quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Portugal Protocolo.

 
 
De acordo com a OCDE, Portugal é um dos países da União Europeia com maior número de protocolos por habitante, incluindo não-residentes. Por dia, celebram-se, em média, 19.083 protocolos por metro quadrado de território, com especial incidência nas regiões norte e centro do país. Apesar do abrandamento registado nos meses de Julho-Agosto, a protocolização mantém-se relativamente estável ao longo do ano. Em percentagem do PIB, a taxa de protocolização nacional está em linha com a de economias de média dimensão como a da Roménia (79,1%) ou da Bulgária (84,9%). A idade para protocolar é idêntica à da generalidade dos Estados-membros da UE-28, situando-se nos 18 anos, ainda que seja na faixa etária dos 50-55 anos que se verifica a maior ocorrência de casos de protocolismo. Em termos comparativos, a taxa de feminização é ainda extremamente baixa, revelando a existência de uma clara discriminação de género no que se refere à subscrição de protocolos, convénios, acordos de cooperação e parcerias estratégicas.  
Os portugueses desenvolveram uma forma extremamente eficaz de resolver os seus problemas. Em vez de encontrarem soluções, celebram protocolos. Não há nada no país que não possa ser tratado, ou adiado, com um bom protocolo. Algumas organizações não-governamentais, como Marinho Pinto, denunciaram recentemente casos de protocolização associada a protelamento, tendência internacionalmente conhecida por protocolamento. Portugal demonstra ao mundo algo inteiramente novo, a protocolização da realidade. Tudo, mas literalmente tudo, pode ser sujeito a um acordo vertido em papel timbrado, numa mesa alindada com flores e palavras de circunstância, em momento captado por um fotógrafo profissional. O fenómeno da protocolização integral da realidade tem-se intensificado de forma muito significativa nos últimos anos, graças a um esforço concertado de autarcas, confederações empresariais, colectividades desportivas e confrarias gastronómicas. A ligação universidades-empresas tem igualmente favorecido, de forma muito positiva, a protocolização integral da realidade através de parcerias estratégicas e trocas de sinergias, com ganhos recíprocos para ambas ou todas as partes envolvidas. O sector da protocolização ocupa já hoje 38% da população activa em idade pós-escolar, gerando cerca de 300 mil empregos por ano (dados de 2013). 
No entanto, para o aprofundamento da protocolização nacional é necessária a difusão de códigos de conduta e das melhores práticas celebratórias e regulatórias, tendo alguns estudos  concluído que é no momento da assinatura a esferográfica azul que Portugal evidencia ainda os mais baixos níveis de desempenho protocolar, notando-se também uma inexplicável resistência à celebração de protocolos ao ar livre: 97,7% dos protocolos portugueses são firmados no interior de edificações ou espaços cobertos, e sobretudo em meio urbano.  
Com vista à sensibilização da sociedade civil e dos decisores políticos e gimnodesportivos para a necessidade de melhoria da protocolização nacional num contexto europeu de elevada competitividade protocolar, Malomil apresenta alguns exemplos de protocolos e protocoladores, realçando-se, se tal o justificar, os aspectos positivos e negativos de cada caso
 

Caso 1: Protocolo em meio rural com mobiliário de aparato. Ao fundo, dois funcionários da edilidade procedem a buscas no local onde o senhor presidente da câmara perdeu da outra vez as lentes de contacto que vieram da Alemanha. 
 

Caso 1 (continuação). Caso de estudo/case study:  momento das palavras protocolares, com posicionamentos solenes e indumentária adequada nas duas figuras à esquerda, mas atitude excessivamente descontraída e informalidade abusiva na postura e no vestuário das duas figuras à direita. Ao centro, palavras protocolares em estilo aceitável, com acentuação argumentativa da relevância do convénio através de mão levantada.


Caso 1 (conclusão): postura corporal exemplar da figura posicionada à esquerda com inclinação rígida a 45 graus. Braço hirto no momento decisivo. Contudo, manuseamento pouco criterioso, ainda que não displicente, da documentação protocolar. Absolutamente negativa a colocação de mãos nos bolsos pela figura da direita.


