Fúria Divina,
2009
Em
substituição de Luís Afonso, mortalmente lesionado em A Vida Num Sopro, Tomás
Noronha saiu do banco e regressou de novo aos relvados no ano de 2009, com Fúria Divina. Apesar do título (e de uma
bomba nuclear prestes a explodir em Manhattan), o livro não é nada furioso – e
muito menos divino. Em matéria sexual, então, é de uma pacatez confrangedora. Em
todo o romance, a única cena de sexo explícito acontece numa prisão egípcia,
quando um dos reclusos é forçado a masturbar-se e a sodomizar o irmão, entre
lágrimas (de ambos). Mas mesmo nessa cena pungente de amor fraternal tudo é
tratado com delicadeza e muita elevação. Vejamos. Os guardas prisionais
convocam um dos irmãos Walid e ordenam-lhe que se masturbe, utilizando palavras
corteses e eufemísticas (“Massaja-te nas partes baixas!”), muito diferentes,
por exemplo, do “dar à mão” que a rude soldadesca portuguesa usava nas
trincheiras da Flandres (A Filha do
Capitão, p. 294). Depois, determinam a Walid que actue, mas novamente numa
linguagem extremamente correcta, apesar de firme (“Sodomiza-o!”). Não se ouviu
uma palavra obscena nas masmorras de Mazra Tora, quando tudo apontava para que
as coisas se processassem de uma forma menos digna, até imprópria.
Encontrando-se numa das mais cruéis prisões do mundo, “último degrau do
inferno”, o Walid mais velho estava naturalmente “encurralado e sem
alternativas”, pelo que, obedecendo à voz de comando, massajou as partes baixas
e baixou as calças. A seguir, sabemos apenas que se escutaram “gemidos de dor”,
acompanhados de um “choro convulsivo dos dois irmãos”, lágrimas certamente
ditadas por razões distintas: o mais velho, pela vergonha de ter baixado as
calças na presença dos outros reclusos; o mais novo, por se encontrar numa
posição algo desconfortável, permanecendo “nu e de gatas no meio da cela” (p.
256).
É certo que, na página 169, aparece
inopinadamente “uma ruiva a fazer sexo oral.” Ao ver aquilo em close up, Tomás, sempre alarve, exclama:
“Caramba!” Simplesmente, tratava-se de uma fotografia de um site pornográfico, em que, por trás da
ruiva, a Al-Qaeda tinha escrito a seguinte obscenidade, fortíssima:
6AYHAS1HA8RU. Também é certo que em Fúria
Divina há, como sempre, uma bomba de serviço. Rebecca Scott, de
nacionalidade norte-americana, é uma operacional da CIA que partilha com todas as personagens femininas de José
Rodrigues dos Santos duas características físicas essenciais: uma aparência
encurvada e protuberâncias mamárias reviradas para cima. Despindo-a com o
olhar, Tomás descobre que o corpo de Rebecca se “desenhava curvilíneo como uma
viola”, a par de “seios pequenos mas arrebitados”. Se os seios da Lena do Codex eram arrebitados, se os da Nadezhda
de O Sétimo Selo também o eram, se os
da Raquel de O Último Segredo também
o serão, doutra forma não poderiam ser, ainda que num modelo mais pequeno, os
seios da Rebecca de Fúria Divina. Era
uma “brasa”, na definição incendiária de um alto quadro da CIA (Frank Bellamy,
que esteve com Einstein no projecto atómico de Los Alamos, em 1945, e permanece
no activo, muito dinâmico e globetrotter,
em pleno século XXI). Rebecca exibia “cabelos cor de trigo”, uma “cabeça cor de
palha” ou, se quisermos, um “cabelo louro que parecia palha”, muito parecido
com o “cabelo loiro, tão claro que parecia palha”, da drª Nicole Thorn d’O Anjo Branco (p. 279). Tinha Rebecca, além disso, uns “lábios
suculentos e apetitosos como morangos” e “grandes olhos azuis” (isto na página
115; na página 163, mantém “grandes olhos azuis”, cambiando para “olhos azuis
brilhantes” na página 253, mas com regresso a “grandes olhos azuis” na página
266, iguaizinhos aos “grandes olhos azuis” usados pela italiana Valentina na
página 522 de O Último Segredo e pela
rodesiana Nicole na página 279 de O Anjo
Branco).
