ESCLARECIMENTO
Na crónica “Ser ou não ser cigano, eis a questão!”,
publicada no Observador do passado sábado, 23 de Novembro, escrevi: “Mesmo sendo duro de ouvido e
caixa-de-óculos, nem sequer pertenço à privilegiada minoria que, à conta das
suas deficiências, tem direito a um lugar de estacionamento na via pública”.
Mas, prevendo interpretações alheias às minhas intenções, acrescentei, em Nota
final: “Com este texto não se pretende
(…) desconsiderar (…) os deficientes (…)”.
Não obstante essa Nota final,
temo que o Dr. António Araújo tenha entendido essas minhas palavras como um
insulto às pessoas portadoras de deficiências, ou uma crítica ao seu mais do
que justificado direito a estacionamento privativo na via pública.
Por esta razão, esclareço
que não foi minha intenção ofender minimamente nenhuma pessoa deficiente, como
era óbvio pelo facto de eu próprio me apresentar como portador de duas
deficiências, embora não graves, mas que podem vir a sê-lo.
Nesse texto, mais do que
uma inverosímil ofensa a qualquer minoria, pretendi expressar a incongruência
de estratificar a sociedade em minorias, ou classes de vítimas, não obstante a
muita consideração que me merecem, como não podia deixar de ser, os mais
desfavorecidos. Sem esquecer estas diferenças – sejam elas físicas, étnicas,
raciais ou outras – interessa, a meu ver, sublinhar a comum dignidade humana,
na igualdade de direitos e deveres que a todos, sem excepção, devem ser
reconhecidos. Quando se dá a tónica à razão da discriminação, por legítima que
seja, como é certamente a deficiência física, está-se necessariamente a
desvalorizar o que é essencial e comum: a dignidade humana.
Uma ideologia que
aparentemente privilegia as minorias, na realidade fomenta a discriminação, por
dar mais importância ao que é secundário, em vez de reconhecer a primazia do
que é essencial. Como alguém disse: ‘eu não sou um doente, mas uma pessoa que
tem uma doença’. A sociedade que o Cristianismo propõe e eu, como é óbvio,
defendo, põe o acento tónico na comum dignidade humana, na igualdade de todos,
mesmo que algumas especificidades não possam, nem devam, ser ignoradas. Mas
essas características acidentais – até porque podem não ser definitivas como,
por exemplo, algumas doenças – não devem subsumir o que é essencial.
Era esta a ‘parábola’ que
me propunha transmitir através do meu texto, mas temo que a forma não tenha
sido a melhor. Quero crer que o Dr. António Araújo fará o favor de reconhecer a
legitimidade deste ponto de vista.
Não me acusa a
consciência de nenhuma ofensa a ninguém, mas não sou indiferente ao sofrimento
que, involuntariamente, possa ter causado. A quem padece alguma deficiência, em
si mesmo ou, o que é ainda mais doloroso, no seu próximo, como é o caso do Dr.
António Araújo, peço que me perdoe e que aceite o único que tenho para lhe dar:
a bênção de Deus e, com o meu perdão, uma especial lembrança nas minhas orações.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
graças a deus que sou ateu
ResponderEliminarsafa!!
A estupidez abençoada e salvífica é sempre estupidez. Mesmo ao retardador, como demonstra a Portocarrera criatura.
ResponderEliminarDe facto, que texto mais cretino. Em resumo : combater as discriminações é, para o autor, reforça-las, de onde se deveria deduzir que a regra de igualdade é contraproducente. Não sabe, não quer saber, e tem raiva a quem sabe. Mas não é apenas pelo grau de ignorância e de falta de inteligência que o texto choca, é também pela total desfaçatez e falta de tacto.
ResponderEliminarEsta besta (sem desconsideração pelas bestas em geral) justifica e agradece o escarro que recebeu, e parece que pede por mais. Pois eu quero que não lhe falte nada, e junto com prazer o meu ao do Antonio Araujo e dos demais comentadores. E' que não ha paciência para tanta parvoice. E finalmente, amigos ateus, sejamos equânimes e não ponhamos os evangelhos ao barulho, que eles não têm culpa nenhuma de existirem alimarias destas.
Boas
«Pior ainda, sou padre. Ora, é sabido que esta gente é, segundo a comunicação social, do piorio. Um qualquer engenheiro comete um crime e, na imprensa, a sua profissão e título académico são silenciados(...). Mas se um sacerdote for acusado de um hediondo crime (...) a comunicação social publicitará a sua condição sacerdotal.»
ResponderEliminarClaramente, o douto sacerdote é tão sensível à subtileza das questões como um rolo-compressor a alisar asfalto. À parte do cuidado que todos os seres humanos devem ter para com as crianças, intrinsecamente incapazes de se defenderem como adultos, os sacerdotes têm, por inerência, dever acrescido de zelar pelos indefesos. Assim sendo, é óbvio que um crime deste tipo praticado por um sacerdote é mais digno de nota que pelo engenheiro, padeiro, ou limpa-champinés da zona. Mais a mais quando várias instituições religiosas se viram embrulhadas num gigantesco escândalo de pedofilia, na qual fora absolutamente cúmplices e culpadas de encobrimento. A menção na imprensa faz, portanto, mais do que parte do "eixo explicativo do essencial da notícia".
Esta insensibilidade do senhor Padre é patente em toda a crónica, porque a tal «inverosímil ofensa a qualquer minoria» não é, no fundo, mais que uma grande falta de senso comum e decência.
Quem nunca "pecou" (errou) - pode chamar besta a outrem. Assim...é anticlericalismo puro e duro. O que sendo ateu, não posso ser, devido a "saber de experiência feito", com todos os que contactei. Lucky me ?
ResponderEliminarPortanto, como toda a gente peca, ninguém pode chamar besta a ninguém, é isso? Isso é um bocado limitativo para os católicos, que acreditam no pecado, coitados. Vá lá que eu não sou católico.
EliminarNoto o reparo, que agradeço, mas com todo o respeito, julgo que no principio que cita, esta a omitir uma parte importante, bastante pertinente neste caso : "errare humanum est, perseverare diabolicum".
EliminarBoas
O senhor prior aprendeu bem as lichõejinhas de retórica no seminário.
ResponderEliminarConvém avisar o senhor padre que:
ResponderEliminar1. não há pessoas deficientes, como ele as classifica, mas pessoas portadoras de deficiências.
2. não há raças, pelo que falar em diferenças raciais só se aplica a outros mamíferos, como os cães.
PS: como é que se pode ser assim em pleno 2019... ai se Cristo voltasse, tanto vendilhão do Templo que teria de vassourar...
Mário Cordeiro
O Sr Pe, padece de "HUBRIS". E cede à laracha.
ResponderEliminar"...que tenho para lhe dar: a bênção de Deus e, com o meu perdão, uma especial lembrança nas minhas orações" - não passa de um modo, algo farisaico, de mandar f... O que até tem certa piadola. Sei, de fonte certa, que tem tineta bem humorada. Mas com atribuem sua gracioasa majestade britânica, por aqu: "we are not amused" :)