quarta-feira, 31 de agosto de 2022

São Cristóvão pela Europa (189)

 



O Estado da Baviera divide-se em várias regiões (Regierungsbezierke) e estas em Landkreise (condados) e cidades. A tradução em português das divisões administrativas alemãs não é simples, mas estas são as que me pareceram mais adequadas.

Uma das regiões é a Oberbayern, ou seja, a Alta Baviera.

Há muitas imagens de São Cristóvão na Região.

No condado de Ebersberg e na sua capital com o mesmo nome, a Igreja Paroquial é dedicada a São Sebastião. No seu interior existe um fresco monumental, de grande qualidade, pintado cerca do ano 1500.

Situa-se por cima de uma varanda, esteve tapado até 1960 e bem pode suspeitar-se que ocuparia toda a parede antes da remodelação barroca.

 






Em Zorneding, a igreja de São Martinho tem um belo tecto onde avulta a figura do nosso Santo. Trata-se provavelmente de uma representação dos catorze santos auxiliares, pois é possível identificar Santa Margarida de Antioquia, Santa Catarina de Alexandria e Santa Bárbara:

 



Em Grafing, a ponte de São Cristóvão sobre o Rio Urtel é adornada por uma estátua do Santo em calcário. É datada de 1953 e da autoria do escultor Willi Ernest (1909-1982):

 




 

Fotografias de 7 e 8 de Agosto de 2022

 

José Liberato

 


sábado, 27 de agosto de 2022

São Cristóvão pela Europa (188).

 




 

Entre 7 e 15 de Agosto tive oportunidade de visitar o Sul da Alemanha e também parte da Áustria.

Como imaginam, não deixei de estar muito atento às imagens do nosso São Cristóvão de forma a partilhá-las com os leitores.

Um dos textos publicados no Malomil já se debruçou sobre a cidade de Munique. Ver http://malomil.blogspot.com/2019/08/sao-cristovao-pela-europa-86.html. Mas há sempre novas descobertas.

Nos arredores da cidade, em Fasanerie, existe a chamada Igreja Velha de São Cristóvão.

Chama-se Fasanerie porque nesta área existiu até ao final da monarquia bávara, um centro de alimentação e criação de faisões e de pássaros raros destinados à Corte.

A igreja na realidade não é velha. Foi consagrada em 1927. É velha por comparação com a Igreja de Feldmöching, nas proximidades, que consta daquele texto.

Teve no seu planeamento o arquitecto Hermann Selzer, envolvido em vários movimentos arte nova.

Em 1977 esteve para ser demolida. Movimentos locais impediram a demolição. Cardeal Reinhold Marx, Arcebispo de Munique, foi um defensor do restauro que terminou em 2015.






No exterior, inaugurada em 2019, uma belíssima estela dedicada ao nosso Santo, incorporando cilindros translúcidos de vidro da autoria de Susanne Wagner:







Na famosa Pinacoteca Antiga de Munique, um tríptico de Dieric Bouts (1415-1475) é das mais conhecidas representações do Santo: 


 




Fotografias de 7 de Agosto de 2022 


José Liberato







sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Ruy Cinatti, o “Senhor da Chuva”






 

Elegia, paraninfo, exaltação de um nómada poeta singularíssimo, uma contínua veneração em Timor, pela obra, pelo intenso afeto, pelo legado de imagens que nos deixou daquela terra que foi tão amada, dedicou-lhe o escopo da sua investigação científica. Um pouco de tudo isto encontramos em “Senhor da Chuva”, Ruy Cinatti, por Mara Fernandes de Sá e Bosco Alves, Plural Editores, 2022. Sendo facto demonstrado que o poeta não se cingiu predominantemente a Timor, a verdade é que a sua poesia mais comprometida a este povo lhe é dedicado, tal como (atrás referido) o seu trabalho de antropólogo, etnólogo e biólogo. A escritora portuguesa e o artista plástico timorense de “Senhor da Chuva” convergiram para esta homenagem centrada em dados comentados da sua biografia. São bonitas lembranças de quem não é esquecido em Timor.

