Santiago de Compostela
Fotografia de António Araújo
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Santiago
Escrevo pela
tua mágoa, sentado diante da chuva,
numa arcada
de Santiago, entre pombos que nunca
leram
Cunqueiro, nem Ferrín, nem os antigos
vates
cansados do passado, nem atravessaram
as neves de
Ribadavia ou os areais de Villagarcía
a meio do
Outono, quando os carvalhos mais escuros
emudecem
entre os ribeiros. Imagino que chegas
a esta praça
uns meses depois, entre os velhos
granitos das
ruas e as arcadas do crepúsculo – é
a velha
Galiza caída sobre o lado esquerdo do mar,
rouca,
frequentando as bibliotecas e os caminhos
que nunca
terminam, esperando as romarias,
dançando nos
bosques, observando as ruínas.
Mesmo assim
escrevo pela tua mágoa, escrevo
há muito por
ela, pelos seus passos em ruas estranhas,
como uma
consolação imperfeita, cardíaca, lunar.
Francisco José Viegas
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