Chapéus há muitos
Já eram bastantes. Havia o idiota
desinformado, que aprecia lenços, cerveja, convívio e um protestozinho contra
qualquer coisa que imagina vagamente ser o sistema. Julga-se de esquerda. Havia
o engagé, que milita e milita e continuará a militar. Por isso já foi
militante, hoje é activista. Sempre de esquerda, sempre de boa consciência
moral, sempre atrás do progresso. E lá vai ele pela arreata da História. Na
versão sonsa, emite uns sim, mas; por um lado, por outro lado; compreende
as duas partes, mas dá razão sempre à mesma. Uma espécie de quod erat
demonstrandum, envergonhadito -- na melhor das hipóteses. Havia o
repugnante, costuma ser comunista, que toma partido assolapadamente, justifica
todas as violências contra Israel e os israelitas com grande fausto de palavras
e indignação -- depois janta bem e ceia melhor. Para compor o ramalhete
anti-semita, faltava o maluquinho, de obediência neo-fascistóide. Agora já não
falta.
João Tiago Proença
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