Ah! Os ricalhaços!
Segundo a comunicação social, foi afirmado numa manifestação de apoio à causa
palestiniana, realizada no Porto, que «Quem quer um Hamas desarmado quer vê-los passados a ferro, assassinados.
Quem vive em Gaza não tem escapatória. Quem vive em Israel são os ricalhaços.»
Não é de hoje nem de ontem. O judeu e o dinheiro é um tema que enche volumes em
bibliotecas. Serve para todos os ressentimentos. Os financeiros judeus
era o santo-e-senha do grupo, a bandeira à volta da qual se reunia o rebotalho.
O social-democrata austríaco Ferdinand
Kronawetter terá dito que o anti-semitismo era o socialismo dos idiotas (Der
Antisemitismus ist der Sozialismus der dummen Kerls), usou a expressão para
caracterizar a política populista de direita do presidente da câmara municipal
de Viena, Karl Lueger, que elaborou uma tipologia, não muito sofisticada, dos
judeus: Geldjuden, para os judeus da bolsa e do capital, Betteljuden,
para os judeus imigrantes pobres, e Tintenjuden, para os judeus
jornalistas. A expressão foi popularizada pelo chefe do SPD alemão, August
Bebel. É transparente, demasiado transparente, a cobiça frustrada, o sentimento
de ficar à porta que tão rapidamente se transforma em inveja existencial e
homicida. Uma inveja que chega a assumir a forma da projecção. Em 7 de Outubro
de 1985, o paquete italiano Achille Lauro foi sequestrado por um comando
de terroristas da Frente da Libertação da Palestina; andaram de um lado para o
outro com o navio até aportarem no Egipto. Mas antes, a 8 de Outubro, depois de
anunciarem que iriam executar reféns se as suas exigências não fosse atendidas
(a libertação por Israel de 50 prisioneiros), mataram Leon Klinghoffer,
um judeu com passaporte americano. Reformado, de cadeira de rodas, 69 anos de
idade, foi executado com um tiro na cabeça. Faruq al-Qadumi, à época porta-voz
da OLP, afirmou, que talvez tivesse sido a mulher, Marilyn Klinghoffer, uma doente terminal, a matar o
marido – para receber o dinheiro do seguro.
Ah! Os ricalhaços!
João Tiago Proença
Sem comentários:
Enviar um comentário