segunda-feira, 28 de agosto de 2023

São Cristóvão pela Europa (228).

 

 

 

Na última visita que fiz à cidade italiana de Treviso, a tal de que o Infante D. Pedro filho de D. João I foi Marquês, falhei lamentavelmente a notável igreja de São Francisco.

Colmatei agora a lacuna. Ficou ainda a faltar a de Santa Luzia, irremediavelmente fechada.

Como todas as igrejas históricas da região tem um passado tormentoso. Após passagem de São Francisco de Assis na cidade, a construção iniciou-se em 1231, curiosamente o ano em que morreu em Pádua, Santo António.

Sofreu um incêndio em 1386, foi um centro de estudos teológicos e tribunal da Inquisição. Teve o seu primeiro grande atentado quando Napoleão aí instalou uma caserna, um hospital militar e estábulos para cavalos. Os Austríacos transformaram a Igreja num armazém militar de três andares divididos por andaimes.

Só em 1928, a Igreja foi devolvida ao bispo de Treviso, após profundo restauro.

O estilo é de transição entre o Românico e o Gótico. A presença de seis representações de São Cristóvão deriva certamente do elevado número de viajantes que passava pela igreja.


 


 

No interior, dois belíssimos frescos representando São Cristóvão. O primeiro em estilo Românico-Bizantino, do final do Século XIII, numa das paredes. O segundo do final do Século XIV, num pilar.


 


 


Existem quatro capelas com frescos de São Cristóvão.

A primeira é a chamada Capela de Santa Rita.

Num arco, um fresco representando o nosso Santo e São Francisco.

 



Na Capela Coletti, um fresco, da autoria de um artista veneziano do final do Século XIV, representando a Crucificação apresentando Jesus Cristo crucificado, ladeado por Nossa Senhora das Dores. Presentes também São Tiago, São Bento, São João Apóstolo, São Bartolomeu, São Francisco e São Cristóvão.


 

 

Na Capela Giacomelli, um fresco da autoria de Tomaso da Modena datado de 1354 representando a Virgem entronizada com o Menino.

Inicialmente estava ladeada apenas por São Lourenço, São João Baptista, São Luís de Toulouse e São Tiago Apóstolo. Posteriormente foram acrescentadas as figuras de Santo Antão, Santa Catarina de Alexandria e São Cristóvão. Têm aliás outra cor.




A Capela de São João Apóstolo, mandada construir pela família nobre Rinaldi, tem um fresco de 1351 também representando Nossa Senhora no trono e rodeada de vários santos: Santo Antão, São Francisco, São Boaventura e São Cristóvão:


 



A Catedral de Treviso existe desde o Século VI mas foi reconstruída em 1759 no estilo neoclássico.

Da construção anterior, a cripta conserva ainda as características românicas, com as suas 68 colunas.

Entre os frescos, um está consagrado ao nosso Santo.

 





                                    Fotografias de 9 de Agosto de 2021 e 5 de Agosto de 2023

 

                                                                                                        José Liberato








2 comentários:

  1. Mais uma viagem mais umas histórias e como sempre interessantes, só uma curiosidade, na pintura onde Nossa Senhora no trono está ladeada por Santo Antão, São Francisco, São Boaventura e o nosso Santo, o Menino Jesus aparece em duplicado, o que normalmente em outras obras não acontece, há alguma explicação?
    Só por curiosidade, boas viagens.
    Um abraço...

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    1. É realmente curioso. No caso concreto, o fresco inicial não tinha São Cristóvão. Foi adicionado mais tarde. Quando O adicionou, o autor pensou apenas em São Cristóvão e nos seus atributos.
      Muito obrigado pelos seus comentários.

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