Sou forçado a uma declaração de interesse: conheci Ruy Cinatti em 1966, pertencia ao conselho de redação do jornal Encontro, da Juventude Universitária Católica, bati-lhe à porta para pedir um poema, ele fazia parte de uma lista por nós aprovada de poetas a contatar (Rui Belo, Pedro Tamen, Sophia de Mello Breyner Andresen), aceitou sem hesitar colaborar, deu-me o primeiro septeto do livro que virá a ser premiado no ano seguinte Sete Septetos, aporá na dedicatória: maio de 1967. Este é o segundo exemplar dedicado antes de ter saído a publico. Nesse nosso primeiro encontro leu o livro todo, circulava pela sala quase em transe, e muito se surpreendeu quando lhe pedi que voltasse a ler-me uns versos que me tocava profundamente: “Tudo se acaba. É mentira. / Há parcelas que se juntam, / se adicionam, / como a ideia e o sentimento, / o tempo / perdido / e o momento de ação / iluminado. / Ninguém se convença / que acaba. / Há o céu que nos espera, / a sua ilusão / remordida até ao paroxismo. / Ou há passado / sem destino. / A dolorosa mensagem / da nossa vida / é esta: caminhar sempre; atar as vides da vinha / vindimada. / Saber esperar. / Andar, andar, / nem que seja de rastos.” Vendo a minha comoção mas também a minha estupefação, Cinatti entendeu justificar-se que tivera muito recentemente uma crise religiosa profunda, todo este elenco de septetos era um mostruário de uma mudança em curso. Ficámos profundamente amigos, lembro que antes de partir para Mafra, para tirar o curso de Oficiais Milicianos me convidou para me ler em primeira mão um conjunto de versos que só será publicado dois anos antes da sua morte, Manhã Imensa, onde ele incluía uma prece endereçada a Timor: “Timor! Que paciência eterna! / Vinte anos de paciência. / Ilha de mistérios densa / e gente de tez morena. / Timor, minha ilha querida. / Minha verdade. Falida?... / a minha causa perdida! / Tem piedade, Senhor, / Tem piedade. / Olha-me por essa gente / portuguesa, / que te ergueu um trono, uma pedra. / Um sacrário de inocência”. E justificou-se: “Dou comigo abrasado pela saudade de Timor, só que a minha vida agora tem que andar dispersa até eu me reencontrar para saber para onde vou.” E foi uma das ajudas mais preciosas que recebi durante a guerra da Guiné, a sua correspondência era um bálsamo, eu tratava-o por “Dear Father”. Todas as alterações registadas depois do 25 de Abril ainda não fazem parte da sua biografia, começam a ser frequentes as manifestações de transtorno, anda pelos cafés a distribuir poemas policopiados, edita pequenas edições, veste de preto e anda com uma grande cruz ao peito. Nas suas ações de proselitismo, chega a ser maltratado e ferido. Nova crise de fé. Sente-se que é Timor que o apazigua, comenta a toda a hora a situação política, a partir de 1975. Quando o visito, vejo na sala, espalhadas pelas mesas, folhas soltas, ele chama-lhes pensamentos avulsos. Sucedem-se as crises de misticismo, irrita-se e chega a abandonar encontros quando lhe pedem moderação no cigarro e no álcool. Em 56 Poemas, uma coletânea realizada por alguém que ele quer manter em segredo, procede a um balanço de tudo quanto se transmuta na sua nova errância por bares e cafés, acontecimentos políticos, lembranças da botânica vêm ao de cima, fala do narciso, da esteva, do goivo, da glicínia. A coletânea reúne poemas posteriores a 25 de Abril, período em que o poeta tenta, creio que em vão, uma reconciliação definitiva com o pai e a irmã, a esta dedica-lhe lancinante poema: “Ó minha irmã, abre-te e espera / as alegrias do teu coração. / Expele de ti as víboras latentes / de uma vida que nunca foi tua / e reanima a voz omnipotente / que te ordena: veste-te nua!”

