Mário
Mesquita – da personagem jornalística singular a uma excursão narrativa da sua
exemplar deontologia1
O risco de não chegar a tempo de participar
no volume de homenagem ao Mário Mesquita é um quase pesadelo que me tem vindo a
perseguir nos últimos tempos. Não quero sequer pôr a hipótese de não estar presente
em tão merecida celebração, pois conto o homenageado na lista das pessoas que admiro
profundamente e de quem sou grande amigo, as duas coisas em simultâneo.
Dele ouvi primeiro falar quando ainda
vivia nos Açores na década de 60. Os nossos universos eram distintos e não se cruzavam.
Os meus anos lectivos eram passados na Terceira, no Seminário Episcopal, enquanto
os dele, três anos mais novo (o que, quando se é jovem, faz muita diferença) eram
vividos no Liceu de Ponta Delgada. Dada a inexistência, nesse tempo, de ensino
superior nos Açores, o Seminário de Angra e o Liceu de Ponta Delgada constituiam
dois activos focos de aglomeração e intervenção intelectual e cultural no arquipélago.
O Liceu Antero de Quental como que fazia jus ao seu nome produzindo uma plêiade
de alunos, vários dos quais, para além da sua excelência académica, se notabilizaram
pela actividade política naqueles anos. Foi o caso de José Medeiros Ferreira,
Eduardo Paz Ferreira, Jaime Gama, João Bosco Mota Amaral, Paulo Jorge Melo2
(se recuarmos um pouquito, chegamos a Sacuntala de Miranda, Bruno da Ponte,
Mário Barradas e António Valdemar, por exemplo3). Um dos mais novos
dessa ínclita geração foi Mário Mesquita, que emergiu no final dos anos 60, quando
os seus predecessores já estavam em Lisboa, ou até no exílio, como acontecera
com Medeiros Ferreira que, expulso da universidade portuguesa, se vira forçado a
ir estudar para a Suíça.
Foi quando eu já estava em Lisboa,
no início da década de 70, que um dia fui contactado por Mário Mesquita sugerindo
um encontro. Não descubro outra explicação para essa ocorrência a não ser aquela
força magnética que, em Portugal continental, une os insulares. E deve ter sido
ela mesma que, a partir desse momento inicial de aproximação, continuou a alimentar
os nossos contactos subsequentes. Na verdade, algum tempo depois eu partia de férias
de verão, em visita a meus pais nos Estados Unidos (estávamos em 1972) e Mário
Mesquita, que na altura trabalhava na redacção do República, pediu-me
para enviar umas crónicas acerca da campanha eleitoral. O Presidente Nixon candidatava-se
à reeleição e George McGovern iria ser o candidato do Partido Democrata. Correspondi
ao pedido com não me recordo quantas crónicas, porque acabei quedando-me pelas
Américas, decidido a não regressar a Portugal por razões que não cabe agora enumerar.
Entretanto, o 25 de Abril surpreendeu-nos
a todos. Só me lembro de o nosso contacto ter sido reatado quando o Mário
Mesquita, já director do Diário de Notícias, provavelmente o mais jovem
de sempre dos directores de um diário português, me convidou a colaborar na página
“Cultura”, então um espaço de intervenção com influente presença no país. Algum
tempo depois, revelando uma consciência preclara para a época, solicitou-me sugestões
de nomes para correspondentes do jornal na Costa Leste e na Califórnia, onde residem
fortes comunidades portuguesas, maioritariamente açorianas. Recomendei-lhe
Eurico Mendes, jornalista do Portuguese Times, de New Bedford, que durante
décadas se fez presente no Diário de Notícias com bem informadas crónicas,
e Vamberto Freitas, na Califórnia. Sobre este último, acrescentei na altura que
dele se poderia esperar colaboração mais alargada, uma vez que estava já fazendo
notáveis incursões no campo da crítica literária especialmente dedicada à escrita
luso-americana e também à norte-americana.