Indo ao encontro das legítimas
expectativas dos leitores, que pagaram bilhete para assistir a mais um livro de
Rodrigues dos Santos, o professor Tomás Noronha, “predador de fêmeas”, tenta a
sua sorte junto de Rebecca. Galanteador e refinado, começa por lhe dizer, enquanto
comiam um gelado em Veneza, que adorava exercitar línguas, o que obriga a
rapariga, obviamente, a pô-lo na ordem (“Reserve a sua língua para o
sorvete.”). Até à página 294 a única coisa que conseguira extrair da norte-americana
fora um “esgar perplexo”, algo que acontece com frequência a quem leia qualquer
obra ficcional de José Rodrigues dos Santos. Tomás franze o sobrolho na página
294 e, logo a seguir, na página 296, Rebecca morde o lábio, mas nada de mais
íntimo ocorre entre os dois até ao fim do romance. Quando tudo apontava para
outro desenlace, mais escaldante, e Tomás já sentia “uma erecção monstruosa e
incontrolável a formar-se-lhe nas calças” (p. 575), na página derradeira
quebra-se o suspense: Rebecca era
lésbica e sai de Fúria Divina abraçada
a Anne (“Oh baby!”, “Honey!”), mergulhadas na boca uma da
outra. As duas últimas palavras do livro definem magistralmente os sentimentos
do protagonista e, já agora, de todos os espectadores: “desilusão completa”. Fúria Divina, de facto, é frustrante em
vários planos, com realce para o da sexualidade: será, porventura, o único
romance deste género em que o actor principal passa o filme a tentar seduzir a
sua companheira de aventuras para descobrir, ao virar da última página, que a
musa não estava nem aí, jogando no campo oposto. Foi um artifício inteligente
de Rodrigues dos Santos para se furtar a escrever sobre sexo, indiciando que as
feridas provocadas pela sopa de peixe do magistral Codex 632 ainda não sararam por completo. Sim, há uma cena arrojada
no Monte da Caparica, em que intervêm Ahmed e Adara. Se, em A Fórmula de Deus, Tomás encontrara nas
margens de um lago tibetano “a abertura quente e húmida” de Ariana (p. 379), em
Fúria Divina Ahmed detecta na margem
Sul do Tejo a “abertura quente” de Adara (p. 368). Fê-lo, como sempre, de forma
desastrada e inepta, após meter a mão “desajeitadamente pela parte de baixo do
vestido”. De seguida, como uma serpente pérfida, “deslizou para cima dela” e,
como um vulgar gatuno, “fez força para entrar”. O próprio narrador reconhece
que “a coisa não resultou” e só através de um novo investimento, à maneira
tauromáquica (“voltou a investir”), o acto se consumou. Tratou-se, porém, de
“uma refrega rápida e atabalhoada”, ficando Ahmed e Adara “com o casamento em
banho-maria”.
É assim a sexualidade na versão 2.0 de Rodrigues dos Santos: rápida e atabalhoada, em banho-maria. O resto é paisagem, a pinceladas frouxas. Num avião em pleno voo, circula pelos corredores uma hospedeira ruiva de “seios opulentos” e “sorriso maravilhoso” que vai “bamboleando o traseiro” enquanto atira olhares low cost e pequeninos (“olhinhos”) a Tomás Noronha, logo detectados por Rebecca, que observa: “Você tem realmente saída com as mulheres. Até as hospedeiras lhe fazem olhinhos!” (estas frases, note-se, são proferidas por uma cidadã norte-americana, supostamente na língua de Shakespeare). Mas, nessa mesma cena, Tomás queixa-se, e com razão, que até ali, e já estamos quase no final do livro, a única coisa que apalpara foi terreno (“Ah, lá está você a apalpar o terreno!”, diz ela; “Infelizmente é a única coisa que apalpei até agora…”, responde ele). Mais à frente, num clube de strip na Arménia, com decoração trendy mas minimalista e despojada (posters de mulheres nuas), um coronel russo dos serviços secretos pergunta a Tomás, diante de Rebecca, se aquele desejava provar Natalya, um prato típico da região. A rapariga visada diz que está quase a entrar num outro espectáculo, mas o militar russo pede, com bons modos (“É só um minutinho, vá lá.”). O académico português hesita um pouco, chamando “dançarina” a Natalya. O russo indigna-se num linguajar barbaramente eslavo: “Homem, você não a viu? É maricas ou quê? (…) Dançarina! Dançarina! (…) Onde foi você desencantar este melro? [a pergunta é dirigida a Rebecca]. É a primeira vez que ouço chamar dançarina a uma puta!” Tomás hesita, o russo carrega: “Quer provar a Natalya ou não? Ou querem lá ver que é mesmo maricôncio?” Natalya lá vem à sala, chamada por Sasha. Era uma loira oxigenada e gorda, de formas opulentas, “com tantas curvas que a carne quase lhe transbordava pelo vestido”. O coronel Alekseev, ex-KGB, enaltece as capacidades operacionais da boca de Natalya (“Esta rapariga faz um tratamento que nos põe de molho. Aqui há tempos tive uma sessão com a Natalya que me ia deixando a soro. Sabe, com aquela boca ela é capaz de…”). A boca “húmida e ardente” de Natalya aproxima-se então perigosamente da boca de Tomás, atacando-o com os seus “lábios quentes e carnais”. Atrás dos lábios carnais, muito abrigada e escondidinha, estava a língua, que, entrando em cena no momento certo, investigou o palato do docente da Universidade Nova de Lisboa (“Atrás dos lábios de Natalya veio a língua, que penetrou molhada na boca entreaberta do historiador, explorando-a com gula”). De seguida, Natalya perscruta o espaço situado entre as duas pernas de Tomás Noronha e, verificando a sua consistência (“Está duro.”), comunica o facto ao oficial da Rússia, após o que abandona o ringue, “saracoteando o corpo para a porta e para além dela”. Apenas isto, nada mais do que isto. O coronel russo reencontra um antigo camarada de armas, das saudosas pelejas no Afeganistão (“Grandes tempos, hem?”; “Connosco aquela canalhada não brincava!”), e nada mais acontece.