Continuo a pensar que este extraordinário poeta aguarda condizente biografia. Um seu amigo muito querido, Alçada Baptista, quando Cinatti partiu para as estrelas, observou: “Agora, há que ter cuidado com a lenda, é certo e seguro que se vai desenvolver o mito do santo de Timor para deixar na sombra o homem que ele foi”. E, de facto, não faltam hossanas para o trovador de Timor, parece que Cinatti não possuía ideologia política, não deixou outra obra científica que a de Timor, que toda aquela sua poesia posterior à revolução não era um abalo de terra que simplesmente confirmava o que ele já sabia, o império estava agónico, era tudo uma questão de tempo; e põe-se Cinatti no altar como se ele fosse um ente assexuado. E mais lacunas há, só espero que para além das litanias uma universidade se lembre de que o homem Cinatti merece ser recordado.

 

Mário Beja Santos






 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Entre Oriente e Ocidente (9).

 



 

Poucos saberão que um país interior como a Bósnia-Herzegovina dispõe de um corredor de cerca de 20 km de largura de acesso ao mar. Circunstância tranquila em ambiente de paz, mas certamente perigosa em épocas de confrontação.

O corredor de Neum foi, segundo alguns, uma habilidade da República de Ragusa que assim oferecia uma compensação aos otomanos por não ocuparem o seu território e ao mesmo tempo instituía um tampão entre ela e a sua grande rival, a República de Veneza.

A realidade dos factos é que quem vem de Mostar para Dubrovnik faz um percurso cheio de obstáculos fronteiriços. A estrada entra primeiro em território croata, prossegue para a fronteira do enclave bósnio para finalmente sair do enclave de novo para terra croata. Três fronteiras!

 




Mas já há solução.

A Ponte Peljesac permite, a partir de 26 de Julho deste ano, contornar o corredor de Neum. Com financiamento europeu e construída por uma empresa chinesa revela bem uma competição de influências bem característica da História balcânica.

Vê-se ao fundo:






É aliás visível o investimento em infraestruturas com apoio da União Europeia ou da China.

Por exemplo, na Bósnia-Herzegovina e na Croácia:

 



 

A iniciativa chinesa denominada as novas rotas da seda contempla não só auto-estradas na Macedónia do Norte, mas também um corredor ferroviário de Budapeste ao porto do Pireu (nas mão s de empresas chinesas). Este corredor passará pela Sérvia e pela Macedónia do Norte.

 

Fotografias de13 e 14 de Agosto de 2022

 

José Liberato


Lua cheia no Pico.

 







Fotografias de Onésimo Teotónio de Almeida 




De regresso ao Pico.







                                                                 Fotografias de Onésimo Teotónio de Almeida









terça-feira, 16 de agosto de 2022

Uma punição de Estaline que custou milhões de vidas aos ucranianos.

 




 