Aceites ambas as sugestões, o espaço
que lhes foi concedido no Diário de Notícias permitiu uma significativa presença
luso-americana no jornal, num momento em que a predisposição dominante em
Portugal estava entusiasmadamente voltada para o Leste europeu e, depois, para
a Europa Central.
Nesses idos tempos, os jornais não circulavam
com facilidade. Chegavam-me alguns à Biblioteca da Brown – o Expresso, por
exemplo – mas os diários eram visita muito esporádica. Só recebida quando um viajante
amigo se lembrava de trazer uns quantos exemplares, ou quando o senhor Pedroso
do Friends Market, no centro do antigo bairro português de Fox Point onde nasceu
a minha avó paterna, conseguia obter alguns, não sei bem por que processos. Mas
exibia-os sobre o balcão e disponibilizava-os aos visitantes da sua hoje mítica
loja.
Tenho ideia de ter sido quando Mário
Mesquita me ofereceu um exemplar de Deve & Haver4,
colectânea de crónicas e notas suas recolhidas da imprensa, que me rendi e
transformei em incondicional leitor. Aquela escrita cativou-me de imediato por
quatro razões misturadas entre si, sem possibilidade de elenco em qualquer
pré-determinada ordem: a perspicácia de observação, a precisão de pensamento, a
fina ironia e a escorreiteza de estilo, bebido nos melhores clássicos. Três
anos mais tarde, um novo volume – A Regra da Instabilidade5,
uma recolha de editoriais – confirmou, definitivamente para mim, uma imagem de
marca. Mário Mesquita era atentíssimo e destacado observador da cena nacional,
social e política, e senhor de uma prosa que se inseria na melhor tradição jornalística
em que o país é notoriamente rico. Se em Deve & Haver havia já
ficado mais do que patente estarmos em presença de um notável cronista e
comentador político-cultural, A Regra da Instabilidade inscreveu o nome
de Mário Mesquita na elite dos cronistas portugueses da actualidade. Por minha
parte, não sei já quantas vezes citei desse livro a magistral análise do
comportamento do ciclista Joaquim Agostinho, que Mário Mesquita arvorou em
modelo prototípico de uma significativa camada do povo português. Não resisto a
evocá-la de novo:
Dos actuais “ídolos” do desporto português, ciclista
veterano de uma Nação velha, é o que melhor se identifica com as forças e
fraquezas dos seus contemporâneos. Nesta terra onde o desporto, como tudo o
resto, é o culto do acaso, Agostinho é o desportista descoberto graças a um
compadre que o observava nas corridas da aldeia; é o espelho da tenacidade
perseverante que o há-de manter em competição até aos quarenta anos. Para uma
nação sem planos e sem projectos, Agostinho é o protótipo da força e do talento
desorganizados.
A imagem de Joaquim Agostinho, ciclista do azar e da
sorte, dobrado sobre a bicicleta, a ensaiar a recuperação de mais uma queda
inexplicável, será um símbolo deste País de emigrantes e improvisadores – símbolo
mais vivo e representativo, para os estudiosos da vida quotidiana dos
portugueses no ano de 1980, do que tantos outros que terão direito a estátua na
praça pública ou darão nome a ruas de Lisboa.6
Regresso ao meu percurso de
cruzamentos com MM, agora nos anos após a direcção do Diário de Notícias.
Os encontros sucederam-se, a admiração e a amizade misturaram-se cada vez mais,
sem todavia nunca o meu juízo sobre a superior qualidade do seu trabalho se ter
deixado perturbar pelo enviesamento que as cumplicidades criam. Procurei sempre
usar de discernimento e separar as águas, quer com ele quer com outros amigos,
servindo-me do apoio de critérios vários que me ajudam nesse processo
complexo.
A sua partida para a Universidade de
Louvaina com vista a um Mestrado em Comunicação Social acrescentou à vida de
Mário Mesquita um elemento que nos uniu ainda um pouco mais: a partilha da
experiência diaspórica. Ele talvez não tenha notado esse outro motivo de
aproximação entre nós, todavia eu senti-o especialmente. Podíamos em comum
olhar Portugal de fora, nunca deixando de continuar a senti-lo a partir de
dentro.
