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Médico operou pénis por engano
Urologista condenado a pagar indemnização a doente
Um médico urologista de uma conceituada clínica de Lisboa foi condenado a pagar 20 mil euros, acrescidos de juros, por ter operado o pénis de um doente por engano.
O clínico realizou a cirurgia, em 1995, para resolver um problema de disfunção eréctil de um homem com cerca de 50 anos, mas afinal o doente sofria de esclerose múltipla e, como tal, não necessitava da operação ao pénis. O Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a pena no início de Janeiro deste ano.
"O autor cometeu um erro de diagnóstico. Era exigível ao médico perceber que a disfunção eréctil de que o autor padecia não era de causa orgânica e que os resultados dos exames médicos realizados contra-indicavam a realização de qualquer intervenção cirúrgica" lê-se no acórdão a que o CM teve acesso.
O doente começou a ter os primeiros sintomas de impotência sexual em 1994. Marcou consulta com o médico urologista, que inicialmente apenas lhe pediu que fizesse alguns exames. Em Maio do ano seguinte, o homem voltou à clínica onde foi a uma consulta de psicologia. Foram também receitados vários medicamentos. Uma vez que os sintomas não desapareciam, o doente acabou por ser operado em Outubro de 1995.
Um ano depois da operação, o comportamento sexual do lesado não apresentava melhorias. Outros sinais de doença começaram a surgir: sentia tonturas, desequilíbrio, diminuição da força muscular e tinha dificuldades em andar. A conselho de um médico neurologista, o doente acabou por realizar uma TAC que revelou que sofria de esclerose múltipla.
O homem apresentou queixa-crime contra o urologista, mas o DIAP de Lisboa arquivou o caso, em 1999, por considerar que não tinha havido negligência. No entanto, o processo cível continuou a correr e culminou na condenação do médico, agora confirmada pela Relação.
ORDEM DEFENDEU QUE DOENTE NÃO FOI PREJUDICADO
Num parecer junto ao processo, o Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos defendeu que, embora a cirurgia a que o doente foi submetido não fosse a indicada, a operação também não foi prejudicial. O lesado contrapôs e diz que passou por um longo período de dor e sofrimento.
A Ordem defendeu ainda que os sintomas não eram evidentes, o que poderá ter levado ao erro de diagnóstico. No entanto, um ano depois, o doente descobriu a doença só com dois exames.
Correio da Manhã
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