Caso 2: Protocolo segundo o modelo italiano Transparências ou Protocolo Blusa Translúcida. Atitude a evitar: formulação de comentários e prossecução de diálogo no momento da protocolização por parte dos que nela não intervêm directamente. Muito enraizada e generalizada, esta prática tem vindo a afectar, de norte a sul do país, a capacidade de concentração das individualidades protocolantes. Ponto positivo: previsão de pasta capeadora da documentação protocolada (com rebordo arquivador e timbre da entidade promotora).


Caso 3: Decoração floral pujante mas admissível, deficiente antecipação do número de protocolantes, colocando em posição difícil a figura do extremo-direito, situada fora da órbita de acesso à mesa de assinaturas. Colocação correcta, por parte desta,  de mãos nos joelhos, em atitude respeitosa e submissa aplicável a todos os protocolantes quando não engravatados. Na imagem não é possível avaliar com rigor a eficiência do fornecimento de águas. Ponto negativo, ainda que frequente: à esquerda, as figuras não-signatárias encontram-se na galhofa.


Caso 4: Cenário neoclássico, com excessiva colocação de mesas e cadeiras, potenciadora do fenómeno "lugares vazios", muito frequente e negativo para a imagem da indústria protocoleira. A destoar, ancião com camisola de pescador da Terra Nova. Ponto igualmente negativo: manutenção de diálogo no momento de subscrição de Livro de Honra, com riscos para a capacidade de concentração do parceiro-signatário e prejuízos evidentes para a solenidade imposta pelo enquadramento geral.  
 

Caso 5: colocação perfeita de documentação protocolar, em esquadria simétrica. Ponto negativo: postura corporal do signatário africano, quase de costas para o co-signatário, em contraste com posicionamento militarizado impecável do respectivo assessor (mão em concha na região do esófago). Atente-se no distanciamento muito adequado dos dois colaboradores de ambas as  partes.


Caso 6: um exemplar raro de protocolação feminina, cuja excepcionalidade é acentuada por se tratar de um caso, o único que conhecemos, de protocolação exclusivamente feminina. Em resultado disso, deficiente manuseamento do equipamento técnico de registo fotográfico, ademais perpetrado no preciso momento da protocolação. Uso de Bic Cristal azul, condizente com a informalidade geral da situação. Apontamento de descontracção afro-chic muito conseguido na figura da direita.   


Caso 7: protocolação modelar. Mesa horrenda de torneados, como mandam os códigos, assinatura simultânea, coordenação corporal sincronizada, revelando experiência e treino. Numa das figuras, ausência de gravata correcta, condizente com bigode Saddam Hussein. Ponto negativo: sistema áudio em colocação demasiado ostensiva.  


Caso 8: boa colocação ao centro, com protocoladores coordenados a assinarem em esquina da mesa, prática admissível segundo os regulamentos da UEFA. Ponto (muito) negativo: os extremos. No lateral esquerdo, presença de apenas um espectador, ademais mal posicionado (dito "esparramado") na cadeira do auditório. No espaço lateral direito: a leitura atenta do protocolo em pleno acto, ou após o seu decurso, indicia uma atitude de desconfiança pessoal e até institucional que, a generalizar-se, pode pôr em causa a indústria da protocolação e milhares de postos de trabalho. Ponto muito positivo: atitude respeitosa e soleníssima do diácono colocado em posição de assistência aos protocoladores, com olhar vigilante, acompanhando os movimentos, mas não intrusivo (mãos atrás das costas, sugerindo ausência de intervenção activa no momento crítico da assinatura. Muito aconselhável para testemunhas ou autenticadores).


Caso 9: Protocolo com o famoso «efeito-espelho» na mesa, alcançável através de polimento da madeira ou, como sucede no caso, colocação de tampo de vidro. Atitude relativamente ausente, e até triste, de um dos signatários, aproximando este modelo do figurino Protocolo-Velório. Ponto positivo: esquadria simétrica das pastas já protocoladas ou ainda a protocolar em conjunto.


