Esta
coisa que aí está em cima é arrasadora, como sabem todos os ecléticos musicais.
O que talvez não saibam é a história deste encontro, que agora vem contada na
autobiografia Eu, Elton John, acabadinha
de sair.
Elton
John vinha de uma lenta, longa e dolorosa reabilitação de décadas de excessos
de álcool, droga e comida. Provavelmente, aquele era o momento mais decisivo da
sua vida, o momento em que decidiu optar por um dos termos da binária
selvajaria estar vivo é o contrário de
estar morto. Elton e o seu mau génio (uma herança materna, mulher horribilis) precisavam de regressar aos
palcos, era uma questão vital. Mas devagar, devagarinho, que há que ter calma
nestes resgates do abismo.
Na
outra vez que tinham estado juntos em palco, quando George Michael decidiu
despir a pele foleiresca e assumir um ar mais seriozinho e mais introspectivo, Elton
estragou a festa, irrompendo no palco ao volante de um Reliant Robbin e vestido
de Ronald McDonald. Agora, foi diferente. Elton, ainda que não pareça, estava
debilitadíssimo e inseguro. Quando George Michael grita o seu nome no final, e quando se
abraçam, são tudo gestos de resgate. Cantaram na Wembley Arena, perante
milhares e milhares, cantaram, não por acaso, Don’t Let the Sun Go Down on Me, como tinham feito seis anos antes,
em 1985, no Live Aid. «Foi espectacular», recorda Elton, «o público ficou ao
rubro ao ouvir o meu nome, e quando o dueto foi lançado como single, foi número
um em ambos os lados do Atlântico». Não, não é mais um concerto nem mais uma
actuação ao vivo. É um regresso ao contrário da morte, é um retorno à Vida. Tão boa, tão maravilhosamente boa.
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