de aspectos caricatos, onde a falta de segurança avulta, constitui um ponto importante da cidade.

A atitude perante o que aconteceu permanece equívoca. Há quem diga que o móbil do assassinato era apenas a unificação da Jugoslávia fora da alçada do Império Austro-Húngaro. Mas foi um dos factores que desencadeou a I Guerra Mundial. Alguns extremistas chegaram mesmo a chamar Gavrilo Princip à Ponte Latina.

Gavrilo Princip (1894-1918), o assassino, era um bósnio de família sérvia. Foi poupado em julgamento à pena de morte. A tuberculose fez, contudo, a sua justiça e ele morreu em 1918 com 23 anos.



A Ponte Latina



Réplica do automóvel em que seguia o Arquiduque.

 

Fotografias de 12 de Maio de 2022

José Liberato




segunda-feira, 27 de junho de 2022

Viagem ao fim da noite com as mulheres da limpeza.


 



 

O texto da badana é mesmo aliciante, como a leitura desta reportagem irá com comprovar: “Viajam quando a cidade dorme. Entram cedo e saem tarde. Estão em todo o lado, porque é raro o edifício, público ou privado, que as dispense. São discriminadas, porque são, muitas delas, imigrantes. O que fazem não produz nada de material, de palpável, de preferência nem um grão de pó. Aqueles para quem o fazem mal sabem ou reconhecem que elas existem.” E assim entramos no contacto com as mulheres da limpeza, há mesmo um homem, são as tais pessoas socialmente invisíveis: As Invisíveis, Histórias sobre o trabalho de limpeza, por Rita Pereira Carvalho, Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2022. A reportagem é sobre mulheres que limpam, sobre as dificuldades que passam para gerir um magro orçamento, aspirando a uma vida familiar com sonhos para os filhos, sobretudo que eles não se levantem de madrugada, digerindo preconceitos, utentes crónicas de transportes públicos. “Não se encontrará, provavelmente, um motorista da Carris ou da Vimeca, em Lisboa, que nunca tenha levado uma empregada de limpeza ao seu trabalho ou tenha feito com ela o caminho de regresso a casa.” A maioria vem dos subúrbios da cidade de Lisboa, os dormitórios: Odivelas, Pontinha, Amadora, Buraca ou Margem Sul. Observa a autora que os esforço de quem limpa aquilo que os outros sujam vale o ordenado mínimo, ou pouco mais do que isso. Isto em Lisboa, mas disseminam-se por todo o país. No fundamental é trabalho feminino, é trabalho que tem diferentes categorias, o destaque vai para quem faz as limpezas de casa ou toma conta dos filhos dos patrões, segue-se esse farto contingente das empregadas da limpeza industrial, estas computam-se em cerca de 40 mil, não superfície que lhes escape: centros comerciais, escritórios, hospitais, bancos, lojas, aeroportos. Esta chamada invisibilidade não impede o assédio moral e a violência verbal.

Elissangela é a primeira a entrar em cena, acorda pouco depois das 4 horas e deita-se aí pelas 22h30 - 23 horas. Apanha o comboio desde o Cacém até Sete Rios e depois o autocarro até ao Marquês do Pombal. Veio de Cabo Verde com 12 anos, nunca teve medo de trabalhar nem de acordar quando os outros dormem. Sente que existe algum desdém de outros, “Acham que quem faz limpeza não vale nada e não dão valor nenhum”. Uma jovem aluna de mestrado em Estudos sobre as Mulheres, Sanie dos Santos Reis decidiu analisar a invisibilidade da mulher negra em Portugal. “E fez um exercício que permitiu transformar a observação em números. Entre janeiro e março de 2019, fez 64 viagens no autocarro 793, entre Marvila e a estação de Roma-Areeiro. Em 3 meses, viu 2369 mulheres naquele autocarro às 5h30 da manhã. Desse total, 2132 eram negras ou de nacionalidade estrangeira”. A mesma conclusão tirou das viagens que fez no comboio que liga Sintra a Lisboa. A autora desvela histórias bizarras, uma delas passada com Carol, uma brasileira que dormia no espaço quase camuflado de uma igreja evangélica, na Amadora, depois apareceu o SEF a fazer buscas nas instalações, os pastores da igreja foram constituídos arguidos. “Carol é uma das 86 158 mulheres que em 2019 trocaram o Brasil por Portugal. Dos cerca de 40 mil trabalhadores nas empresas industriais, mais de metade não são portugueses. A mão de obra estrangeira começa a aparecer quando os salários baixam para o mínimo possível”.