É assim a sexualidade na versão 2.0 de Rodrigues dos Santos: rápida e atabalhoada, em banho-maria. O resto é paisagem, a pinceladas frouxas. Num avião em pleno voo, circula pelos corredores uma hospedeira ruiva de “seios opulentos” e “sorriso maravilhoso” que vai “bamboleando o traseiro” enquanto atira olhares low cost e pequeninos (“olhinhos”) a Tomás Noronha, logo detectados por Rebecca, que observa: “Você tem realmente saída com as mulheres. Até as hospedeiras lhe fazem olhinhos!” (estas frases, note-se, são proferidas por uma cidadã norte-americana, supostamente na língua de Shakespeare). Mas, nessa mesma cena, Tomás queixa-se, e com razão, que até ali, e já estamos quase no final do livro, a única coisa que apalpara foi terreno (“Ah, lá está você a apalpar o terreno!”, diz ela; “Infelizmente é a única coisa que apalpei até agora…”, responde ele). Mais à frente, num clube de strip na Arménia, com decoração trendy mas minimalista e despojada (posters de mulheres nuas), um coronel russo dos serviços secretos pergunta a Tomás, diante de Rebecca, se aquele desejava provar Natalya, um prato típico da região. A rapariga visada diz que está quase a entrar num outro espectáculo, mas o militar russo pede, com bons modos (“É só um minutinho, vá lá.”). O académico português hesita um pouco, chamando “dançarina” a Natalya. O russo indigna-se num linguajar barbaramente eslavo: “Homem, você não a viu? É maricas ou quê? (…) Dançarina! Dançarina! (…) Onde foi você desencantar este melro? [a pergunta é dirigida a Rebecca]. É a primeira vez que ouço chamar dançarina a uma puta!” Tomás hesita, o russo carrega: “Quer provar a Natalya ou não? Ou querem lá ver que é mesmo maricôncio?” Natalya lá vem à sala, chamada por Sasha. Era uma loira oxigenada e gorda, de formas opulentas, “com tantas curvas que a carne quase lhe transbordava pelo vestido”. O coronel Alekseev, ex-KGB, enaltece as capacidades operacionais da boca de Natalya (“Esta rapariga faz um tratamento que nos põe de molho. Aqui há tempos tive uma sessão com a Natalya que me ia deixando a soro. Sabe, com aquela boca ela é capaz de…”). A boca “húmida e ardente” de Natalya aproxima-se então perigosamente da boca de Tomás, atacando-o com os seus “lábios quentes e carnais”. Atrás dos lábios carnais, muito abrigada e escondidinha, estava a língua, que, entrando em cena no momento certo, investigou o palato do docente da Universidade Nova de Lisboa (“Atrás dos lábios de Natalya veio a língua, que penetrou molhada na boca entreaberta do historiador, explorando-a com gula”). De seguida, Natalya perscruta o espaço situado entre as duas pernas de Tomás Noronha e, verificando a sua consistência (“Está duro.”), comunica o facto ao oficial da Rússia, após o que abandona o ringue, “saracoteando o corpo para a porta e para além dela”. Apenas isto, nada mais do que isto. O coronel russo reencontra um antigo camarada de armas, das saudosas pelejas no Afeganistão (“Grandes tempos, hem?”; “Connosco aquela canalhada não brincava!”), e nada mais acontece.
O
Último Segredo, 2011
.
O
Último Segredo, de 2011, criou grandes expectativas junto de milhares de
leitores em todo o mundo. O título sugeria que este seria o último livro de
José Rodrigues dos Santos e que, uma vez descobertos todos os segredos que havia
para descobrir, não voltaríamos mais a ser flagelados com novos segredos. Puro
engano. No ano seguinte, A Mão do Diabo
apareceu com 592 páginas a explicar a crise das dívidas soberanas. O Último Segredo gira todo à volta de
uma questão bastante comezinha: a clonagem do ADN mitocondrial de Cristo, Nosso
Senhor. O tema já havia sido tratado muitos anos antes em romances como The Jesus Thief, de J. R. Lankford (2003, traduzido para português com o título Cristo Clonado; In His Image, de 2003, da autoria de James BeauSeigneur, obra que inaugura a «The Christ Clone Trilogy»). Nenhum deles é citado por JRS na sua vasta bibliografia final. Ao mesmo tempo que saía o livro de JRS, o filão da clonagem de Cristo daria azo a Cloning Christ. A Global Theological Thriller, de Peter Thomas Senese (2011), e Cloning Christ. The Second Book of Daniel, de David Scott Hay (2011). Trata-se, pois, de um tema já bastante clonado na literatura mundial.
Talvez por isso, Rodrigues dos Santos não se quis ficar apenas pela clonagem do ADN de Jesus Cristo. De caminho, já agora, aproveitar-se-ia para desmascarar “a fraude da divindidade de Jesus” (p. 183), essa pequena intriga de bairro, urdida por velhas azedas. A novela patina entre a Itália, a Irlanda e a Bulgária, acabando por se estatelar em Israel, já que era em Jerusalém, no sofisticadíssimo e ultramoderno Advanced Molecular Research Center, que os cientistas da Fundação Arkan tentavam fazer com o Corpus Christi o mesmo que outros colegas haviam feito com a ovelhinha Dolly. Até aqui, tudo simples e muito biotecnológico. O problema é que a acção decorre no Médio Oriente e, como é frequente naquela região do globo, as pessoas não se entendem, chateiam-se de morte umas às outras, deixam-se levar por zangas antigas e desaguisados milenares. Daí que nesta novela tenhamos telómeros curtos à estalada com ebionitas, nazarenos à trolha com essénios, zelotas muito zelosos dos seus narizes, rabinos assaz rabinos, radicais ortodoxos por cima de cromossomas sectários e até judeus apocalípticos, os mais maus de todos, uma maltosa do piorio que gosta mesmo é de reinar aos sicários degoladores de gentios. E para adensar a turbulência, na página 506, mesmo a terminar este western bíblico, irrompe em cena um “macaco esperto”.
