Na
luta encarniçada contra o trabalho diurno, os srs. industriais têm esgotado todos
os recursos de dialéctica e influência, acusando-nos até de querermos a ruína
da indústria com o tipo único de pão. Mas boa gente!... o que nós temos
combatido e combateremos enquanto as forças nos permitirem é que o pão seja
bom, sem recheios imundos, e é nisso que consiste a nossa honra profissional;
quanto ao resto, não é da nossa competência. Sabem que não têm razão alguma
plausível que justifique o rotineirismo dos seus processos industriais e que o
trabalho nocturno está condenado pela nocividade que representa para a saúde
pública, para a própria existência dos seus serventuários, mas como o náufrago
agarram-se a todos os subterfúgios à cata do almejado salvatério. Alguns até
têm apresentado, à falta de melhor que não abundam do seu lado, pretextos
risíveis que só patenteiam ignorância e desbaratamento mental.
(Os Manipuladores de Pão ao Povo de Lisboa –
O Pão, Lisboa, 1929, pp. 13-14)
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