Em
Maio de 2022 voltei a integrar um grupo organizado pelo jornal francês Le Monde
que regularmente organiza viagens destinadas a conhecer e debater uma parte do
Mundo.
O
amigo António Araújo acedeu a publicar algumas impressões da viagem deste ano no
Malomil.
Já
aqui tinha publicado Hotel Rwanda (sobre o Ruanda) e A porta do Oriente (sobre
o Líbano)
Desta
vez, após o interregno a que a pandemia nos obrigou, o foco incidiu sobre os
chamados Balcãs Ocidentais e em concreto na Bósnia-Herzegovina, na Croácia, no Montenegro,
na Albânia e na Macedónia do Norte.
A
denominação geográfica Balcãs deriva do turco montanha e é, portanto, um produto
da presença otomana na Região durante quatro séculos.
Na
política internacional, os Balcãs não têm grande nome.
O
termo balcanização, tendencialmente pejorativo, surgiu da fragmentação política
e étnica que se seguiu à desintegração dos impérios otomano e austro-húngaro na
sequência da I Guerra Mundial.
Estabeleceu-se
aliás implicitamente um contraste com a evolução da Itália e da Alemanha que,
com as suas reunificações, conseguiram realizar um movimento no sentido oposto
Mas
o puzzle de pequenos estados, sempre aguerridos e violentos, muito sujeitos a
partir do Século XIX às contradições e zonas de influência das grandes
potências, levou a que muitos considerassem os Balcãs como o paiol da Europa.
O
Chanceler Otto Von Bismarck (1815-1898) disse a propósito que a pacificação dos
turbulentos Balcãs não era merecedora dos ossos saudáveis de um único
granadeiro da Pomerânia…
Tudo
são complexidades nesta região desde as intricadas questões interétnicas às
arcaicas reivindicações de fronteiras. Porque muitos dos pequenos estados
querem ser grandes: os nacionalistas falam da Grande Sérvia, da Grande
Bulgária, da Grande Grécia, da Grande Albânia e da Grande Roménia. Conceitos
completamente incompatíveis entre si.
Episódio
marcante na história do Século XX é o assassinato em Sarajevo, capital da
Bósnia-Herzegovina, junto à Ponte Latina, do Príncipe herdeiro do Império
Austro-Húngaro Arquiduque Francisco Fernando (1863-1914) e de sua mulher Sofia,
Duquesa de Hohenberg (1862-1914).
O
local do atentado, rodeado de aspectos caricatos, onde a falta de segurança
avulta, constitui um ponto importante da cidade.
A
atitude perante o que aconteceu permanece equívoca. Há quem diga que o móbil do
assassinato era apenas a unificação da Jugoslávia fora da alçada do Império
Austro-Húngaro. Mas foi um dos factores que desencadeou a I Guerra Mundial.
Alguns extremistas chegaram mesmo a chamar Gavrilo Princip à Ponte Latina.
Gavrilo Princip (1894-1918), o assassino, era um bósnio de família sérvia. Foi poupado em julgamento à pena de morte. A tuberculose fez, contudo, a sua justiça e ele morreu em 1918 com 23 anos.
A Ponte Latina
Réplica
do automóvel em que seguia o Arquiduque.
Fotografias
de 12 de Maio de 2022
José
Liberato
O imperio otomano talvez tenha algo a ver com o assunto. Sempre foram 5 ou 6 seculos de colonização
ResponderEliminarSerá que estamos assim tão longe de outra catástrofe parecida, mas de muito maior dimensão? Espero que não.
ResponderEliminarObrigado por nos lembrar, mas os homens não aprendem!...
Cumprimentos...
O mundo vai-se desenvolvendo e certas situações trágicas vão acontecendo mas parece que o ser humano não aprende mesmo como não seguir esse mau caminho.
ResponderEliminar.
Cumprimentos cordiais
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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