Sein und Zeit.



1900, a primeira.



1909



1915

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1917



1927



1935



1940



1942, a última.



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Encontrei esta história no livro de Douwe Draaísma Porque é que a Vida Acelera à Medida que se Envelhece. Sobre a Memória Autobiográfica (trad. portuguesa, Lisboa, Relógio D’Água, 2009, pp. 129ss). Pode ler um excerto aqui e um interessante comentário aqui.

Desde o primeiro aniversário do seu casamento, em 1900, o casal berlinense Richard e Anna Wagner fez-se fotografar na noite de Consoada, enviando a fotografia como cartão de Boas-Festas aos amigos. Fotografaram-se todos os anos, de 1900 a 1942. Anna morreria em 1945 e, nesse ano, Richard, um funcionário dos caminhos-de-ferro e aficionado fotógrafo amador, captaria uma derradeira imagem da mulher com quem esteve casado 45 anos. Nas imagens, o cenário e o enquadramento praticamente não mudam: o casal, com Anna à esquerda e Richard à direita, a árvore de Natal, uma mesa, presentes próprios da quadra. Aparentemente, todas as fotografias mostram o mesmo. Mas, de 1900 a 1942, o tempo mudou, e a passagem dos anos é visível no casal Wagner. Em cada imagem, encontramos ainda subtis diferenças: na primeira fotografia, a jovem Anna brinca com o gatinho Mietz; em 1915, um mapa mostra o avanço das tropas alemãs na Grande Guerra; vemos aparelhos, sobretudo electrodomésticos (em 1927, um aspirador eléctrico da marca Progress; em 1935, um aquecedor eléctrico; em 1937, um rádio do tipo Volksempfänger). Richard morreu em 1950, com 77 anos, poucas semanas antes do Natal. O conjunto de fotografias, de que aqui se publica uma ínfima parte, foi encontrado quase meio século mais tarde, num sótão da ex-Berlim leste, na casa de uma amiga dos Wagner.

As fotografias foram tiradas sempre no mesmo dia do ano. Apenas mudaram os anos em que foram tiradas. O casal Wagner não teve filhos. Eu tenho. As minhas filhas mais novas ainda não percebem muito bem o que significa o passar dos anos. Feliz o tempo de quem o desconhece.

António Araújo