Fala-se das mães mulheres da limpeza e dos seus filhos, muitos deles acordam de madrugada, acompanham as mães ou vão para as amas. Mas também não se esconde a existência da solidão. “O trabalho de limpeza é já de si um trabalho solitário, mas torna-se ainda mais isolado quando, depois da hora de saída, não há ninguém para ir buscar à escola, ou não está sequer ninguém em casa para conversar, ou reclamar”. É o caso de Isaura, a quem só falta encontrar coragem para desistir deste trabalho e voltar à terra onde nasceu, Vieira do Minho. Isaura tem um horário bastante diferente das outras, pois sai de casa às 6h30 da tarde e chega às 10h e tal da manhã, começa nos escritórios da Carris, na Pontinha, e depois na Avenida da República. A idade também conta, mas nas limpezas são mulheres dos 18 aos 80. “Durante uma das madrugadas de reportagem, sentaram-se, em momentos diferentes, exatamente no mesmo banco de uma paragem de autocarro na Pontinha, duas mulheres. Nada de novo a não ser os 58 que as separavam. Às 5h30 da manhã, Madalena Soeiro esperava o 724 para rumar a Alcântara. Faltava meia hora para entrar ao serviço nos escritórios da Administração do Porto de Lisboa. A seu lado está Ana Isabel, tem 25 anos, é são-tomense, tem uma enorme vontade de estudar, e faz prodígios para trabalhar e concluir um mestrado em Gestão e Empreendedorismo.

Rita Pereira Carvalho lembra-nos que nem a pandemia deixou as trabalhadoras da limpeza em casa, foram indispensáveis nos hospitais, mas ao que consta foram poucos os que lhes bateram palmas, isto num período em que foram absorvendo-se os cuidados para travar a expansão do vírus, desde os sacos do lixo aos detergentes. Prossegue o desfile destas trabalhadoras, lembra-se o drama das empregadas de limpeza sem contrato, as lutas sindicais (que também passaram por proteger a dignidade destas trabalhadoras nos hospitais), a reportagem não esquece quem trabalha no interior e em pequenas povoações. E assim chegamos a Ismário que trabalha em duas empresas, uma no Marquês de Pombal e outra na Avenida 24 de Julho, limpa vidros, gosta do trabalho que faz, já não é criança e sente-se bem quando regressa ao aconchego familiar. Comenta para a autora: “Nas limpezas há sempre alguém que suja de dia e alguém que tem de limpar à noite”. Uma aliciante história de quem viaja ao fim da noite, passa por invisível nas limpezas industriais e se habituou a limpar o que os outros sujam sem se preocupar muito com agradecimentos. Um belo trabalho, em nome da dignidade destes invisíveis.


                                                                                                    Mário Beja Santos




São Cristóvão pela Europa (182).

 


 

A Catedral de Orléans, dedicada à Santa Cruz, é a sede de uma diocese documentada a partir de meados do Século IV.

A Catedral sofreu muitas destruições ao longo da História. A construção do actual edifício, à imagem do anterior em estilo gótico, iniciou-se com a deposição da primeira pedra em 1601 por Henrique IV (o tal que afirmou que Paris valia bem uma missa) e sua mulher a Rainha Maria de Médicis.

A cidade e a Catedral vivem ainda hoje sob o signo de Joana d’Arc que aqui assistiu à missa em 2 de Maio de 1429 durante o cerco de Orléans cujo levantamento foi um episódio muito importante da Guerra dos Cem Anos.

 


No seu interior uma estátua de São Cristóvão:



Ainda na região de Centre-Val de Loire, Châteauroux é a capital do Departamento de Indre.

Na saída Norte da cidade ergue-se uma igreja de São Cristóvão que é a versão do Século XIX de várias outras que se sucederam no mesmo local.

Exibe uma estátua do Santo na fachada. No interior uma colecção notável de vitrais e uma estátua:

 











Finalmente, no mesmo departamento existe a Igreja de Notre Dame de Lye, construída entre os Séculos XII e XV. Nas suas paredes interiores um belo fresco representando São Cristóvão:





Fotografias de 8, 9 e 27 de Maio de 2022

 

José Liberato




sábado, 25 de junho de 2022

Lembrar depois da queda do Muro de Berlim a espionagem nos tempos da Guerra Fria.

 



 

O Peregrino Secreto, de John le Carré, 1990, Publicações Dom Quixote, é a primeira obra de John le Carré já num cenário de previsão de que o Império Soviético tinha os seus dias contados, a Guerra Fria passava a categoria de dossiê de estudo. Ao longo de 30 anos, aquele que foi seguramente o mais talentoso escritor de literatura de espionagem, verdadeiro compendiador da comédia humana deste ofício, arquitetou um romance em que lança um olhar retrospetivo e prospetivo sobre a realidade. Uma lenda da profissão, George Smiley, é convidado para uma preleção destinada à nova geração de futuros espiões. O que se vai seguir é uma fascinante cadeia de recordações, quem as enuncia é Ned, um espião que trabalhou ativamente nos serviços secretos britânicos e perto de Smiley, o mais velho e astuto dos combatentes da Guerra Fria.