Caso 10: Protocolo modelo Resistência Francesa (ou Protocolo Camembert), com acompanhamento condigno, a lateral esquerdo, do sargento-mor Lépin, um maquisard heróico, não interveniente na assinatura. Postura dubitativa e interrogativa do protocolante civil, com inqualificável colocação de mão na Mesa Protocolar. Atitude indiciadora de inexperiência ou insegurança protocolativa.  


Caso 11: só na aparência, e com muito boa vontade, poderemos qualificar este cenário como protocolar. Falhas várias. Ausência de duplicado de documentação, aparência displicente e até gingona do protocolador masculino. Ausência de águas de cerimónia. Mesa redonda, mobiliário informal, possivelmente em ambiente universitário. Deficiente registo fotográfico, com protocolantes situados abaixo do ângulo de captação da imagem, em infracção grosseira das mais elementares regras de imagética protocolar.   


Caso 12: Protocolo Centro de Documentação Europeia, seguindo o modelo Protocolo Jacques Delors (ou Pacote Delors II). No expositor, em segundo plano, oferta de desdobráveis e folhetos à discrição ou fartazana, com perguntas como "Para que serve o Euro?". Aparência eurocrática, com apontamento positivo para a concentração e empenho das partes no momento das rubricas. Copos de plástico, alguma aglomeração caótica de documentação e adereços nas duas mesas que exploram a bicromia da União, azul e amarela. Bom exemplo do que será no futuro, com o aprofundamento da União, um Protocolo Europeu, não condizente com a velha tradição protocolar portuguesa, ainda praticada em muitos municípios do país, designadamente os do interior (em Salão Nobre, com mesa de torneados horrenda).   



Caso 12: em contraste com o caso anterior, situação exemplar de Protocolação Autárquica Portuguesa, em cama de espuma de flor de cerejeira ou amendoeira. Leve toque nipónico, a lacado, com modelo de dupla mesa em sequência transversal, sendo uma delas dedicada em exclusivo à colocação de  documentação protocolar, como mandam as boas regras, e a outra para águas e testemunhas. A Tradição Portuguesa (ou A Arte de Bem Receber). Para os amantes do clássico.    



Caso 13: sem comentários. É difícil reunir numa só imagem tantas infracções aos códigos de conduta protocolares.




Caso 14: Ocorre mais do que pensamos. "Então, senhor engenheiro, vamos lá a isto?" Situação lamentável, mas frequente. Captação de imagens do chamamento de autoridades protocoladoras. Segundo as regras da Federação Internacional de Protocolismo, estes momentos, inevitáveis, não devem todavia ser registados fotograficamente ou por outros meios (CNN, iPhone ou Playmobil) 
 

Caso 15: na tradição protocolar autárquica, Fafe sempre se distinguiu pela excelente coordenação das mãos dos intervenientes. É, provavelmente, o município português que ao longo dos anos mais tem apostado e trabalhado essa valência. O trabalho dá frutos. Posicionamento manual impecável de todos os intervenientes. Ao centro, mãos semifechadas em retórica argumentativa nas palavras de suporte ao protocolo. A figura feminina no momento de observação do documento, com dedo fixador das folhas do mesmo. Mãos menos formais dos dois extremos, em cabedal. Postura irrepreensível da segunda figura do extremo direito com mãos meditativas em concha aberta, dedinhos-sobre-dedinhos à maneira oriental, como se fosse o CEO da Três Gargantas.     


