domingo, 19 de fevereiro de 2023

Porque era ele, porque era eu.

 




 

1 – Este blogue chama-se Malomil porque, há alguns anos, eu e o João Pedro George (JPG) assim o baptizámos. Passávamos os dois, já noite alta, pela Mouraria, Rua do Benformoso, quando ali tropeçámos no reclame luminoso de um distinto estabelecimento de quinquilharias, propriedade do não menos distinto e porventura já saudoso Manuel Alonso Misa. Assim ficou este nome Malomil: copiado, apropriado, descaradamente plagiado – e ainda hoje são muitos os que me enviam fotos da montra do Malomil, Lda., julgando tratar-se de feliz e fortuita coincidência…

 

2 – No tempo áureo dos blogues, mais sadio e interessante do que este agora do “Face” e das redes, o Malomil era um projecto pensado e criado a dois, ou mesmo três, já que o Diogo Ramada Curto também tencionava juntar-se ao grupo, na veste ou traveste de Padre Lagosta, seu herói da pluma. Como em várias outras ocasiões (por ex., na escrita do livro Da Direita à Esquerda, em que a ele competia ter feito um Da Esquerda à Direita), JPG deixou-me na mão e sozinho, mas não menos seu amigo, que o sou deveras e muito – e há muitos e muitos anos. Daí o título deste escrito, que plagiei de Montaigne, sem citar edição e página.

 

3 – Está feita a declaração de amizade, que não de interesses, porque o JPG  não os tem, sendo essa, aliás, uma das suas principais qualidades: em tudo quanto  opina e escreve, jamais o vi movido por intenções escondidas ou propósitos obscuros de servir a Abel ou Bento, de maldizer Sicrano em benefício de Beltrano. Quem age como ele, no métier e no estilo, na implacável ética dos que aspiram a malditos, não faz “amizades” nem “pontes”, dessas que dão lugares e empregos, cátedras na academia, presença assídua nos media, almocinhos e jantares. E isto tem de ser dito, precisa mesmo de ser dito: em JPG, tudo leva e come em igual medida, num salutar exercício de cacetada ecuménica, lapidarmente democrática, que nem os amigos poupa. Há nisso muita coragem, talvez loucura, mas há nisso também, goste-se ou não, uma independência de carácter e uma transparência de intenções que não são raras – são únicas, absolutamente únicas, num meio paroquial feito de cunhas, vaidades, invejas e muitas capelas. E não deixa de ser curioso, caricato até, observar os que ontem se compraziam com as suas impetuosas críticas, louvando-lhe o génio e o arrojo, calarem-se quando lhes toca e magoa (e em surdina almejarem-lhe a desgraça e queda). Quer dizer, sejamos honestos, sobretudo com nós próprios: quem flagele JPG, no modo como ele se posiciona e opina, não pode depois dizer que a sua voz, mesmo que excessiva e por vezes abusiva, é “necessária” e “saudável”, “imprescindível”, a bem do asseio do nosso meio cultural e literário.

 

4 – Acumulada durante anos de raiva e ranger de dentes, a vingança contra JPG serviu-se agora, mais morna do que fria, sob a forma de um artigo no Expresso a propósito da sua biografia de Pessoa, O Super-Camões.

Sobre esse inacreditável e miserável texto, assinado pela jornalista Luciana Leiderfarb, há que dizer sem rodeios que:

 

a) –  é mentiroso, descaradamente falso e inverídico, pois afirma, e cito, que, na obra de JPG, “a biografia de Zenith apenas consta, genericamente, da bibliografia listada no fim do livro, e só na versão portuguesa” (sic). Ora, logo na página 20 do livro de JPG a bio de Zenith é citada, como, de resto, também nas páginas 406 ou 880. Aliás, os trabalhos de Richard Zenith são citados mais de 30 vezes – 30 vezes! – na biografia de João Pedro George. A par disso, Luciana Leiderfarb trunca e deturpa as respostas que JPG lhe enviou: este considerou “ridícula” uma afirmação de Cavalcanti, baseada em Botto (ver aqui); Luciana corta e amputa, para fazer parecer que JPG considera “ridícula” a discussão sobre a sexualidade de Pessoa e todos os seus protagonistas, o que é falso e abusivo, eticamente abjecto;

 

          b) – é canalha, pois que a sua autora (e autora de uma reportagem há pouco alvejada por JPG, mandando a ética que os leitores o saibam), pretende figurar como uma neutra e imparcial “comparação” entre dois livros aquilo que é, do princípio ao fim, uma mal disfarçada tentativa de assassinato de carácter, sabendo-se de antemão que lamas como esta são indeléveis e irreversíveis, colando-se aos visados como uma segunda pele ou como o fumus da eterna dúvida, que de futuro será recorrentemente lembrada.   

