quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Pão.

 
 
 
 
Na luta encarniçada contra o trabalho diurno, os srs. industriais têm esgotado todos os recursos de dialéctica e influência, acusando-nos até de querermos a ruína da indústria com o tipo único de pão. Mas boa gente!... o que nós temos combatido e combateremos enquanto as forças nos permitirem é que o pão seja bom, sem recheios imundos, e é nisso que consiste a nossa honra profissional; quanto ao resto, não é da nossa competência. Sabem que não têm razão alguma plausível que justifique o rotineirismo dos seus processos industriais e que o trabalho nocturno está condenado pela nocividade que representa para a saúde pública, para a própria existência dos seus serventuários, mas como o náufrago agarram-se a todos os subterfúgios à cata do almejado salvatério. Alguns até têm apresentado, à falta de melhor que não abundam do seu lado, pretextos risíveis que só patenteiam ignorância e desbaratamento mental.
 
(Os Manipuladores de Pão ao Povo de Lisboa – O Pão, Lisboa, 1929, pp. 13-14)

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