Caso 16: exemplar raro de mono-protocolação, também conhecida por «Lone Ranger» (ou «Le Solitaire», na Gasconha). Saliente-se que a Mesa Protocolar é a mesma que apresentámos no Caso 1 (Afife). Cadeiras condignas, mas não harmonizadas (estilisticamente), duplicação escusada de esferográficas. Ainda que revestido a ouro velho, o microfone só deve dar entrada em cena após a captação das imagens. Inadmissível colocação de casaco e cachecol em cadeira afecta ao cerimonial protocolatório. A mono-protocolação é, por vezes, só aparente. Nos casos de protocolos informais ou que não envolvem fundos comunitários, é frequente um dos protocolantes assumir também funções de fotógrafo, regressando depois à Mesa. Um procedimento negativo, que retira a bipolaridade característica do protocolismo.   


Caso 17: a colocação de garrafas de água deve sempre ser acompanhada de copos, mesmo que não utilizáveis. Na ausência destes, é aconselhável suprimir as águas decorativas.  


Caso 18: Protocolação Multiópticas.  Nota positiva para a conjugação a prata da caneta e relógio de pulso do protocolador. Pela imagem, depreende-se que se trata de uma assistente de protocolação ou de Fátima Campos Ferreira. Caso contrário, estamos perante uma postura gestual inadmissível para um co-protocolador.   


Caso 19: Blusão de camurça adequado, dado tratar-se de um protocolo em que uma das partes, ou o objecto visado, é a Eco-Horta das Carapuças. Na esquina da mesa, cabeça feminina, pensa-se que escultórica. A introdução de adereços não deve desviar a atenção do auditório para o acto de protocolação.


Caso 20: uma ocasião perdida. Sala de troféus, uma invulgar Welwitschia mirabilis na mesa, havia aqui todas as condições para se protocolar correr bem. Mas note-se como a desatenção aos pormenores estraga tudo. Infracção nº 1: presença na Mesa de Honra de individualidades não signatárias. Infracção nº 2: mesmo em protocolos desportivos, os cachecóis do clube não devem figurar, maculando-a, na Mesa de Protocolo. Infracção nº 3: cadeira desirmanada (e marreta, já agora) no ambiente protocolar.  


Caso 21: muito praticado na Dinamarca, o modelo Mesas Duplas acomoda bem quatro protocoladores para uma simultânea. Reclama, em todo o caso, um funcionário assistente de pé ou um elemento decorativo que dê coerência cénica ao que os críticos deste modelo chamam "Protocolo Trivial Pursuit". Em definitivo, este figurino salão de bingo não se coaduna com as tradições protocolares nacionais. Salva-se do desastre a harmonia cromática das duas equipas: à esquerda, em tons esverdeados; à direita, impera o formalismo, com fato Churchill, porventura ligeiramente overdressed  

Caso 22: nitidamente, um caso de protocolo em meio escolar. Os procolos C+S são dos que mais riscos apresentam para a dignidade do protocolismo. Posição correcta do decano e demais assistentes, com mão cruzada sobre o baixo-ventre. Destoa um dos elementos, que julgamos ser não-signatário (figura da direita), à semelhança da portadora da documentação (figura da esquerda).

Caso 23: protocolo inqualificável, com elementos esparsos na Mesa de Honra, destacando-se a água gelada e o telefone fixo do vereador. Previsão de pastas arquivadoras e busto República (pontos positivos).


Caso 24: Modelo Umberto Eco. Até pela presença do intelectual e filósofo italiano, deveria evitar-se a presença de comandos de TV na Mesa Protocolar e pastas alheias à cerimónia. A boa disposição imperante sugere tratar-se de momento pré- ou pós-protocolar. Ainda assim, há coisas que não se desculpam.

Caso 25: Protocolo Exterior (ou Protocolo ao Ar Livre), caso raro na linha protocolar nacional. Forte dispositivo ou aparato de segurança, com agentes de óculos escuros em posição demasiado ostensiva. Bom cachaço na assistência (à direita). Para começo da linha Protocolo Exteriores, onde reina ainda alguma inexperiência (ao contrário da vizinha Espanha), não podemos ser demasiado severos.   