Diz Luciana que “o Expresso falou com ambos”, mas um deles, Richard Zenith, é apresentado como “especialista na obra e no espólio pessoanos há três décadas”, que “trabalhara 12 anos no volume de mais de mil páginas, que veio actualizar e ampliar as abordagens do género anteriormente feitas e acabou sendo finalista do Prémio Pultizer”, enquanto o outro, JPG, autor de diversas biografias, com obra mais extensa e variada do que a de Zenith, surge descrito, sem mais, como “crítico literário e sociólogo”. De um lado, um colosso; do outro, um gaiato. Bastaria isso, não mais do que isso, para desqualificar o artigo com que Leiderfarb analisa os dois livros e com que o Expresso, até com chamada de 1ª página, pretendeu fazer passar por “reportagem” aquilo que é, no fundo, o artigo de opinião que Richard Zenith não teve a lisura nem a coragem de ousar escrever. Fazê-lo implicaria descer do pedestal em que pretende situar-se, rebaixar-se ao nível de JPG, cujo livro, todavia, esmiuçou ao milímetro. Depois, foi fácil arranjar uma jornalista que lhe fizesse o serviço e um jornal que o patrocinasse, na mira do escândalo e das vendas. O descaro é tal que a própria Leiderfarb confessa, e cito, que “só um pessoano munido de uma lupa” poderia detectar os erros de JPG, reconhecendo, no fundo, que se limitou a ser um alter ego ou heterónimo de Richard Zenith. Para disfarçar a coisa, e como compete, lá está a frase “quando o Expresso abordou Richard Zenith…”, como se não tivesse sido ele a engendrar a marosca, do princípio ao fim, e a produzir o essencial do texto da jornalista-ventríloqua.

Diz Luciana que, no seu artigo, se confrontam as duas obras, mas isso é mentira, uma falsidade abjecta: o livro de JPG é sempre colocado ao lado, ou em baixo, do de Richard Zenith, mas este não sofre uma só crítica, uma beliscadura sequer, jamais sendo escrutinado nas suas virtudes e defeitos, que também os tem, seja nas propostas interpretativas que faz, alvo de controvérsia, seja nas fontes em que se apoia e não cita (v.g., os “ensaios luminosos” de Robert Bréchon), seja nos erros que naturalmente comete, e que Luciana obviamente papa (ex., dizer que Pessoa não tinha telefone em casa, o que a sobrinha do poeta desmente), próprios de qualquer empresa humana, decerto, mas menos desculpáveis num especialista de três décadas na vida e obra de Pessoa, sobre a qual escreveu – e nada custa reconhecê-lo – uma biografia notável, que por muitos e muitos  anos ficará como referência dos que se interessarem pelo autor de Mensagem.  

  

c) – o artigo é também cobarde e desonesto, porque insinua o plágio, não o dizendo, ou seja, sem ter a coragem de proclamar a fraude, tão-somente sugerida – no fundo, sem ter a coragem que JPG indiscutivelmente teria e aliás já teve em ocasiões várias, algumas das quais lhe valeram o chamamento à justiça, entre mil outros dissabores e dores.

Luciana fala de “semelhanças flagrantes”, mas o que encontra é, pasme-se, a afirmação de que, lá na ponta da África meridional, ao Cabo Agulhas, começa o Índico e termina o Atlântico. Segundo ela, portanto, tendo Zenith escrito que “Cabo Agulhas, onde oficialmente o Atlântico acaba e o Índico começa”, George teria a obrigação de citar a fonte, pois teve o desplante de afirmar que o dito do Cabo Agulhas é “onde o Atlântico termina e o Índico começa”. Eu nunca estive no Cabo Agulhas para dizer se sobre ele se poderia dizer algo mais do que esta obviedade geográfica, que Zenith aliás chupou, ipsis verbis, de uma obra sobre… submarinos no Índico. Quer-me parecer, no entanto, que, pelo exigentíssimo critério de Leiderfarb, que impõe citação e nota até para banalidades de Wikipédia, muito pouco se aproveitaria do que é escrito nos nossos jornais e nas nossas academias.

Por exemplo: há dias, publiquei no Expresso, versão online, o obituário da Rachel Welch; como nunca tive a dita de a conhecer pessoalmente, com grande pena, baseei-me na Wikipédia, no The New York Times, no que disseram sobre ela os jornais portugueses e estrangeiros, num ou outro link ou site. Possivelmente, provavelmente, e como em todos os textos que vou publicando no Diário de Notícias, no Público, na Mensagem de Lisboa, na LER, na Almanaque, etc., usei expressões alheias, frases de outros autores e contextos, talvez na íntegra, mas não os citei (com pena: quem me conhece sabe que sobrecarrego os meus textos com escusadas notas e referências). Pelo crivo de Leiderfarb, serei um plagiador e dos reles, sobrando-me tão-só o consolo de, nessa minha desventura, merecer a companhia de muitos, quase todos. Na última edição do Expresso, um belo artigo sobre Sá Carneiro chamava-lhe, em título, “um meteoro na política”, faltando portanto dizer que, em 1992, José Freire Antunes publicara uma bio de Sá Carneiro intitulada “um meteoro nos anos setenta”. E já que falamos dos astros, o Expresso/Blitz apelidou António Variações de “cometa”, expressão já usada, anos antes, no Diário de Notícias (“passou como um cometa pelo panorama pop/rock”) e, depois, no Público (“o cometa que iluminou a música portuguesa”) e na publicidade de uma sua biografia (“foi fugaz como um cometa”).