Talvez por isso, Rodrigues dos Santos não se quis ficar apenas pela clonagem do ADN de Jesus Cristo. De caminho, já agora, aproveitar-se-ia para desmascarar “a fraude da divindidade de Jesus” (p. 183), essa pequena intriga de bairro, urdida por velhas azedas. A novela patina entre a Itália, a Irlanda e a Bulgária, acabando por se estatelar em Israel, já que era em Jerusalém, no sofisticadíssimo e ultramoderno Advanced Molecular Research Center, que os cientistas da Fundação Arkan tentavam fazer com o Corpus Christi o mesmo que outros colegas haviam feito com a ovelhinha Dolly. Até aqui, tudo simples e muito biotecnológico. O problema é que a acção decorre no Médio Oriente e, como é frequente naquela região do globo, as pessoas não se entendem, chateiam-se de morte umas às outras, deixam-se levar por zangas antigas e desaguisados milenares. Daí que nesta novela tenhamos telómeros curtos à estalada com ebionitas, nazarenos à trolha com essénios, zelotas muito zelosos dos seus narizes, rabinos assaz rabinos, radicais ortodoxos por cima de cromossomas sectários e até judeus apocalípticos, os mais maus de todos, uma maltosa do piorio que gosta mesmo é de reinar aos sicários degoladores de gentios. E para adensar a turbulência, na página 506, mesmo a terminar este western bíblico, irrompe em cena um “macaco esperto”.
Não
há uma única – uma única – cena de sexo em O
Último Segredo. A personagem feminina mais promissora é uma agente da
autoridade, a inspectora Valentina Ferro, da Polizia Giudiziaria de Roma. Vestindo um tailleur cinzento-escuro, à executiva, e um nariz pontiagudo, à
Pinóquio, Valentina possuía “cabelos castanhos encaracolados até aos ombros” e
dois ou três “olhos azuis profundos e límpidos” (p. 28). Mal a vê, o
inconveniente Tomás lança um piropo, obrigado a inspectora a repor a ordem, à
moda peixeira: “Olhem a minha sorte! Saiu-me um galanteador na rifa!”. Este
mano a mano decorre, note-se, num salão do Vaticano, de madrugada, diante do
cadáver degolado de uma paleógrafa galega, a professora doutora Patricia
Escalona, que Deus a tenha. Entretanto, em Dublin, um mendigo alcoólico, ao ver
um vulto sinistro a entrar na circunspecta Chester Beatty Library, brada um
nada circunspecto “Olaré! Movimento a esta hora?” Causa igualmente espanto que
o professor Tomás Noronha, um dos maiores criptanalistas do mundo, versado em
dezenas de línguas mortas e todas antiquíssimas, sinta dificuldades de aluno
cábula quando é chamado ao quadro para decifrar uns vulgares caracteres
medievais góticos (“Esforçou-se por decifrar aquelas letras difíceis”, p. 422).
Ficamos também um pouco perplexos quando sabemos que o código secretíssimo de
entrada no sanctum sanctorum, o lugar
onde guardavam o ADN de Jesus Cristo, era “Shalom”, provavelmente a palavra
hebraica mais conhecida do mundo.
No
grande final, a beldade romana vem a revelar-se uma agente infiltrada da loja
maçónica P2, organização responsável por diversas “manigâncias” (p. 530). Encurralados
entre explosões no “santo dos santos” (mais conhecido na gíria por Kodesh
Hakodashim), a tal arca congeladora secretíssima que guardava o ADN do Senhor, um
oportuno Crack-crack acaba por matar
a tiros o vilão Grossman, quando este se dedicava, com a ajuda de um canivete
suíço, a amputar o dedo mindinho de Tomás Noronha (é certo que o português lhe
havia dito, pouco antes: “Vá à merda!”). Valentina acaba por se escapulir,
sendo Tomás hospitalizado, carregadinho de equimoses e com dores pelo corpo
todo. No hospital, implora “mais um analgesicozinho” à médica de serviço, a drª
Koshet, que troça do paciente (“Vá lá, não seja mariquinhas! Mais um bocado e
põe-se a chorar!”). Tomás faz “beicinho” e ameaça apresentar queixa à Ordem dos
Médicos. “Ui! Estou cheia de medo!”, responde a drª Koshet, na galhofa.
Encontrando-se acamado no mesmo hospital, Arpad Arkan confessa a Tomás que
existiam mais dois tubos de ensaio com o ADN do Messias: um, no laboratório da
Universidade de Plovdiv (Bulgária); outro em Heidelberga, Alemanha Federal. Com
esse material genético, que haviam encontrado nos ossários de Talpiot, e através
de uma coisa chamada “reacção em cadeia de polimerase”, seria possível clonar
Jesus. Garantiu Arpad a Tomás que Cristo iria voltar a caminhar na Terra. Arpad
Arkan não tinha era tantas certezas quanto ao seu futuro, pois encontrava-se
prestes a entrar para o bloco operário, onde iria ser submetido a uma cirurgia
de alto risco (“não sei se sairei vivo da sala de operações”, p. 553). Questão
que fica por responder é a seguinte: se era tão fácil clonar Jesus Cristo,
falecido há já dois milénios, porque razão não conseguiria Arpad Atkan clonar-se
a ele próprio e estava ali com aquela miúfa toda de uma intervenção cirúrgica? Para
que servia, então, a reacção em cadeia da polimerase e a coisa do ADN? Nas
últimas linhas, a fechar o livro, Tomás fica com um “ar aparvalhado”. Nós
também.