Caso 26: um clássico, a não merecer reparos de maior. Numa prática conhecida, presença de telemóvel na mesa. Admissível desde que para mera certificação da hora exacta da Assinatura. Isto apesar de ambos os intervenientes possuírem relógio e, no caso do protagonista masculino, que grande relógio. Hortênsias a prolongar o penteado feminino, feito para a ocasião, com ida a cabeleireiro (ponto positivo). De 0 a 5, daríamos um 3.

Caso 27: Protocolo entre tia cascaense e gitano andaluz acetinado a gel, com presença da caixa dos óculos na Mesa de Honra. Ambiente informal, pese as bandeiras e a indumentária. Janela aberta para visionamento da cerimónia por parte dos funcionários de serviço. Caneta de reserva na Mesa, a evitar. As canetas suplentes devem ser resguardadas no banco, só sendo convocadas à Mesa se tal o justificar.  

Caso 28: os protocolos colectivos em fila ou manada colocam sempre o problema da ordenação das precedências. Decorrem geralmente de forma clandestina, à noite, como se depreende da imagem.

Caso 29: Protocolo Mandingo. Tal não justifica a presença, na Mesa, de elementos extrínsecos ao cerimonial, como computador portátil, garrafa de água já aberta, comando de TV e Moleskine da assistente técnica. A figura da esquerda apresenta-se de forma rigorosa, quase impecável.  


Caso 30: Protocolo de Natal (em edifício de escritórios). O sistema de águas volantes, introduzido na Europa pelas empresas multinacionais americanas, adequa-se a uma simultânea como esta. Existem, em todo o caso, riscos de desabamento de copos e/ou jarro, afectando a segurança e a integridade documentação protocolada.  

Caso 31: mais uma situação de protocolação unipessoal, configurando eventual negócio consigo próprio, proscrito pela lei civil. Caso de culto da personalidade ou estalinismo protocoleiro, muito frente na Coreia do Norte e em algumas autarquias do Norte de Portugal.

Caso 32: por vezes, compreende-se a ocorrência de Protocolos-Multidão, devido à quantidade e diversidade de parceiros envolvidos. Mesa parcialmente coberta por atoalhado e terrina floral, num apontamento discreto mas enternecedor.

Caso 33: com pergaminhos na arte protocolar, Afife não merecia isto. A mesa Luís XV é a mesma que já revelámos no Caso 1. Inadmissível colocação de carteira/mala de senhora na tranca da janela ou porta. Utilização de cadeira como ponto de apoio da documentação protocolar o que, a enraizar-se, levará a situações como a apresentada na imagem, que nos abstemos de      descrever. Afife não merecia isto.  


Caso 34: momento antecedente a Protocolo Desportivo. Reluzentes fatos em acrílico atómico, modelo Buck Rogers.

Caso 35: Protocolo Eclesial. Com sacerdote de cinto fivela-cilício e a presença inopinada de José António Tenente (à esquerda). Composição austera, com mesa-marreta e uma só esfereográfica protocolar.

Caso 36: apesar da diversidade da indumentária, com pullover aos losangos da década de 70 (figura da esquerda), um momento muito bem conseguido. Postura sorridente, mas contida, mostrando que os protocolos do nosso tempo não são sinónimo de sisudez e cinzentismo. Pelo contrário, são ocasiões festivas, desde que se cumpram os códigos mínimos de etiqueta. Um paradigma da assinatura simultânea.

Caso 37: protocolo simultâneo tríplice, num momento de sincronização signatária quase perfeita, com apoio técnico de nadadora olímpica australiana. A figura da  esquerda revela inclinação excessiva sobre a Mesa, quase subserviente, mas a composição final é equilibrada. Aparência geral clean, em branco.  


 
Caso 38: Protocolo modelo Nós no Padroense Também Temos Um Plasma. O resto, de tão mau, nem merece comentário.

Caso 38: após a celebração do protocolo, as partes não devem, como sucede no presente caso, lançar olhares timoratos aos celebrantes, denunciadores de  alguma reserva mental no momento da consumação protocolar.