O tempo fictício desta obra-prima é a alocução de Smiley aos recrutas a espiões, a primeira história é muito pouco lisonjeira para os sórdidos negócios britânicos de armamento: “Saiba o leitor que os vendedores de armamento autorizados na Grã-Bretanha se consideram uma espécie de elite sem polimento e que gozam de privilégios absolutamente desproporcionados junto da polícia, da burocracia e dos serviços de informações. Por razões que nunca percebi, o seu sinistro negócio coloca-os numa relação de confiança com estas entidades”. E mais adiante relata-se a chegada de um multimilionário árabe que vem fazer compras vultosas, era preciso protegê-lo, mantê-lo vivo até assinar o cheque, a tarefa dos serviços de espionagem fazia parte de zelar por um país árabe dito amigo, captar as boas graças de príncipes, sultões, sheiks, lisonjeá-los à boa maneira inglesa, sacar concessões favoráveis para obter petróleo e vender suficiente armamento britânico “para manter as satânicas fábricas de Birmingham a funcionar dia e noite”.

Paira o espectro do maior traidor da corporação, Bill Haydon, a toupeira soviética dentro da organização britânica, um senhor responsável por muitas mortes e destruição de redes de espionagem no então universo soviético. As histórias sucedem-se, logo a de Bem, amigo de peito de Ned, inadvertidamente foi lançado na Berlim Oriental e graças ao traidor Bill Haydon foi o braço longo que levou à destruição da espionagem britânica; o ambíguo capitão-de-mar Brandt, que prometia mundos e fundos, que montou uma rede no Báltico, que também acabou destruída, Brandt fazia-se acompanhar de uma menina vinda de uma república báltica, pensou-se que a menina não passava de um agente duplo, no fim da Guerra Fria Ned viu de raspão Brandt nos renovados serviços secretos russos, na antiga sede do KGB, de onde se comprova que mesmo num par amoroso o verdadeiro vilão se disfarça de cordeiro inocente e lança para a fogueira a sua amada. Este belíssimo romance de recordações e premonições fala-nos dos locais míticos da espionagem, como Hamburgo ou Munique, retaguardas logísticas para onde eram atraídos, com pretextos plausíveis, os espiões ao serviço da Grã-Bretanha, e até dos EUA, a relação dos dois países era de franca cooperação e de otimização de recursos, e descobre-se que um velho professor universitário húngaro era um perfeito aldrabão que enganava britânicos e norte-americanos, fornecia-lhes lixo como se estivesse a vender ouro.

Voltemos ao discurso de Smiley, uma das recrutas pergunta-lhe o que é hoje ser espião, que profissão temos para o futuro, já que acabou a Guerra Fria, George Smiley tem resposta: “A maior parte do nosso trabalho ou é inútil ou duplicado por fontes abertas. O problema é que os espiões não existem para esclarecer o público, mas sim os governos. E os governos, como qualquer outra pessoa, confiam naquilo porque pagam e desconfiam daquilo porque não pagam. A espionagem é eterna. Mesmo que os governos pudessem passar sem ela, nunca passariam. Adoram-na. Se alguma vez chegar um dia em que já não haja inimigos no mundo, os governos hão de inventá-los para nós, de modo que não se preocupem. Toda a história nos ensina que os aliados de hoje são os rivais de amanhã.”

