Já
nos referimos aqui à obra Diário de um
Deus Criacionista, da autoria do economista Álvaro Santos Pereira (n.
Viseu, 1972). O livro foi publicado em 2007 pela editora Guerra & Paz, na «Colecção
Tempos Modernos», onde já haviam sido dados à estampa clássicos como E Deus Pegou-me Pela Cintura, de Luís
Carmelo, Porque Gostamos das Mulheres,
de Mircea Cartarescu, Encontros Imediatos com Che Guevara, de Ben Fountain, e A Filha da Abortadeira, de Elisabeth Hyde.
Recomendada
pelo influente crítico Eduardo Pitta como uma «obra singular no contexto da literatura portuguesa contemporânea», o livro foi igualmente
saudado por Manuel Fonseca: «um romance que, até pelas suas características inovadoras, a milhas do sentimentalismo e dadepressão lusíadas típicas, foi ignorado pela Imprensa».
De facto, Diário de um
Deus Criacionista tem características inovadoras. E é também um facto
que foi ignorado pela Imprensa. Eis a razão
pela qual se justifica resgatá-lo do esquecimento. Para mais, seis anos volvidos
sobre a sua publicação, a obra é hoje muito mais acessível ao grande público. Nas
feiras de livros de ocasião, encontra-se actualmente à venda pela módica
quantia de 2 euros. Para uma teodiceia de 273 páginas, 2 euros não pode considerar-se
um preço excessivo. Crê-se que não foi feita uma 2ª edição.
Diário de
um Deus Criacionista é o segundo romance de Álvaro
Santos Pereira. Anunciou-se em 2007 que o seu primeiro romance, O Povo Branco e a Revolução das Cores,
seria publicado brevemente. Julgamos que tal não veio a acontecer.
Na página final, a que só poucos conseguem chegar, o Autor agradece
à Pocas, «por tudo». E acrescenta: «Esta obra não seria possível sem ela».
Sendo assim, também nós agradecemos à Pocas. Não por tudo, mas apenas por ter
tornado possível Diário de um Deus
Criacionista. Tratando-se de uma obra de ficção, a sua feitura não
dispensou, porém, o apoio de fontes científicas: «Sobre o Diabo existem inúmeros
livros muito úteis, que também foram consultados», refere o Autor na última página, a mesma
em que agradece à Pocas. A obra foi maioritariamente escrita em York, Reino
Unido, e terminada no dia 10 de Abril de 2006. Diário de um Deus Criacionista é uma obra muito referida e elogiada no blogue Diário de um Deus Criacionista.
O livro apresenta-se como uma sátira ao criacionismo. O crítico
Rui Bastos classificou o estilo como «algo… peculiar» e a leitura «difícil» e «algo penosa», dada a «escrita demasiado densa e, por vezes, confusa». Concluiu, ainda assim,
ser a mesma «divertida». Sob a
forma de diário, Álvaro Santos Pereira assume o papel de Deus, parodiando as
teses neocriacionistas do intelligent design. O livro tem, na verdade, mais design
do que intelligence. Por isso, aqui se
deixa a reprodução de algumas das suas páginas, com o exclusivo intuito de
aguçar a curiosidade dos leitores para esta obra literária injustamente esquecida:
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2,00 € (na FNAC, a 18 €)
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A Página Que Tudo Comece!!! - p. 25
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A Primeira Página dos Dinossauros - p. 125
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A Segunda Página dos Dinossauros - p. 126
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A Terceira Página dos Dinossauros - p. 127
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A Quarta Página dos Dinossauros - p. 128
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A Página PPM - Partido Popular Monárquico (ou Página da Forquilha) - p. 137
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A Página Ca Bum Ca Bum - p. 162
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A Página do Raio (ou Página Benetton) - p. 163
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A Página Monoteísta - p. 220
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A Página Que Tudo Acabe!!! - p. 269
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isto é inofensivo. as paginas dos dinossauros até têm a sua piada. está claramente a gozar com a malta e isso não tem nada de mal. ou então é maluco. nada contra. seja como for, tudo porreiro.
ResponderEliminaro problema é que a parte da grande contraccção. acho que agora, enquanto ministro da economia, está a tentar colocar em prática algo muito semelhante. já não tem piada.
1. É o mesmo Álvaro Santos Pereira em que estou a pensar? Custa-me a acreditar que aquela absoluta nulidade governamental tenha escrito um livro, mesmo dedicado à Pocas e com vários dinossauros como figurantes.
ResponderEliminar2. Falha enorme não ter reproduzido aqui a página de dedicatória à Pocas, que também inclui a bibbliografia científica.
3. A Pocas será prima da Pocahontas?
Não li o livro nem o vou ler, mas parece que Santos Pereira plagiou o jogo "The God Simulator", elaborado nos anos 90 pelo ateu Chad Docterman. O jogo esteve até 2010 em http://www.jraxis.com/atheism/simulator, mas já não se encontra lá nem em lado nenhum. Deve ter sido fulminado por um raio divino. Ou então o autor converteu-se ao cristianismo...
ResponderEliminarAntes de enveredar pela criação, Deus estava chateado. Não acontecia nada, apesar de ele ser omnipotente e omnisciente. Que grande seca! Resolveu então criar o universo.
O jogo de Docterman é sobre as escolhas e decisões que o Deus criacionista teve que tomar.
O jogo começava assim: "Have you ever wondered what it would be like to be God? Here's your chance to find out. This simulation puts you in the place of God. As God, you are both omnipotent and omniscient. You have the power to do or create anything. No problem is insurmountable for you. Let's begin..."
J.B.
António, António... o que eu já me ri... Esborratei a pintura, descompus o cabelo, a cinza do cigarro escorregou ao lado do cinzeiro directinha ao sofá, abusivamente agarrada a um morrão incendiário que acabou de fazer um competente furo no tecido. Não faz mal, também já viu melhores dias e convém ostentar sinais exteriores de apuros financeiros, não vá o fisco pensar que não os temos, neste país perigoso...
ResponderEliminarContinuas igual, com esse humor sorrateiramente corrosivo.
Gostei muito de te ler e de descobrir o Malomil, afinal o Expresso ainda serve para alguma coisa!
Laura, (ex daquele recanto delicioso a que os ingleses chamariam de 'Abraveia-upon-nothing')
Grande livro: comprem enquanto está em baixa, pois dentro de pouco tempo uma primeira edição disto vai valer uns contos (quando voltarmos ao Escudo, está com de ver)! O pior são as gralhas: está cheio delas, o que dificulta a leitura. E há mais: sobre este ninguém se lembra de lançar uma "fatwa" tipo Rushdie ou de queimar as embaixadas que ainda não fechamos por esse mundo fora. Isso também é bem positivo!
ResponderEliminarJaime Carvalhosa
Hummm... Este blogger é de tipo mudo... Então? Que net-etiqueta é essa?
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