Caso 39: única imagem disponível de um protocolo que, por todas as razões, não poderia deixar de ser assinalado. Desde o fim da Guerra Fria que na Europa ocidental não era celebrado um protocolo na presença de  helicóptero. Histórico (direitos reservados da imagem). 

Caso 40: insiste-se, uma vez mais. Durante a assinatura protocolar, e sobretudo quando são proferidas as palavras congratulatórias, as partes não-signatárias devem manter-se em silêncio. Estas sucessivas faltas de respeito põem em causa o futuro da indústria protocolar. Os portugueses não estão devidamente sensibilizados para este flagelo de cidadania.  

Caso 41: a postura das mãos, indiciando cupidez de lucro, sugere tratar-se de um exemplo de Protocolo-Negociata, o que, podemos garantir, não foi o caso.  

Caso 42: já não se vê muito, mas certas instituições mantêm a prática do Minuto de Silêncio em memória dos Grandes Protocoladores (Tordesilhas, Methuen, Molotov-Ribentropp). Em ambientes de influência brasileira, o Minuto de Silêncio tem sido substituído pela Encomendação a Iemanjá (onde, sublinhe-se, só participa quem quer). Na espiritualidade das protocolações, sobretudo no estrangeiro, registam-se movimentos de influência oriental que garantem um incremento de feng shui da cerimónia. Pelo que é dado observar, não é o caso. Tudo indicia que o agrupamento expectante se deve a um indesculpável atraso do notário (atente-se na magreza da documentação para tantas individualidades protocolantes).


Caso 43: além da galhofa dos participantes, este  é talvez o problema mais grave da protocolação nacional. Insistimos: quem não figura como signatário não deve tomar assento na Mesa. é sempre preferível optar por assinatura-volante, em pé. A figura feminina no lado esquerdo deve abster-se de, ao rubricar a documentação, enrodilhar o pano da mesa. Colocação escusada de dois vasos florais decorativos (bastando um, de maiores dimensões). Apontamento muito vivo e refrescante de unhas de gel.     
 
Caso 44. O protocolo em ambiente Bachus ou similares levanta desafios próprios. Este caso demonstra uma resolução adequada dos mesmos, com a colocação de elementos vínicos  engarrafados sobre a mesa. Madeira rústica adequada. Unha, caneta e anel em tom pérola invocando espírito nocturno. Inclinação da figura da direita adequada à ocultação de colo mamário alto. Figura da esquerda mal colocada para assinatura protocolar sucessiva. Deve aguardar junto da mesa ou atrás do signatário imediatamente antecedente. 
 
 
 

Caso 45: Protocolo misto (civil e castrense) com assistência na retaguarda. Boa colocação das figuras em degradé de rarefacção capilar. Figura feminina  no extremo-direito da assistência com elemento acessório capilar a condizer com cor do capeamento protocolar. Alerta-se os leitores para a necessidade de enquadramento fotográfico apropriado, pois a trompeta gravada a fosco no vidro de fundo (belíssimo exemplar das técnicas de gravação flavienses) parece penetrar no ouvido de um dos signatários. 
 

Caso 46: Protocolo matriarcal. Figuras demasiado descontraídas. Figura da esquerda alta aparentemente sem intervenção protocolar signatária. Nestes casos, as figuras que não intervenham em acto de chancela devem aguardar em pé na retaguarda próximas da figura principal. Os protocolos não devem ser celebrados, a não ser em casos de protocolo no exterior, com o elemento óculo escuro visível, o qual é referenciado como símbolo de má-fortuna por Pin LIN na Arte do Protocolo da Dinastia Mingas (ed brasileira). 

 
 
Caso 47. Protocolo em ambiente clean género incubadora de empresas. Figuras signatárias tranquilas com o protocolo que assinam. Lacaio com gravata verde que reflecte esperança e serenidade apesar de mãos pousadas sobre pano amarelo da cozinha esquecido por elemento de apoio à copa em momento que antecedeu assinatura protocolar. Copos Diavolo, 1.49€/unid.