A
leitora Nela San enviou-me de Itália uma intrigante imagem, que viu em Beja. A
fotografia parecia mesmo a de um rinoceronte heráldico, pelo que consultei de
imediato o grande Miguel Metelo de Seixas, que sabe destas coisas como ninguém.
E, para além do mais, tem um olho de lince que logo detectou não ser um
rinoceronte mas um touro, o da emblemática pacense.
Questionado sobre rinocerontes
heráldicos, lembrou Miguel o da Contrada della Selva, de Siena (página oficial, aqui), em que um
rinoceronte está aos pés de uma árvore, e nessa árvore existem adereços de caça
porque a Selva era a contrada dos caçadores. Em cima, um sol flamejante, com a
letra «U», de Umberto I de Itália. Mas o melhor vem agora: é que o rinoceronte da Contrada della Selva, segundo nos informam aqui, é nem, mais nem menos, inspirado directamente na célebre «Ganda», que D. Manuel I enviou ao Papa e que naufragou ao largo de La Spezia. Foi por volta de 1546 que a Contrada della Selva passou a integrar um rinoceronte na sua tradição, consagrada sob forma heráldica em 1888. O nosso rino, vindo das Índias!
Em agradecimento ao Miguel e à Nela,
lembrei-me de devolver a Itália, e à terra do famoso Pálio, o rinoceronte que
parecia mesmo ter aparecido por Beja,
disfarçado de touro bravo.
Dar à Beja o que é de Beja (o touro) e à Siena o que é de Siena (o Ganda) e ler aqui coisas interessantes, como sempre
ResponderEliminarLigado a Siena, até porque lá estudou, esteve o grande D. Miguel da Silva, bispo de Viseu, nosso embaixador em Roma de 1514 a 1525, e depois por lá exilado a partir da sua fuga de Portugal, em 1540...
ResponderEliminarObrigado a ambos, muito e muito obrigado!
ResponderEliminarAntónio Araújo
Obrigado, António, por mais esta viagem que nos proporcionaste. Os emblemas visuais têm isto: permitem-nos viajar nos confins da memória, atravessar distâncias geográficas e cronológicas!
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