impulso!
100 discos de jazz para cativar os leigos e vencer os cépticos !
# 39 - WES MONTGOMERY
Foi meteórica a ascensão de Wes
Montgomery. Em 1958 era parte dos Montgomery Brothers, o trio constituído por
vibrafone ou piano (Buddy), contrabaixo ou baixo elétrico (Monk) e guitarra
(Wes) que acolhia nos clubes locais os grandes músicos de passagem por
Indianápolis; em 1961, depois de descoberto por Cannonball Adderley, tornou-se,
evidente e destacadamente, o primeiro entre os guitarristas de jazz nas polls
da Downbeat, sendo anunciado pela sua editora como “a melhor coisa que
acontecera à guitarra desde Charlie Christian”.
Wes Montgomery teve uma vocação
serôdia. Casou-se aos 19 anos, arranjou emprego como soldador e só no intervalo
destas funções começou a entreter-se com a sua nova guitarra de seis cordas
amplificada. A epifania teve-a ao escutar a composição “Solo Flight”, de
Charlie Christian – era isto! E depois foi indo de parceria com os irmãos, sem
nunca ter conseguido ler música como deve ser e aprendendo de orelha todas as
complexidades musicais. Entre 1948-50 ainda fez uma digressão com a orquestra
de Lionel Hampton, mas acabou por regressar a casa, sem glória nem bronca.
Nas grandes orquestras de jazz a
guitarra “era como a baunilha num bolo” sentenciou Irving Ashby, antecessor de
Montgomery na orquestra de Lionel Hampton, “não a saboreamos quando está lá,
mas sentimos a sua falta quando não a acrescentamos à receita.” Se do outro
lado do Atlântico as variações de Django Reinhardt provocavam sensação, foi o
destaque de Charlie Christian na orquestra de Benny Goodman que deu
protagonismo à guitarra do jazz. De um modo quase desinteressado Wes Montgomery
tornou-se o elo seguinte.
É diferente o dedilhar de
Montgomery, com a polpa do polegar em vez da unha ou da palheta, o que lhe
permitia extrair da guitarra um som mais brando, quase de bossa nova. Sobre
isto, a sua preocupação, além das oitavas que tornaram famoso o seu estilo, foi
sempre o apuro do fraseado e não a velocidade, ao contrário dos boppers,
dedicando-se sobretudo à progressão dos acordes, em detrimento da simples linha
melódica. Esta leveza tímbrica e esta amabilidade harmónica, favoreceram Wes
Montgomery aos ouvidos do público.
The Incredible jazz Guitar of Wes Montgomery
1960
Riverside
RLP-9320
Wes
Montgomery (guitarra); Tommy Flanagan (piano); Percy (contrabaixo); Albert
Heath (bateria).
A editora Riverside esmerou-se em
proporcionar ao guitarrista a melhor companhia para a gravação do que
obviamente, basta ler o título, queria que fosse um best seller. Surge então em “The Incredible Jazz Guitar of Wes
Montgomery” Percy Heath no contrabaixo, requesitado ao Modern Jazz Quartet, o
epítome do jazz de câmara, trazendo consigo o irmão Albert, baterista da linha
hard bop. Ao piano sentou-se Tommy Flannagan um dos mais decisivos
acompanhantes da história do jazz, cuja atitude é ao mesmo tempo um prodígio de
“no nonsense” e impenitentemente bluesy.
O repertório do disco é minucioso.
Inclui alternadamente quatro originais de Wes Montgomery com quatro temas, cada
um deles demarcando um território de origem; “Airegin”, por exemplo, um
original de Sonny Rollins, exibe a segurança nos tempos rápidos, além de
patentear um acordo quase mágico entre Wes e Flanagan; “Polka Dots and
Moonbeams” assinala já o compromisso que a Riverside queria de Montgomery com a
popularidade. O climax, e talvez o píncaro da carreira de Wes Montgomery, é o
solo de guitarra em “West Coast Blues” – ficou como um caso de estudo.
José Navarro de Andrade
Não é dos meus favoritos, mas como tenho de (quase) todos alguma coisinha, coloquei um "live"
ResponderEliminarFaço coro com FA .Vou usar uma fórmula aprendida aqui:"Respeito mais que estimo"É assim?
ResponderEliminarSou mais Grant Green,Jim Hall.Joe Pass,Tal Farlow,Badem Powel e claro django