A acutilância do seu espírito
analítico-crítico, de acentuada veia irónica, desenvolveu-se numa nova linha, a
da reflexão sobre ética da comunciação social, durante o período em que foi
Provedor dos Leitores do Diário de Notícias. A acuidade e profundidade
das suas análises e do seu criterioso juízo ético está mais do que patente nas
páginas do livro O Jornalismo em Análise – A coluna do Provedor dos Leitores
(Coimbra, Minerva, 1998). Basta ler alguns textos para nos apercebermos da
exemplaridade modelar desta escrita do género.
A experiência universitária
permitiu-lhe, entretanto, catapultar os seus múltiplos talentos para um plano
superior. Começaram a surgir ensaios sobre a sua área de especialidade, numa
linguagem a primar pela ausência de jargão, pecha quase tão inevitável quanto
tomada como intrinsecamente necessária ao progresso na carreira académica. Tais
ensaios revelavam algo que sempre prezei: o rigor de pensamento manifestado
numa escrita límpida e de cristalina transparência. O traquejo jornalístico,
aliado ao seu gosto literário, permitiam-lhe agora elaborar textos densos,
revelando aprofundadas leituras em diversas áreas de especialização associadas
com o jornalismo e a comunicação social, numa escrita analítica plena de finura
e de cativante, embora contida, elegância. O grosso volume de ensaios O
quarto equívoco – o poder dos media na sociedade contemporânea7
- constitui uma vigorosa demonstração das afirmações atrás conscientemente
expressas. Basta folhear-lhe o índice para nos darmos conta da alargada
dimensão da temática abordada, tudo questões intimamente conectadas. Depois, é
só ler, quase indiscriminadamente e sem nenhuma ordem especial, os capítulos
mais apelativos. Cada um entra por um ângulo particular da problemática nuclear
da comunicação social e vai solidamente rasgando horizontes, abrindo
constantemente para questões colaterais que são desenvolvidas noutros
capítulos. Não se trata de um compêndio, mas de um grosso conjunto de ensaios
individuais guiados por um conjunto de preocupações coerentemente interligadas.
O volume poderia muito bem ter sido
dividido em dois e, se a mancha de página não fosse tão densa, poderia
efectivamente ter resultado em dois avolumados tomos. Qualquer deles
constituiria de per si uma tese de doutoramento. Conhecedor, porém, de uma
distintiva marca da sua personalidade, o perfeccionismo, que o impedia
eternamente de dar por terminada a tese por, segundo ele, estar ainda muito
longe da almejada perfeição, sugeri-lhe que organizasse esse volume em jeito de
dissertação de doutoramento e o apresentasse a uma universidade.
Impossível, porém, convencer o Mário
(nesta altura já posso deixar cair o sobrenome pois tenho-o por amigo muito
próximo). Para ele, senhor de uma ética absolutamente irrepreensível (ainda não
me referi a essa faceta da sua personalidade, mas não posso esquecê-la e
prometo lá chegar), a minha sugestão soava a truque imoral ou a saída
truculenta, a esquema matreiro ou a esperteza saloia, ou, sei lá, a
desenrascanço tipicamente luso roçando a aldrabice.