A historiadora Anne Applebaum conduziu uma impressionante investigação à fome deliberada dos camponeses ucranianos, e o relato Fome Vermelha, A Guerra de Estaline Contra a Ucrânia, Bertrand Editora, 2022, é uma das mais impressionantes câmaras de horrores posta em letra de forma. Estaline, ao contrário de Lenine, decretou a coletivização dos campos, forçou os camponeses a desistir das suas terras e a aderir a quintas coletivas. Um conjunto de colaboradores do ditador enviou-lhe mensagens urgentes de toda a URSS, descrevendo a crise. Mas Estaline não só queria pôr de joelhos essa Ucrânia que aspirava a soberania e ao respeito pela identidade nacional, como precisava de todas aquelas toneladas de cereais para exportar, decretou a rapinagem de tudo quanto se pudesse trazer das casas dos camponeses, era preciso ter dinheiro para comprar as máquinas que levassem à industrialização acelerada. “O resultado foi uma catástrofe: pelo menos 5 milhões de pessoas morreram à fome entre 1931 e 1934 por toda a URSS. Entre estes, contam-se mais de 3,9 milhões de ucranianos.” Ainda hoje os ucranianos estudam e comemoram este extermínio, o Holodomor, o extermínio pela fome. Mas o pesadelo foi mais longe, como refere a historiadora: “Enquanto os camponeses morriam no campo, a polícia secreta soviética lançou em simultâneo um ataque contra as elites intelectuais e políticas ucranianas. À medida que a fome se espalhava, foi desencadeada uma campanha de calúnia e repressão contra intelectuais, professores, curadores de museus, escritores, artistas, padres, teólogos, funcionários públicos e burocratas ucranianos. Qualquer pessoa ligada à efémera República Popular Ucraniana, que existiu durante alguns meses, a partir de junho de 1917, qualquer pessoa que tivesse promovido a língua ou a história ucraniana, qualquer pessoa com uma carreira literária ou artística independente, era suscetível de ser publicamente vilipendiada, presa, enviada para um campo de trabalho ou executada.” Como um rolo compressor encetou-se a sovietização da Ucrânia e a neutralização de qualquer contestação à unidade soviética. Como nos informa a autora, o livro abre em 1917 com a revolução ucraniana e o movimento nacional ucraniano que foi aniquilado em 1932-1933. Termina no presente, com uma discussão sobre a política de memória em curso na Ucrânia. É um livro que reflete um quarto de século de investigação, acesso aos arquivos de Kiev, e cresce o número de estudos, o movimento nacional ucraniano foi reavivado em 1991, ao recusar-se fazer parte de uma federação russa a Ucrânia fez implodir a URSS.

O mínimo que se pode dizer desta investigação é que é um trabalho admirável, escalpeliza a questão ucraniana, as suas aspirações à soberania, desvela a revolução de 1917 e a hostilidade do país aos bolcheviques, mas estes voltaram, a Ucrânia submeteu-se, era vital para Moscovo manter este celeiro disponível para impedir as fomes. A Nova Política Económica de Lenine não dava os resultados desejados. 10 anos após a revolução, o nível de vida na União Soviética era ainda mais baixo do que sob o jugo dos czares. Estaline irá instituir a repressão policial, começou pelos comerciantes de cereais, a expulsão dos kulaks, abriu-se caminho para a coletivização, e montou-se um processo intimidatório para pôr fim a qualquer forma de ucranianização, inventaram-se conspirações, espionagem, sedições em marcha, chegara a hora de requisição dos alimentos. Com a coletivização, estalou a revolução nos campos, inventaram-se novas conspirações, fizeram-se listas negras para castigos, fomentou-se a paranoia do inimigo, em 1930 os camponeses ucranianos revoltaram-se, foram esmagados. E temos o retrato do fracasso da coletivização, os camponeses em fuga, Estaline exige aumentar as exportações de cereais, usa-se mesmo os cereais como arma política: “Em 1920, exigiram, em troca dos cereais, que a Letónia reconhecesse a República Socialista Soviética da Ucrânia. Em 1922, o Governo soviético informou o Secretário dos Negócios Estrangeiros britânico, lorde Curzon, de que, a menos que a Grã-Bretanha assinasse um tratado de paz com a Rússia soviética, podiam cortar o fornecimento de cerais aos mercados britânicos.”