Quanto
a sexo, insistimos, nem uma mancha de ADN nas 558 páginas de O Último Segredo. De comestível, apenas umas
couves geneticamente modificadas, saborosíssimas, ingeridas com um fio de
azeite no mesmo lugar onde se encontrava o material genético de Jesus Cristo. O
ADN do Senhor, preciosíssimo líquido de cor amarelo-esbranquiçada, congelado
como um Calippo de limão, encontrava-se arrumadinho num tubo de ensaio que, no
final da opereta, salta de mão em mão, de Herodes para Pilatos, até se
esfacelar no solo, para desgraça eterna da Humanidade pecadora. Sexo? Nada. A
dado passo, frente ao professor Hammans, Tomás e Valentina afunilam as línguas,
separadamente, numa experiência genesíaca. Ele consegue afunilar a língua, mas
ela não, explicando o cientista germânico que se tratava de uma habilidade
inata da parte de Tomás, que Valentina não possuía. Concluído este teste
linguístico, vão visitar um armazém aprazível, onde se encontravam centenas e
centenas de jarros com cadáveres de animais disformes a flutuar em formol, restos
monstruosos de experiências falhadas, que começaram em 2002 (A Ilha das Trevas, ed. Temas &
Debates) e se prolongam até 2014 (A Chave
de Salomão, ed. Gradiva). Num dos jarros, nada menos do que o pedaço de
carne de um Neandertal, que feneceu na página 403, muito antes de se desvendar O Último Segredo. De caminho, falaram de
sexo, é certo, mas a propósito de enzimas e duplicação de células, numa aula
que o próprio professor Hammans reconheceu ser susceptível de “enfastiar um
leigo” (p. 389). Enfastiados e impacientes por chegarem à câmara que guardava o
ADN de Cristo, os membros da excursão reagem de modo distinto: a curiosidade de
Tomás ferve-lhe nas veias e o historiador olha em redor, muito cusca, “quase
como se fosse um inspector das Finanças” (p. 421); em Arnie Grossman,
inspector-chefe da polícia de Jerusalém, “a impaciência era um vulcão que lhe
regurgitava nas entranhas e ameaçava explodir a todo o instante” (p. 433); a
tontita da Valentina, pobrezinha, fica perplexa e brada um “Dio mio!” quando a informam, muito em
segredo, que Jesus Cristo, afinal, não era loiro de olhos azuis, como O
pintaram Miguel Ângelo e demais artistas plásticos (p. 480); por sua vez, Arpad
Arkan, presidente da Fundação com o mesmo nome, tinha dentro de si “a fúria a
crescer-lhe no corpo como uma locomotiva que ganhava velocidade” (p. 443). Arkan
só se acalma quando mostra ao grupo “o jackpot
dos jackpots”, ou seja, o ácido
desoxirribonucleico do Nazareno, morto na Cruz e, pelos vistos, não
ressuscitado ao terceiro dia conforme as Escrituras.
Seios
arrebitados? Nem um para amostra. Em O
Último Segredo, uma “montanha-russa de emoções” (p. 527), só arrebita o sobrolho de Tomás, nos muitos
avanços que vai fazendo em direcção a Valentina. Esta, incrédula, “esbugalhou
os olhos” (p. 437), mas nem isso consegue aplacar a libido impetuosa do historiador
de Lisboa. Na página 255, Tomás chega a falar-lhe de retroacção, utilizando,
imagine-se, argumentos bíblicos (“As retroacções são muito normais nos
Evangelhos.”). Como a romana permanecesse piamente devota e avessa a
retroacções, o português arma ao pingarelho ímpio e passa a escachar em Jesus
Cristo, Filho de Deus-Pai, chamando-Lhe “um parolo da província” e dizendo que
“veio das berças (…) onde só havia pacóvios” (p. 278). Como reage ela a estes
impropérios blasfemos? Revira os olhos, agastada. Daí que, páginas adiante,
quando Tomás lhe solicita que vista uma coisinha bonita e sexy, a indignação feminina apareça de jacto: “Oh! Que parvo!”.
Tomás Noronha, percebendo que fez asneira, e da grossa (“Caraças, ando
nervoso!...”), endireita-se e entra no quarto de banho para urinar. Para cumprir
esse desiderato mictórico, optou por não ligar a luz eléctrica, preferindo
“procurar a sanita às apalpadelas”. Tendo concluído a apalpação sanitária, “fez
pontaria para o sítio onde presumia que fosse o centro da retrete; o som
gorgolejante do líquido a cair no líquido indicou-lhe que estava a acertar em
cheio no alvo. Quando terminou puxou o autoclismo e, ainda às escuras, foi
lavar-se. Abriu a torneira e mergulhou as mãos na água fresca” (no livro
seguinte, A Mão do Diabo, Tomás vai
de novo ao WC, “aliviar a bexiga”, p. 400). Esta descrição minuciosa e
compassada de Tomás Noronha a urinar de noite consta da página 286 de O Último Segredo, livro que tem por tema
central a clonagem de Jesus Cristo, d.C. Somos forçados a concluir: JRS é um
portento. Esta portentosa conclusão é corroborada logo a seguir, quando Tomás, dominado
no chão por Sicarius, um sicário fanático que pretendia degolá-lo, observa, num
tom fleumático e civilizado: “Oiça, vamos conversar (…). Não há necessidade de
violência. Diga-me o que pretende e estou certo de que poderemos chegar a um
entendimento.” A fera bruta, de adaga em punho, solta uma gargalhada
arrepiante, mas o professor insiste: “Tenha calma!”. À vista da lâmina, que era
“enorme e reluzia como cristal, reflectindo com mil brilhos a iluminação do
quarto”, o académico português renova o seu propósito conciliador: “Afaste
isso. Alguém ainda se pode magoar!...” O bom senso, sem dúvida, saiu daqui
bastante aleijado. No quarto surge de rompante Valentina, “apenas de calcinhas
e soutien”, que afugenta a besta
assassina a tiros de Beretta. Ao
vê-la naqueles preparos, Tomás animou-se, mas ela “repreendeu-o com doçura”
(“Que tonto me saiu! Estou aqui mortalmente preocupada consigo e você só pensa
em… enfim, só pensa nisso.”). Ouvem-se sirenes, chega a polícia israelita.
