Obra-prima
da pintura europeia do Século XV é o retábulo Agnus Dei da autoria sucessiva dos
irmãos Hubert Van Eyck (1366-1426) e Jan Van Eyck (1390-1441).
Inaugurado
em 1432, foi encomendado para a Catedral de Gand, a Catedral de São
Bavon ou São Bavão em português.
Objecto
de um profundo restauro foi colocado em 2020 na Capela do Santíssimo Sacramento
em condições excepcionais de apresentação.
A
sua história é muito atribulada. Esteve em risco de ser queimado pelos
iconoclastas, foi roubado por Napoleão e esteve exposto no Louvre. Caído
Napoleão, foram devolvidos alguns painéis, mas outros foram vendidos ao Rei da
Prússia e expostos num museu em Berlim.
Foram
roubados na I Guerra Mundial pelos alemães que os reuniram aos que já estavam
na sua posse, mas perdendo a Guerra, tiveram de os devolver na integralidade
Em
1934 dois painéis foram roubados, mas só um foi encontrado. O exibido hoje é
uma cópia.
Durante
a II Guerra Mundial esteve depositado em Pau em França, mas foi apreendido por
Hitler. No final da Guerra é colocado numa mina de sal na Áustria e salvo pelos
Monuments Men de ser dinamitado. Há um filme de George Clooney sobre este grupo
de militares.
Trata-se
de um políptico que pode ser apreciado fechado e aberto. Fotografei-o não
obstante os reflexos.
Fechado é assim:
Estes
painéis já foram amplamente descritos pelo nosso amigo Ademar Marques pelo que
não vou repetir o que ele escreveu.
http://malomil.blogspot.com/2021/10/em-busca-do-tosao-de-ouro-portugues-de.html
Só
sublinhar o aspecto interessantíssimo de haver quem defenda que o modelo que
serviu para a imagem da Sibila de Cumas (terceiro pequeno painel a contar da
esquerda em cima) ser na realidade Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha, que
havia casado em 1430 com o Duque da Borgonha Filipe III o Bom.
Lembremos
que Jan Van Eyck veio de propósito a Portugal pintar dois retratos da princesa,
filha do nosso rei D. João I. Foram enviados ao Duque por dois caminhos diferentes,
mas nenhum deles chegou aos dias de hoje, embora existam cópias.
Quando
aberto, o retábulo apresenta-se desta maneira gloriosa:
Mas
trago o retábulo aqui por alguma razão…
É
que no painel da direita em baixo podemos ver São Cristóvão conduzindo os
peregrinos. Curiosamente não se vislumbra o rio habitual na iconografia. Apresenta-se
como gigante, descalço e com o seu cajado.
Esta é a Catedral vista do exterior:
Numa
outra capela da catedral encontramos ainda uma imagem do nosso Santo:
Fotografias
de 24 de Abril de 2023.
José
Liberato
Mais uma lição de história interessante como sempre, como o nosso Santo entra na mesma melhor ainda, na crónica não diz onde fica a Catedral de S.Bavon, pesquisei e fiquei a saber que fica na cidade de Gant, Bélgica, e que a sua primeira construção ainda em madeira data de 942, sendo posteriormente ampliada e sofrido diversas alterações (se tiver equivocado corrija-me) e hoje é uma obra soberba e lindíssima.
ResponderEliminarObrigado mais uma vez pela partilha.
Um abraço...