segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Rehab.

 
 

 
 
Esta coisa que aí está em cima é arrasadora, como sabem todos os ecléticos musicais. O que talvez não saibam é a história deste encontro, que agora vem contada na autobiografia Eu, Elton John, acabadinha de sair.
Elton John vinha de uma lenta, longa e dolorosa reabilitação de décadas de excessos de álcool, droga e comida. Provavelmente, aquele era o momento mais decisivo da sua vida, o momento em que decidiu optar por um dos termos da binária selvajaria estar vivo é o contrário de estar morto. Elton e o seu mau génio (uma herança materna, mulher horribilis) precisavam de regressar aos palcos, era uma questão vital. Mas devagar, devagarinho, que há que ter calma nestes resgates do abismo.
Na outra vez que tinham estado juntos em palco, quando George Michael decidiu despir a pele foleiresca e assumir um ar mais seriozinho e mais introspectivo, Elton estragou a festa, irrompendo no palco ao volante de um Reliant Robbin e vestido de Ronald McDonald. Agora, foi diferente. Elton, ainda que não pareça, estava debilitadíssimo e inseguro. Quando George Michael grita o seu nome no final, e quando se abraçam, são tudo gestos de resgate. Cantaram na Wembley Arena, perante milhares e milhares, cantaram, não por acaso, Don’t Let the Sun Go Down on Me, como tinham feito seis anos antes, em 1985, no Live Aid. «Foi espectacular», recorda Elton, «o público ficou ao rubro ao ouvir o meu nome, e quando o dueto foi lançado como single, foi número um em ambos os lados do Atlântico». Não, não é mais um concerto nem mais uma actuação ao vivo. É um regresso ao contrário da morte, é um retorno à Vida. Tão boa, tão maravilhosamente boa. 
 





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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