Bem que tentei demonstrar-lhe, por
escrito, a qualidade dos seus textos sobre o sujeito enunciador da narrativa
jornalística, bem como sobre outros aspectos intimamente relacionados com o
problema da objectividade. No fundo, ambos os temas eram duas vertentes do
mesmo problema, o da envolvência da subjectividade na busca de uma escrita que
se pretende objetiva. Questão candente e actualíssima, que aliás me interessava
particularmente, pois cedo eu próprio me envolvera e apaixonara mesmo pela
questão da objectividade nas ciências sociais, a ponto de me ter lançado na escrita
de uma tese sobre a questão da ideologia. Lembro-me perfeitamente de ler esses
escritos do Mário numa altura em que me embrenhara a sério nessa probemática
então aplicada à História, e sobre a qual até eu dera, no Departamento de
Teoria e História das Ideias da Universidade Nova de Lisboa, um seminário
precisamente sobre a questão da objectividade, analisando quatro obras na
altura muito debatidas nas universidades americanas8. Refiro este
pormenor para acentuar o facto de ter sentido, ao contactar em directo com os
ensaios de Mário Mesquita, que da sua perspectiva teórica ele estava
articulando e aprofundando a longa experiência acumulada na sua própria vida
profissional, em perfeita sintonia com a problemática e as abordagens que então
dominavam os debates anglo-americanos. Em Lovaina, Mário Mesquita conheceu e
studou a fundo a obra de Paul Ricoeur, que se tornou a sua principal referência
teórica. Ricoeur foi, no seu tempo, o filósofo da tradição continental europeia
mais em diálogo com o pensamento anglo-americano.
Intromete-se aqui uma magnífica e
marcante experiência de vida que me foi proporcionada, graças a uma iniciativa
de Mário Mesquita, que de então para cá com muita frequência refiro como
constituindo uma das minhas grandes aprendizagens sobre a questão da
objectividade.
Em 1990, MM tinha sido convidado a
dirigir o então renovado Diário de Lisboa e, nessa qualidade, organizou
um originalíssimo colóquio de revisitação do 25 de Abril visto pela comunicação
social. Convidou jornalistas de todo o mundo que tinham feito a cobertura da
revolução e dos eventos durante os anos quentes que lhe sucederam.
Pedira-lhes que, em retrospectiva, fizessem uma avaliação do trabalho por eles
então realizado. Recordo a presença de representantes de The New York Times,
da TVE, do Le Monde, do Izvestia, entre tantos outros. Nesse
evento participaram também actores da revolução, como Vasco Lourenço, Otelo
Saraiva de Carvalho e o General Costa Gomes. Foi fascinante verificar como os
jornalistas já não viam os acontecimentos como os tinham descrito na altura.
Além disso, também os ouvimos desculparem-se confessando que as reportagens
enviadas para as redacções nem sempre correspondiam ao que vinha a público.
Ainda assim, o mais espantoso para mim foi ouvir os próprios intervenientes no
processo revolucionário discordarem entre si sobre o que tinham dito ou feito.
Aqueles dias no Forum Picoas constituiram para mim uma fabulosa e inesquecível
lição. Dela dei notícia na crónica quinzenal que então publicava no Diário de
Notícias9.
Durante anos, insisti com
Mário Mesquita que impusesse a si próprio uma curta paragem de um semestre, a
fim de se recolher a um ambiente propício à investigação e poder terminar a
tese. Sugeri-lhe a Brown University e tratei de oficializar um convite, que lhe
foi entregue. A oportunidade dar-lhe-ia a acrescida vantagem do livre acesso à
bibliografia anglo-americana que, na verdade não lhe trazia nada de
particularmente novo, mas lhe permitiria demonstrar exactamente isso: que o
substracto teórico de toda a sua pesquisa estava inteiramente em harmonia, e
à la page, com o diálogo internacional em vigor. Numa viagem aos EUA em que
fez algumas intervenções em universidades, na Brown University apresentou uma
comunicação sobre o sujeito no discurso jornalístico que deu azo a profundo e
animado diálogo com o público, professores e alunos de pós-graduação que, em
literatura, se ocupavam das mesmas questões. Se dúvidas prévias tivessem havido
sobre a qualidade académica do conferencista, elas ter-se-iam dissipado em
absoluto para rapidamente darem lugar a um sentimento geral de admiração e
apreço.
