Ao contrário do que se imagina, há burocratas com sentido de
humor. Talvez por ter sido alimentado com um sentido de auto-derrisão tão comum
entre belgas como a batata frita e o mexilhão, certo membro de uma estrutura
administrativa gestora da qualidade, interpelado ao telefone por uma académica
bruxelense minha conhecida, indignada com a enésima massacrante exigência
burocrática que emanava dali, reagiu com desarmante franqueza à sugestão desta
para que lesse o já famoso Bullshit Jobs (trabalhos
da treta), do antropólogo David Harvey: “Bem… Aqui já todos o lemos…”.
E citou, por seu turno, mais duas ou três obras na mesma linha,
em que afinal ele e colegas admitiam reconhecer-se, tim-tim por tim-tim -- ou
Tintin, sendo ele belga. Após um breve silêncio, desataram ambos a rir ao
telefone, unidos no reconhecimento cúmplice de tanto absurdo burocrático, da
tácita comédia de enganos que todos sabem desprovida de sentido, ou de real
propósito útil.
É certo que o sentido de humor pode ser involuntário, como o de
uma estrutura congénere de uma respeitável instituição de ensino superior,
desta feita portuguesa, que de tão embalada na volúpia burocrática, de tão alheada
na sua bolha, nem percebeu o gáudio generalizado aí gerado pela circular que
divulgou, intitulada: “Documento de Procedimentos para Obtenção de Feedback
Sobre o Feedback nos Processos de Avaliação do Ensino”. Porventura melindrada
pelo efeito cómico, que continuou sem compreender, acabaria por não chegar a
produzir o documento que já toda a gente antevia seguir-se, destinado a obter o
Feedback Sobre o Feedback Sobre o Feedback, em loop perpétuo.
Agora que a rentrée se aproxima em condições de alguma
normalidade no rescaldo da pandemia, que o apetite burocrático desperta e,
quiçá, as Mãos
Doem já em tanto formigueiro, é de ficar com a Sonatine
Bureaucratique, de Eric Satie, a
quem voto um respeito terno. Mais ainda depois de saber que o seu apartamento
continha um sem-número de guarda-chuvas e dois pianos de cauda, um sobre o
outro, e que usava o de cima para guardar cartas e encomendas. Não é de admirar
que deixasse partituras em sítios estranhos e variados, para além de
extraviá-las em bolsos de fatos de veludo.
O absurdo de Satie é um deleite não vampírico, que não suga o
tempo, a energia, a força anímica de ninguém. O que não significa que não
soubesse moer quem merece ser moído, como no prefácio a Sports &
Divertissements: o Coral Desagradável,
que Satie disse ter escrito “para criaturas ressequidas e estupidificadas, uma
espécie de preâmbulo azedo, uma introdução austera e não frívola. Pus nele –
diz Satie -- tudo o que conheço sobre Aborrecimento. Dedico este Coral a quem
não gosta de mim. Retiro-me”.
Manuela Ivone Cunha
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