Já
aqui foi caso da importância da mola da roupa.
Agora,
mais precisamente no dia de hoje, é a vez do estendal.
Uma
das principais cenas que Jean Cocteau quis filmar nesse filme de culto que
é La Belle et La Bête foi a “cena dos lençóis no estendal”,
cena essa que era, para ele, uma obsessão.
Antes
de mais mobilizou tudo e todos e mandou a equipa em expedição em demanda dos
lençóis mais-que-perfeitos para estender no mais-que-perfeito estendal. O
diário de filmagem do realizador mostra-o constantemente inquieto e
meticulosamente preocupado com a localização do conjunto, a disposição, a
orientação do estendal. Mais: com cada fio do estendal, cada centímetro do fio
do estendal, cada centímetro quadrado de cada lençol no estendal.
Um
extrato do diário dá conta do feitiço que o tomou: “Tenho de tratar de tudo,
pendurar a roupa, amarrar os mastros (…), construir as ruelas de lençóis e
preencher os espaços a descoberto. É difícil imaginar o que é tentar alugar
doze lençóis suplementares em 1945… Eu só tinha seis. As ruelas e os
bastidores foram sendo construídos à medida que se ia avançando, o que me
impedia de ter à partida uma visão de conjunto. Mas na verdade até prefiro
assim. Se tivesse de descrever esse labirinto de lençóis, havia de arranjar
maneira de o leitor se perder nele”
Dedicado à Tânia Cunha.
Manuela Ivone Cunha
Sem comentários:
Enviar um comentário