E chegamos ao final da prédica, Smiley considera que está na altura de correrem o pano sobre o homem da Guerra Fria de ontem, e faz o seu discurso ontológico: “Nunca dei um chavo pelas ideologias, nunca considerei as instituições dignas dos seus papéis, ou as políticas como muito mais que desculpas para a ausência de sentimentos. É com o homem, e não com as massas, que a nossa profissão tem que ver. Foi o homem que acabou com a Guerra Fria, caso não tenham reparado. Não foi o armamento, nem a tecnologia, nem os exércitos ou as campanhas. Foi apenas o homem. Nem sequer o homem ocidental, por acaso, mas o nosso inimigo jurado de Leste, que saiu para a rua, deu o corpo às balas e aos cassetetes e disse: estamos fartos. Foi o rei deles, e não o nosso, que teve a coragem de subir à tribuna e declarar que ia nu”. E tece considerações sobre os russos, se se pode ou não confiar a partir de agora nos russos, responde com um sim e um não: “Nunca poderemos confiar no Urso. Desde logo, o Urso não confia em si próprio. O Urso está ameaçado, está amedrontado e em desintegração. O Urso está dececionado com o seu passado, repugnado com o seu presente e transido de medo do seu futuro. Posto que este Serviço é o guardião contratado da nossa desconfiança nacional, estaríamos a descurar o nosso dever se afrouxássemos por um segundo a nossa vigilância sobre o Urso ou qualquer uma das suas rebeldes crias. A outra resposta é sim, podemos confiar absolutamente no Urso. O Urso implora ser um dos nossos, ter a sua própria conta bancária connosco, comprar na nossa baixa e ser aceite como um membro digno tanto da nossa floresta como da sua. O problema é que nós, ocidentais, não temos a propensão natural para confiar no Urso, seja ele o Urso branco ou o Urso vermelho. O Urso pode estar perdido sem nós, mas há muitos de nós que acreditam que é exatamente o que merece. Tal como havia pessoas em 1945 que defendiam que a Alemanha devia permanecer um deserto de cascalho até ao fim da história da humanidade. O Urso do futuro será o que dele fizermos”. E faz um vaticínio, lança uma advertência sobre o futuro depois da Guerra Fria: “Também não são só as nossas mentalidades que vamos ter de reconstruir. É o superpoderoso Estado moderno que criámos para nós como um bastião contra qualquer coisa que já não existe. Abrimos mão de demasiadas liberdades para sermos livres. Agora temos que as recuperar”. Acabou a lição, e do princípio voltamos ao fim dos negócios sórdidos feitos por multimilionários britânicos, é a última incumbência de Ned antes da reforma, de novo o armamento vendido a quem fomenta as guerras, o bandalho não tem papas na língua: “Se uma horda de pretos, se esses pretos amanhã se matarem uns aos outros com os meus brinquedos e eu fizer massa com isso, cá por mim tudo bem. Porque se não for eu a vender-lhe as mercadorias, há de haver outro fulano a fazê-lo”.

De leitura obrigatória, agora que o Urso mostra em pleno as suas garras.

 

Mário Beja Santos





sexta-feira, 24 de junho de 2022

São Cristóvão pela Europa (181).

 

 

No departamento de Seine-Saint Denis, arredores de Paris,  situa-se Aubervilliers.

A principal igreja é a de Nossa Senhora das Virtudes com fachada de estilo jesuíta do Século XVII e torre do Século XVI. No seu interior, uma estátua de São Cristóvão:

 

  


No mesmo departamento, a Igreja de São Cristóvão em Coubron tem um vitral do seu Santo.




 

No nosso blog, o elenco de imagens de São Cristóvão em Paris já está bem guarnecido mas encontrei mais duas:

No número 16 do Boulevard de Reuilly, sem explicação aparente, uma imagem:




Na Catedral Americana da Santíssima Trindade, de obediência anglicana, um vitral:



 

Fotografias de 8, 9 e 10 de Maio de 2022

 

José Liberato






sábado, 18 de junho de 2022

São Cristóvão pela Europa (180).

 


 

A Île-de-France é a região francesa que abrange a cidade de Paris. Divide-se em vários departamentos.

Um deles é o departamento de Val-d’Oise. Em Vétheuil, avulta a Igreja de Notre Dame com a sua fachada Renascença. No interior uma imagem do nosso Santo:

 



Em Cergy, principal cidade do departamento, já tinha estado em 2017 e fotografado o belo pórtico da entrada da Igreja de São Cristóvão, mas defrontado a praga das igrejas fechadas. Ver em http://malomil.blogspot.com/2017/12/sao-cristovao-pela-europa-44.html.

Mas a persistência levou a uma visita completa neste ano de 2022.

Em primeiro lugar revisitando o pórtico Renascença à entrada.

 

 


A igreja dispõe de um vitral:




A imagem policromada do Santo, da primeira metade do Século XVIII, foi roubada em 1973 e só recuperada em 2017 quando reconhecida num leilão em Frankfurt. Foi recolocada no seu lugar em 2020:

 



Um óleo de um pintor local tem a curiosidade de nele estar representada a cidade de Cergy tal como era na época da pintura, o Século XIX. O rio é o Oise:




Em Montmorency, na Colegiada de São Martinho, um vitral do Século XVI muito restaurado- À esquerda São Francisco de Assis e o Bispo de Auxerre, o doador. Ao centro São Cristóvão e à direita Santo Estêvão.

 


 

Finalmente no departamento de Val-de-Marne em Créteil, sua principal cidade, existe a igreja de São Cristóvão.

Igreja muito antiga era local de peregrinação. Aqui vieram o rei São Luís IX e Ana de Áustria, mãe de Luís XIV, Infanta de Portugal por ser filha do Rei Filipe II de Portugal.

Aqui tinha estado em 2011. Ver  http://malomil.blogspot.com/2017/10/sao-cristovao-pela-europa-17.html

Além do óleo já publicado, a igreja exibe uma estátua do Santo datada de 1932 e da autoria do escultor francês Pierre Joubert (1900-1967):







 

Fotografias de 8 e 10 de Maio de 2022.

José Liberato