segunda-feira, 15 de junho de 2020

A braços com os abraços.





Há as vozes, há os ecrãs, há as palavras. E há os abraços, o impulso do abraço, tão difícil de conter com os vivos. De travar ao vivo e de deixar oco ao longe. Não é que as palavras sejam incolores, mas às vezes o coração esquece, ou ignora, o afeto que a mão inscreve. De tempos a tempos são precisos abraços. Abraços-abraços.

De Temps En Temps, de Josephine Baker, que calhou saber dar a “embrasser” o sentido mais amplo que a palavra comporta -- do amor, da amizade, da empatia, da solidariedade. Ela que se recusou a atuar perante plateias racialmente segregadas nos EUA, que aí se envolveu nas lutas pelos direitos cívicos e ajudou depois a resistência em França, seu país adotivo, durante a segunda guerra mundial. Com a qualidade que era a sua, e se faz rara no circo do mundo, de não confundir o acessório com o essencial.




Manuela Ivone Cunha






1 comentário:

  1. Confesso que tenho saudades de um abraço. Muitas mesmo.
    Gostei de ouvir o vídeo
    .
    Uma semana feliz
    Deixando uma 🌹

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