Esta
carta tem por objectivo explicar todas as dificuldades do meu entendimento com
as pessoas, não com uma determinada pessoa, mas o mundo conivente em geral. […]
Sinto-me
lentamente apoderada por forças que ultrapassam a minha capacidade de reacção.
E tenho a lucidez bastante para compreender que isso prejudica uma normal
relação com os outros e os afecta num sentido grave pois lhes destrói a
personalidade em favor dum instinto de defesa necessariamente hostil.
[…]
Eu
sempre amei, com paixão que me foi imposta, as coisas inviáveis, como a
perfeição, a incorrupção, a fidelidade, a justiça para consigo mesmo. Tudo isto
não leva a um processo de decepção, mas sim a uma luta com os direitos da
mediocridade, que são incontestáveis. Não me sinto vencida perante eles;
dou-lhes o lugar que lhes pertence a bem da saudável organização do mundo. Nem
sequer estou cansada ou descontente.
[…]
Não
devemos tomar como excepcional o que fazemos e o que somos. Mudar de vida e de
costumes, é a maneira de mostrar que a eternidade está disponível a todo o
momento e que se pode legar, mas que não pode ser personificada por ninguém.
(Agustina Bessa-Luís, carta sem destinatário nem envio)
Parece-me ser um livro fascinante de ler
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Votos de um domingo feliz
Abraço