Numa entrevista recente, Wolfgang
Schäuble confessa que a política de austeridade «podia ter sido diferente». O
tema é aflorado num pequeno-grande livro de James Hawes, A Mais Breve História da Alemanha, que em poucas páginas condensa
de forma fascinante – e acutilante – milénios de História. Mais do que o
resgate grego, o livro lembra que anualmente ainda são despejados triliões de
euros nos territórios da ex-RDA. Ainda assim, é neles que a extrema-direita
desponta, como foi aí que, num passado triste, Hitler teve as maiores votações.
Só para nos fixarmos na História recente, o livro desfaz (ou tenta desfazer,
dirão alguns) a ideia feita de que foi na Baviera que Hitler esmagou os
opositores, como tenta provar que o nazismo sempre teve maior apoio entre os
luteranos do que entre os católicos. Nesta destruição de mitos e ideias feitas,
contesta-se que tenha existido um «milagre económico» alemão; se o houve, teve contornos
muito diferentes do que por vezes julgamos – o que se passou foi uma ousada
absorção das poupanças dos particulares e uma capitalização maciça das
empresas, à mistura com uma singular abolição do racionamento. Em Maio de 1945,
apenas 6,5 por cento do tecido fabril da Alemanha fora destruído pela guerra –
sabia disso? Surpreendente. Como surpreendentes são as ilações de James Hawes
sobre a reunificação e a escolha da capital em Berlim, um triunfo da Prússia
que talvez não tenha sido um bom negócio para a Alemanha no seu todo. Não foi
por acaso que, na votação parlamentar, em 20 de Junho de 1991, houve quase um empate, com 291 votos a favor de Berlim e 214 a favor da
manutenção de Bona como capital. O Leste do Elba a marcar a história da
Alemanha há centenas de anos, milénios. E um livro interessantíssimo, extremamente
informativo – e que nos faz pensar.
Se o houve, milagre, «foi ousada absorção das poupanças dos particulares, capitalização maciça das empresas e singular abolição do racionamento». Mais/Ou capitais de milionários americanos e bens judaicos roubados, desde casas, obras de arte, incluindo extração dos dentes de ouro, enormes recursos! Só 6,5 por cento da indústria destruída: ao ler S.Wiesenthal, antes do fim, muita riqueza foi escondida (sem extravio dos intervenientes!) para futura construção do 4º Reich.
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
ResponderEliminarAntónio Araújo
A sua resposta revela o excelente juízo condizente com a sua responsabilidade e isso obriga-me também a agradecer.
ResponderEliminar