E chegou a hora do cataclismo, os camponeses têm que entregar tudo, o próprio partido comunista ucraniano estava dividido, Estaline vivia obcecado com a perda da Ucrânia, intensificaram-se as requisições, as listas negras, a vigilância das fronteiras. Encontrou-se um bode expiatório, para uso interno da URSS: era o sentimento nacionalista ucraniano, antissoviético, que levava ao fracasso das requisições, havia inimigos por toda a parte, procedeu-se a uma purga dentro do partido comunista ucraniano, desapareceram instituições, foram proibidas as representações teatrais em ucraniano, fuzilou-se a intelectualidade, publicou-se uma lista de autores banidos, os periódicos ucranianos receberam listas de palavras que não deviam ser usadas. Seguem-se buscas e confiscações, morre-se em casa, nas ruas, no trabalho. A descrição da autora é impressionante, logo a explicar-nos o que é a inanição: “Na primeira fase, consome as reservas de glicose do corpo. Instalam-se as sensações de fome extrema, a par de pensamentos constantes sobre comida. Na segunda fase, que pode durar várias semanas, o corpo devora as proteínas, canibalizando tecidos e músculos. À medida que os desequilíbrios extremos começam a provocar retenção de líquidos, a pele acaba por ficar mais fina, os olhos distendidos, as pernas e a barriga inchadas. Os mínimos esforços levam à exaustão. Ao longo do processo, vários tipos de doenças podem acelerar a morte: escorbuto, formas clássicas de desnutrição proteica-calórica, pneumonia, tifo, difteria e um amplo leque de infeções de pele provocadas, direta ou indiretamente, pela escassez de alimentos.” O leitor que se prepare para ouvir testemunhos de sobreviventes, quadros de horror de toda a espécie, até mesmo de canibalismo. Os pais matavam os filhos ou atiravam-nos a um poço.

Sobreviveu-se com dor, comia-se de tudo, desde comida podre a cães, gatos e ratos, fazia-se sopas de urtigas e comia-se pão com amaranto; a população vivia bloqueada, procurou fendas e interstícios como a troca de joias por comida. A fome ucraniana atingiu o auge na primavera de 1933. Estaline dizia publicamente que os agentes do antigo regime iam desaparecer. À cautela, fez-se uma operação de encobrimento. E a autora dá-nos conta como o Holodomor passou a fazer parte da história ucraniana. “Se o estudo da fome ajuda a explicar a Ucrânia contemporânea, mas também explica algumas atitudes da Rússia contemporânea, muitas das quais se enquadram em padrões de comportamento mais antigos.” Todo o discurso do ódio continua a demonizar as pretensões do Kremlin, instrumentaliza-se a linguagem para pôr as pessoas umas contra as outras. Milhões de pessoas foram exterminadas, a nação continua no mapa, os ucranianos de hoje discutem e debatem o seu passado. Os arquivos estão abertos: o extermínio pela fome mostra até que ponto o presente é moldado pelo passado.


                                                                                                              Mário Beja Santos





segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Istambul, talvez um dia.

 



Fotografia de António Araújo 






Istambul, talvez um dia.

 





Fotografia de António Araújo 





Istambul, talvez um dia.

 





                                                                                                                Fotografia de António Araújo 

Istambul, talvez um dia.





Fotografia de António Araújo 


Istambul, talvez um dia.

 




                                                                                                                Fotografia de António Araújo 



Istambul, talvez um dia.

 



                                                                                                                Fotografia de António Araújo

Istambul, talvez um dia.

 



                                                                                                                Fotografia de António Araújo

Istambul, talvez um dia.



                                                                                                            Fotografia de António Araújo

Istambul, talvez um dia.

 




                                                                                                    Fotografia de António Araújo





Istambul, talvez um dia.

 



                                                                                                                Fotografia de António Araújo




Istambul, talvez um dia.

 




                                                                                                                       Fotografia de António Araújo

Istambul, talvez um dia.

 



                                                                                                                Fotografia de António Araújo

Istambul, talvez um dia.

 





Fotografia de António Araújo


Istambul, talvez um dia.

 




Fotografia de António Araújo







Istambul, talvez um dia.

 






Fotografia de António Araújo 



Istambul, talvez um dia.

 



Fotografia de António Araújo





Istambul, talvez um dia.

 



Fotografia de António Araújo




Istambul, talvez um dia.

 



Fotografia de António Araújo