Eu,
turista, me confesso estúpido, não estando só, porém, nesse meu sentimento. O
turistame, todo ele, nacional e estrangeiro, está assim a modos que uns furos abaixo da humana
condição, como bem diz meu amigo Zé Lima. Pois não é que não vi ninguém,
absolutamente ninguém, na exposição do Torreão? Lá fora, uns francesitos delinquentes
martirizavam a calçada com os seus skates,
nas arcadas da praça muito papel e cartões, lixo acumulado, barulho, confusão – eram as quatro da
tarde de um dia de Agosto. Enfim.
Antes
de mim, tinha lá ido observador atento, José Liberato, que acima de tudo
recomendara a visão da pintura magnífica: A Vista de Lisboa do Castelo de
Weilburg (ver aqui). O que recomendo, e recomendo muito? Aquilo não é pintura para dar uma
mirada e andar. Não. É uma representação de Lisboa ao tempo da entrada triunfal
na cidade do rei Felipe II, 1619. Tem de se ver a pintura com calma, pois tem
muito e muito para dar. Mas a gente, claro, só consegue perceber o que o quadro
tem para ofercer se souber alguma coisa do muito que há para saber. Em boa hora
a CML, noutras cousas tão cruel, editou o livrinho Praça Universal de Todo o Orbe, coordenado por Pedro Flor. Comprar
o livro, ler os seus textos e levá-lo enquanto se vê o quadro, sobretudo a um
roteiro da pintura feito por António Miranda. Não desfazendo, claro, noutros
ensaios maravilhosos, entre os quais o do grande Miguel Metelo de Seixas, a
quem mando daqui um abraço de muita e velha amizade. Adiante. Graças ao livro,
ver o quadro é outra cena, bastante animada, na caça dos detalhes infindos. Topam-se edifícios antigos, como o
Convento da Graça, o acidente geológico da Bica, etc, etc. Soube ali que em
algumas casas da Bica ainda existem placas com referência à Sé ou a Santa Maria
Maior, pois eram propriedades foreiras do Cabido da Sé. E a Senhora do Monte,
que data de 1147, data da tomada aos mouros? Muita coisa ali a vemos, Lisboa
pré-terramoto desvenda-se diante dos nossos olhos, maravilhados de espanto.
Atenção, a pintura não está cá, está no estrangeiro, pelo que convém vê-la, é
visitante ocasional e fugaz desta Lisboa. Como os turistas aos molhos, em passo apressado.
Apresse-se, a exposição fecha em Outubro.
Obrigado pela sugestão! (da exposição e dos guias interpretativos!)
ResponderEliminarObrigado eu, espero que goste.
ResponderEliminarMuito cordialmente,
António Araújo