Arnie Grossman, o inspector-chefe, justifica o atraso alegando outras urgências
maiores (“estava na retrete do quarto de banho do The Arabesque”, p. 296). Tomás
é hospitalizado e, quando o visita, lembrando a frustrada degolação de véspera,
Valentina trata-o meigamente por “cordeiro” (também se utiliza a palavra
“cabrão”, várias vezes, nas obras de JRS). Retorquindo maliciosamente, o pintas
lusitano prefere recordar outros trajes, menores: “Eu posso ser cordeiro, mas
quem me apareceu toda tosquiadinha no quarto foi você!...”. Valentina, reagindo,
“fez beicinho”. É ou não é maravilha?
A Mão do Diabo,
2012
A Mão do Diabo
fez das suas em 2012, num livro sobre a crise financeira mundial e sobre uma
seita satânica também mundial. De sexo, pouco. Basta dizer que uma orgia
realizada na Galeria dos Uffizi, em Florença, dura… cinco minutos (p. 501).
Após formular palavras mágicas diante de uma bola de quartzo tetraedro, criteriosamente
escolhida devido às suas “vibrações especiais”, o líder supremo da tenebrosa seita,
o Poderoso Magus (que tinha “olhos castanhos faiscantes”, p. 111), retira o
manto escarlate brilhante e avança para um altar, onde se encontrava uma mulher
nua. A cabeça desta mulher é “mergulhada entre as pernas dele, fazendo
movimentos rítmicos para cima e para baixo”. De acordo com o inepto repórter
Rodrigues dos Santos, “à distância não se viam os pormenores, mas era evidente
o que se passava”. O que é evidente é: primeiro, exigimos ver os pormenores da
cabeça nas pernas dele, pagámos € 22 pelos pormenores da cabeça nas pernas;
segundo, não nos parece ser nada evidente o que se estava a passar, nem ali,
naquela pândega orgíaca dos Uffizi (Tomás desnuda-se para o festim diante de O Nascimento de Vénus, de Botticelli),
nem no livro todo, em que a personagem mais sagaz chega à página 463 e brada, a
plenos pulmões: “Isto já me está a parecer Hollywood a mais!”
No
papel feminino, uma espanhola da Interpol, Raquel de la Concha, que traz
consigo para a narrativa duas ferramentas de trabalho: um “traseiro
arredondado” e um “corpo curvilíneo e adelgaçado” (p. 240). Uma rapariga
moderna, “de um desportivo elegante”, em suma. Se quisermos, estamos em
presença de uma energética catwoman
(“rosto de gata”, p. 238), que vira “gata transformada em fera” (p. 246), que
crava o olhar de gata no professor Noronha (“manteve o olhar de gata cravado
nele”, p. 251) e que pousa os seus “olhos felinos no criptograma” (p. 321). Tomás
é um homem diferente, mais calmo e maduro: em O Sétimo Selo, catrapiscou logo uma enfermeira dos Hospitais da
Universidade de Coimbra, com os seus “olhos verdes luminosos, tão felinos” (p.
35); aqui, em A Mão do Diabo, tem uma
madrilena de “olhos hipnóticos de felino” (p. 239) a aguar por ele e dá-lhe, em
pleno acto, duas tampas. Por certo, a paella
“horrível” que Raquel lhe oferecera não ajudou à progressão do desejo. A lei do
desejo lá desperta, a dada altura, e os olhares de Tomás e Raquel ficam presos
uns nos outros, ensarilhados, o que obrigou certamente a uma intervenção
cirúrgica na Clínica Barraquer, pois não é fácil desfazer um nó entre
“verde-berlinde com verde-esmeralda”. A cimeira ibérica revelar-se-á uma
jornada de trabalho muito produtiva: “rolaram pelo sofá até ao tapete,
sôfregos, gulosos, na voracidade do prazer, o calor de um a incendiar o outro,
as línguas a entaramelarem-se, a lutarem, a saborearem-se, melancolia
portuguesa e paixão espanhola, mar lusitano e fogo castelhano, veludo e ferro,
sal e sangue, olá e hola” (p. 327). Raquel tacteia às cegas
o corpo de Tomás e arranca-lhe o cinto; Tomás responde à altura, arrancando-lhe
a blusa. Depois, solta-lhe o soutien,
“trapalhão e impaciente” (poder-se-ia fazer uma antologia do modo atabalhoado
como todos os homens de JRS retiram a roupa interior das senhoras). Num
acometimento irrefreável de lascívia, a que certamente se juntava um ratito no
estômago castigado pela paella, Tomás
“abocanhou com sofreguidão” os mamilos de Raquel. Ela sussurra Dulce, dulce, provavelmente lembrando-se
daquela noite tórrida que tivera anos antes com uma fadista portuguesa de
apelido Pontes. Nisto, Tomás pára. A moça, perplexa, regurgita interrogações em
castelhano (“Qué pasa, cariño?”) e em
português (“Porque… porque paraste? Sentes-te bem?”). O criptanalista tinha a
cabeça noutro lado, pois havia premência em decifrar um criptograma. Trabalho é
trabalho, conhaque é conhaque. Também assim pensava o seu arqui-rival, o
Poderoso Magus, que, mantendo-se “fiel ao princípio de que o trabalho estava
sempre à frente do prazer” (p. 411), decidiu adiar por momentos mais uma sessão
de crueldade sádica com uma prostituta loira e vaporosa de Florença. A rapariga
fora contratada no melhor bordel da cidade, apresentando-se como “a cortesã
mais estóica de Florença, especialista em fantasias sado-masoquistas e afins”.
