Em
tempos idos, Malomil dedicou muita atenção a estas coisas do brutalismo
arquitectónico soviético. A moda passou um pouco, mas há sempre alguém que resiste.
Dois livros. Eastern Blocks é um álbum
com mais de 100 fotografias de arquivo da Zupagrafika ou tiradas por fotógrafos
locais em Moscovo, Berlim Leste, Varsóvia, Budapeste, Kiev e São Petersburgo.
Blocos monumentais, o cinzento-betão a erguer-se da neve, o que impressiona é a
uniformização e a padronização do estilo: tudo igual, sem sermos capazes de
dizer se uma fotografia é de Moscovo ou de Varsóvia. O Bloco Leste fazia-se
disso mesmo: como todos os impérios coloniais, era essencial que a paisagem
visual e arquitectónica fosse idêntica, rigorosamente igual, pois só assim se
transmitia a ideia – e a imagem, a fachada – de unidade. Os tristes habitantes
do império sentiriam que estavam sempre no mesmo lugar, que a casa socialista era
muito grande, que o sovietismo era um espaço imenso, abarcando milhares de
quilómetros quadrados.
Ia
até à Ásia. É disso que trata Soviet Asia,
da autoria dos fotógrafos italianos Roberto Conte e Stefano Perego Da Fuel,
muito dada a estas coisas. As antigas repúblicas soviéticas do Cazaquistão, do
Quirguistão, do Uzbequistão e do Tajiquistão. Uma vez mais, o mesmo estilo,
inconfundível. A mesma marca, férrea, de Varsóvia aos confins da Ásia Central
(ainda que, neste caso, com uma mescla de influências persas e islâmicas, como
se pode ver nas imagens supra).
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