Não estou a precisar datas porque
estes nossos diálogos arrastaram-se ao longo de anos e confesso que não
conseguiria ser muito exacto nos dados, se tivesse de explicitá-los. Todavia um
dos factores-chave terá sido a sua nomeação para a Directoria da Fundação
Luso-Americana. Esse facto veio proporcionar-me renovado contacto frequente com
ele. Nos seus anos de intervenção na criação e desenvolvimento da Escola de
Jornalismo da Universidade de Coimbra os nossos encontros tinham-se espaçado,
já que as minhas idas a Lisboa frequentemente coincidiam com as suas
deslocações a Coimbra. Depois, na qualidade de membro do corpo directivo da
FLAD, assumiu o que considero uma acertada visão da relação de Portugal com os
Estados Unidos tendo como base de apoio fundamental as comunidades açórica e
luso-americana na América do Norte. Por essa razão, vi-me envolvido nalguns dos
seus projectos, como por exemplo o da intensificação de intercâmbios
universitários de professores e alunos dos dois países, mas também a outros
níveis, como o aproveitamento do legado cultural deixado pela Família Dabney
nos Açores, e o estabelecimento do Forum Roosevelt.
Pode não parecer, mas não foi meu
propósito vir para aqui escrever a bibliografia de Mário Mesquita. Se fosse
esse o caso, muitíssimo mais haveria a dizer. Pretendi tão-só saltitar entre
cruzamentos das nossas trajectórias de vida.
Atrás indiquei a intenção de referir
a dimensão ética que atravessa toda a carreira de MM. De resto, quem o conhece
de perto dispensa qualquer elaboração nesse domínio. Afirmo-o com base em
repetidas experiências de conversas com amigos comuns, com antigos alunos seus
e outras pessoas das suas relações profissionais e pessoais. As preocupações
éticas de MM levaram-no desde muito cedo a desligar-se de poderosos nexos
políticos que o teriam inevitavelmente catapultado aos mais altos cargos na
vida pública nacional. Bem conhecedor das facilidades de que poderia ter
beneficiado, MM demarcou-se do poder (dos poderes e/ou poderosos) sempre que a
sua consciência lhe impôs limites a certas formas de relacionamento e
colaboração. Regendo-se por valores e princípios herdados em casa (MM
emociona-se, muitas vezes sem o revelar abertamente, quando fala ou lhe referem
a figura tutelar de seu pai, que nele teve uma enorme influência). A sua
entrada no Diário de Notícias como o mais jovem director de sempre de um
diário português, quando aquele jornal ainda estava atolado em turbulentas
tempestades políticas, revelou às partes envolvidas nos diversos litígios
acumulados ao longo dos anos que podiam confiar no novo timoneiro do jornal, e
que a sua idade em nada afectaria a sua performance. O carácter moral de MM
impôs-se desde o começo como um nobre aliado das suas inegáveis qualidades de
jornalista. Em pouco tempo, o jornal readquiria o seu antigo estatuto de voz
autorizada a merecer devida atenção. Em curto tempo também, os jornalistas da
casa tornaram-se seus aliados, não poucos deles juntando-se a uma crescente
lista de admiradores.
A sua digna postura ética
testemunhei-a eu sempre, tanto nos momentos altos como nos de adversidade que a
vida sempre oferece a qualquer. MM manteve sistematicamente altos os padrões
morais que o regem, e isso permitiu-lhe equilibrar a justiça devida a todos com
a liberdade a que têm direito, usando de uma isenção que, não sendo imparcial
pois ninguém o é na medida em que todos somos entes subjectivos e com valores
próprios, não se refugiou nunca em alienante neutralidade. Tomou sempre as
posições que lhe pareceram as mais equitativas e consentâneas com os seus
ideais de respeito pelos outros, por vezes em detrimento dos seus próprios
interesses.
Tenho essa como uma das marcas
idiossincráticas da personalidade de Mário Mesquita, pois trata-se não de uma
cereja em cima do bolo mas de um elemento estruturante do seu modo de estar e
de ser. Pressenti-o de imediato desde o nosso primeiro encontro há cinquenta
anos. Meio século de convívio apenas solidificou essa impressão inicial.
Convenhamos ser tempo mais do que bastante para reconhecer que nos Deves
& Haveres de Mário Mesquita é essa a sua indelével Regra da
[Es]tabilidade.
Onésimo Teotónio Almeida
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