No primeiro round, gemera durante as
chicotadas, as bastonadas e as estaladas, mas tudo suportou com galhardia
(“Valente moça!”). Concluído o que tinha a fazer (i.e., dar ordens telefónicas
a mandar matar pessoas, que é a sua principal actividade neste livro), o
Poderoso Magus vai buscar o chicote e, “erecto de desejo”, comunica à rapariga
paga a peso de ouro: “Anda, minha cabra (…). Prepara-te para o segundo assalto”.
O fidelíssimo Balam recolherá os lençóis ensopados de sangue e as algemas, bem
como o chicote e as correias que jaziam espalhados no chão. Também Tomás
Noronha coloca o trabalho acima do prazer e, por isso, interrompeu o sexo com
Raquel para decifrar o criptograma: “Mas… mas estás a pensar no criptograma?
Agora? No criptograma?”. A estupefacção de Raquel não conhecia limites. “Por Dios, Tomás, isso não pode esperar
para depois de… enfim, para depois? Tem de ser mesmo agora, madre mia?” Admiramos o profissionalismo
de Tomás, mas reconhecemos o desapontamento de Raquel: nenhuma mulher gosta de
ser trocada por um criptograma. No final do livro, mais uma nega do rapaz. Ele
deixa-se resvalar na cama, como um náufrago, e afunda-se “num abraço feito de
gemidos e suspiros”. Por sua vez, a pele aveludada de Raquel torna-se “leitosa
e arredondada nos seios e nas nádegas”. A garganta começa a “arquejar de
volúpia” e os corpos contorcem-se “no dueto de um movimento sincronizado”. Os
lábios não só se encontravam molhados como “entreabertos com sofreguidão”,
sendo ainda “gulosos e glutões” (p. 572). E as línguas, como estavam elas? “Sôfregas
a digladiarem-se numa refrega sedenta.” A rematar, uma cornucópia de figuras de
estilo barrocas e opulentas: “sinfonia de vagidos ofegantes”, “espada a
penetrar em carne”, “pedra áspera na almofada”, “gelo no fogo”, “dança de ritmo
crescente”, “bigorna a bater em ferro em brasa”. O corpo, claro, pedia mais e
mais, como uma locomotiva a acelerar” (em O
Último Segredo, como vimos, fomos colhidos por “uma locomotiva que ganhava
velocidade”, p. 443). Estando ambos nisto, com bigornas e espadas penetrantes,
vagidos e línguas sôfregas, Tomás nega-se. A locomotiva ganhara velocidade, mas
Noronha apeia-se a meio do percurso. A espanhola ficou ursa, como seria de
esperar, e utiliza uma linguagem algo ousada, mesmo para uma novela JRS: “Cabrón de mierda! Hijo de puta, coño de maricón!”. Que sucedera ao garanhão lusitano,
antigamente tão fogoso? Duas palavras apenas: Maria Flor. Tomás andava
embeiçado por esta senhora, que dirigia O
Lugar do Repouso, o lar de Coimbra onde o historiador arquivara a sua mãe.
Maria Flor não era propriamente uma estampa, possuindo “um esgar sonhador, doce
e carinhoso” e uma “face abolachada, bonita e fresca” (“o rosto corado”, p.
582). Pois é por esta aventesma com cara de bolacha e olhos achocolatados que o
doutor Tomás Noronha, o garanhão das charadas, larga uma gata espanhola com
traseiro arredondado, corpo curvilíneo e jantes de liga leve. Despedido da
Faculdade, desempregado, Tomás pendurou as chuteiras. De roupão e pantufas, vagueando
pela casa, mal escanhoado, não almeja mais do que os esgares sonhadores, doces
e carinhosos, de uma directora de um lar de idosos em Coimbra. Mimos de velho.
Arrumou de vez o passado turbulento, onde havia urros lascivos, sopas de peixe
com leite de mamas, orgasmos alucinantes. Agora, tudo é baço e mortiço. O público reage, saudoso de sexo, e deixa de comprar. Os últimos livros de José Rodrigues dos Santos são os que menos venderam em toda a sua carreira, confirmando uma tendência de declínio que se começara a detectar em A Mão do Diabo, com 138 mil exemplares, e se acentuou em O Homem de Constantinopla (103 mil), culminando na catástrofe de Um Milionário em Lisboa, com uns ridículos 87 mil exemplares comerciados. Muito pouco para quem já vendeu 212 mil ou 200 mil livros (O Codex 632 e O Sétimo Selo, respectivamente). Ao ritmo de um título por ano, todos iguais uns aos outros, a fórmula está esgotada. Como autor de novelas de opereta, JRS acabou. Venha outro.
