Semur-en-Auxois,
na Idade Média o Bailio de Auxois, fazia parte do território feudal do Ducado
da Borgonha. Ainda hoje, pertencendo ao departamento de Côte d’Or, é uma
relíquia do património medieval.
O
Museu Municipal é de visita obrigatória. Qual não foi o meu desânimo quando
inesperadamente o encontrei fechado para obras. Só que a amável directora,
Alexandra Bouillot-Chartier, permitiu que ele abrisse por uns momentos para o
Malomil.
É
que o Museu possui um extraordinário fresco representando São Cristóvão. Ele
foi objecto de um estudo aprofundado da historiadora Fabienne Joubert,
professora da Sorbonne e antiga conservadora do Museu de Cluny em Paris (o
Museu Nacional da Idade Média). Citarei o seu estudo.
Este
fresco foi descoberto em 1977. Encontrava-se oculto pelo retábulo da Árvore de
Jessé na Igreja de Notre Dame de Semur-en-Auxois nas fotografias a seguir:
Em
baixo do fresco, uma frase. Muito sumida, foi assim reconstituída:
Christofori sancti speciem quicunque tuetur
Illa namque die nullo languore tenetur
Em português :
Quem
vir a imagem de São Cristóvão
Não
será atingido no mesmo dia por nenhuma doença.
O
estilo da pintura situa-a na segunda metade do Século XIV.
Tem
alguns elementos muito distintivos, nomeadamente um fundo vermelhão ornado por
um sinal muito curioso e enigmático composto por duas letras S de um lado e de
outro de um pequeno tronco.
Há
também a assinalar a atitude muito confortável do Menino Jesus que expõe as
plantas dos seus pés, os redemoinhos provocados na água pelas pernas do santo e
pelo seu cajado, as espécies de peixes, nomeadamente uma enguia.
A
qualidade da pintura permite pensar num autor como Jean de Bruges que esteve
activo na corte da Borgonha do duque Filipe o Audaz, bisavô de Carlos o
Temerário.
Encontram-se
os mesmos S em obras deste pintor. Na primeira ao alto à direita, na segunda no
fundo:
Fotografias
de 25 de Maio de 2022
José
Liberato
S. Cristóvão, um Santo do mundo. Fotos encantadoras
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Saudações poéticas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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