Ontem
falei do livro Losing Earth¸ e é
importante percebermos como chegámos aqui, o que poderia ter sido evitado e não
foi. Para sabermos como devemos agir no presente, evitando erros pretéritos. Um
debate interessante tem a ver com os comportamentos individuais de cada qual, e
Bárbara Reis publicou há duas um belo texto sobre isso. Numa crónica da semana passada no Guardian, Oliver Burkeman citava um texto famoso de 2005, da autoria
do filósofo Walter Sinnott-Armstrong. Vale a pena lê-lo, chama-se «It’s Not My Fault: Global Warming and Individual Moral Obligations». Sinnott-Armstrong não nega a existência de alterações
climáticas, ao contrário de muitos idiotas e criminosos. Nega, isso sim, que
cada um de nós tenha a obrigação individual, de um ponto de vista ético, de contribuir
para o combate contra as alterações climáticas. A resposta de Burkeman é sintética,
mas acertada: a questão não é tanto a de saber se o esforço individual de cada
um faz, de facto, alguma diferença (quanto a mim, faz, quer pelo contributo que
sempre dá, quer como expressão de preocupação e empatia com os outros e com o mundo
envolvente). A questão, diz Burkeman e bem, não é racional, é acima de tudo
emocional, tem a ver com o amor, o nosso amor à Terra. Mesmo que racionalmente
não haja motivos para ter um comportamento amigo do ambiente, o amor mundi de que falava Hannah Arendt
parece-me um bom argumento para mudar de vida. Antes que a vida acabe, de uma
vez por todas.
Tão bom.
ResponderEliminarObrigado.
Vou ter de linkar.
Obrigado!
ResponderEliminarAntónio Araújo