(Continua)
(novela depois de almoço :) ainda melhor!
ResponderEliminarComecei a ler o Último Segredo e mais uma vez não estou desiludida.
ResponderEliminarÉ curioso que, uns dias do António Araújo ter começado a publicar este verdadeiro tratado sobre José, o pequeno, vi, com estes olhos que a terra há-de comer, uma entrevista ao autor num qualquer canal de cabo, onde este dizia enormidades como "eu inventei um género" ou que já tinha considerado publicar obras de divulgação científica, tal era a profundidade das suas pesquisas e conhecimentos adquiridos aquando da escrita...
ResponderEliminarNada tenho contra o autor, que aliás, nunca li. Colocava-o (e coloco-o) na prateleira mental dos livros de auto-ajuda, das Margaridas Rebelo Pinto e afins - chateia-me, mas cada um sabe do que gosta e gasta o seu orçamento livresco e tempo mental com o que bem lhe aprouver. Mas faz-me confusão misturar alhos com bugalhos - e o autor gaba-se de, nas suas historietas, todos os dados científicos apresentados serem verdadeiros, o que, tendo em conta os equívocos daí decorrentes, quer se queira quer não se queira, considerando os milhares vendidos, nos diminui a todos enquanto sociedade.
Por outro lado, a mediocridade, confesso, atrai-me de uma forma estranha. Schadenfreude, quiçá. E por isso estou decidido: vou perder o amor a uns trocos e rir a bandeiras despregadas com (mais) um guilty pleasure! A julgar pela amostra, certamente que o todo terá infinitas pérolas. Num alfarrabista ou no OLX (passe a publicidade), é coisa para estar a 10% do preço de capa - e lá terei de refazer as contas relativas aos "momentos quentes"...
Muito obrigado.
Cumprimentos,
Victor Hertizel.
Vejam sobre o José R. S.
ResponderEliminarhttp://www.realidadeoculta-novo.blogspot.pt/2014/11/a-chave-de-salomao.html
Ena, ena! Para quem não gosta de um escritor, dar-se ao trabalho de ler os livros TODOS e analisá-los ao pormenor num exaustivo trabalho como este, é obra!
ResponderEliminarum bocadinho estranho...
Eliminartem piada, percebe-se a intenção do autor do post, mas, caramba, é um bocadinho assim esquisito...
Não me parece tão estranho assim.Vende muito e portanto todos os que o lem são tontos ou no mínimo semi analfabetos.Foi o mesmo com o M S Tavares mas aí o AA talvez tenha medo de levar uma bordoadas quiçá literais.País de invejas grandes e pequenas.Quem gasta tanto tempo a ler estes autores provavelmente não gasta metade a ler os que valem a pena.
ResponderEliminarLOL E quais são so que valem a pena, Alexis? 50 Sombras e as toneladas que há dentro do género? Lobo Antunes, que as pessoas fazem um esforço para ler, sujeitando-se a uma tortura, na maior parte das vezes sem perceberem nada, só para dizerem que já leram? E já lhe passou pela cabeça que esses que diz que valem a pena também podem ser lidos pelos mesmos leitores que lêem Rodrigues dos Santos? Ou está convencido/a de que os leitores deste autor só lêem (ou lem, como tão bem escreve) um livro por ano? Se assim é, garanto-lhe que a única pessoa tonta e semi-analfabeta aqui é você! Este texto tem a sua graça, mas dentro de um registo cómico. Se tentamos levar demasiado a sério como Alexis está a levar, perde toda a graça.
EliminarEstá assim tão preocupado/a (desculpe, não sei se é homem ou mulher, o nick Alexis é ambíguo) com o que as pessoas lêem ou deixam de ler? Há alguma ditadura ou censura nas leituras das pessoas? Cada um lê o que quer, penso eu :) . O José Rodrigues dos Santos, como qualquer escritor, não obriga ninguém a ler nem a comprar os livros dele! Se uma pessoa comprar ou ler um e não gostar, tem bom remédio: não volta a comprar mais nenhum! Que eu saiba não é leitura obrigatória em lado nenhum, portanto, só lê quem quer. Presumo que saiba que as pessoas a quem chama tontas não se envontram só em Portugal, já que o autor vende muito no estrangeiro. Bolas! Não temos só um país de tontos, temos um mundo de tontos! Acho que se fosse a si, ficava seriamente preocupada/o
:D
O que eu escrevi foi que no entender do autor do blog as pessoas que são leitoras do J R S são tontas ou analfabetas.O sentido do meu texto vai no sentido exatamente contrario ao que interpretou e muito certamente por culpa minha.Seria a última coisa que me ocorreria :Fazer censura .Exatamente porque não é obrigatorio acho que ler a totalidade da obra para escrever um longo e chato artigo é em minha opinião(espero que ma permita)perda de tempo.Devo dizer que não acredito mesmo que o AA os tenha lido.A exemplo do prof Marcelo tera colaboradores que mastigam a papa.
EliminarVou no entanto fazer uma nova provocação para que não pense que me agrada a obra do dito.Tambem como argumento essa dos leitores estrangeiros é pobre.Só para dar um exemplo:Paulo Coelho que vende milhões de livros e em todo o mundo não é melhor no meu entender do que o JRSHá tontos (È pena mas é verdade em todo lado e muitos)Há mais autores para alem do ALAntunes mesmo em Portugal mas ja agora devo lembrar que tambem ha autores em outros paises e cuja leitura não é tortura ou mero divertimento.