Por este novel critério do Cabo Agulhas, seriam de facto poucos, quase nenhuns, a bordejarem o Cabo, cabendo também dizer-se que a própria Luciana Leiderfarb, tão exigente, é igualmente dada à paráfrase e ao pastiche, já que ainda há dias descreveu o apartamento nova-iorquino de Norman Mailer e a sua “vista monumental sobre a baixa de Manhattan” na esteira da “panoramic view of lower Manhattan”, de um artigo na Paris Review, que cita, sem que isso a redima daquilo que a própria designa, a propósito de JPG, de “semelhança flagrante”. Como é evidente, nem Zenith nem JPG estiveram no Cabo Agulhas, nem Luciana era visita de casa de Mailer em Nova Iorque: baseiam-se todos no que outros viram e disseram por eles, e muito bem. Lembrai-vos, irmãos, da velha máxima, vinda de tempos bíblicos: quem copia um, é plagiador; quem copia vários, é investigador.  

          Além do Cabo Agulhas, notou Zenith, ou Luciana por ele, que existem “semelhanças flagrantes” com a descrição feita de um encontro, num “americano”, entre o padrasto e a mãe de Pessoa. A notícia desse encontro fora dada há muitos anos, em 1951, por Eduardo Freitas da Costa, no livro Fernando Pessoa – Notas para uma biografia romanceada. As versões de Zenith e de JPG são bastante diferentes, como se pode ver aqui, mas, sem sequer ter falado com o JPG, admito perfeitamente que ele se tenha inspirado e baseado num trecho da biografia feita pelo americano-luso, adaptando-o, remodelando-o profundamente.

O ponto, esse sim assaz curioso, é que a própria descrição de Zenith é inteiramente inventada, efabulada, ou, como diz Luciana Leiderfarb, “o autor [Zenith] esclarece que encenou o episódio”. Quer dizer, a sua obra é uma biografia romanceada, com pedaços recriados? Além deste episódio, que outras liberdades criativas se permitiu o maroto? No seu volume de 1200 páginas, obra de summo rigore factual (pelos vistos, não…), onde termina a realidade e começa a ficção? Teriam os leitores do seu livro – e, já agora, os leitores do Expresso – o direito de saber onde se situa, afinal, o Cabo Agulhas da verdade e ficção, pois havendo este episódio “encenado”, que outros não haverá? Esse teria sido o serviço que o Expresso bem poderia ter prestado a quem o compra: confrontar, na substância, as interpretações de Pessoa feitas numa e noutra das obras (até porque são divergentes, sobretudo no que à sexualidade do poeta diz respeito), coisa que, como é evidente, Zenith não gostaria, pois isso implicaria situar-se em plano de igualdade com JPG, o que é para si impensável (atente-se, no artigo do Expresso, no altivo e condescendente paternalismo, na insuportável sobranceria, com que Zenith trata JPG, acusando-o de o ter copiado e, em simultâneo, de o não ter seguido suficientemente).    

          Por outro lado, e mais decisivamente, JPG jamais escondeu que se inspirou em Zenith, como se inspirou por igual, ou mais, em muitos outros autores. Nas entrevistas que concedeu, fez até questão de louvar a obra de Zenith, faltando acrescentar que seria muito, mas mesmo muito estúpido da parte dele, o “crítico-buldôzer” escrutinado ao milímetro pelos seus (numerosos) inimigos, estar a copiar desbragadamente um livro de que todos falam, ademais acabado de sair. Como o conheço, posso afiançar: JPG é casmurro como um burro, mas burro jamais será (sobretudo a este ponto, tão óbvio e infantil).

 

5 – Quanto aos erros da biografia de JPG, a primeira coisa a dizer é que o meu amigo teve a sorte, a grande sorte, de ter um “pessoano munido de uma lupa” (Luciana dixit) a rever-lhe o texto. Isso é, aliás, outro momento caricato do retrato leiderfarbiano de Zenith, ora elevado às alturas de Prémio Pessoa e finalista do Pulitzer, ora descido às funduras do close reading miudinho. Os erros que detectou são uma bênção para o George, que num livro de 900 páginas, cometeu seis ou sete deslizes, apontados por Zenith: a maioria niquices, como um pormenor sobre onde morava Gandhi ou casas “eduardianas” em Durban. De Pessoa, num livro de 900 páginas, há três, quatro lapsos, caricatos e menores, prova de que a obra, afinal, passou com distinção no mais exigente dos crivos, o da lupa de Richard Zenith. Quanto aos erros deste último, como dizer que Pessoa não tinha telefone em casa (essencial para compreender o relacionamento com Ofélia), passam incólumes e em claro, pois o artigo de Luciana Leiderfarb é um inquisitório a George, desleal e parcial, não uma comparação honesta. Mais caricato ainda, JPG já assumiu outros erros, também menores decerto, mas nenhum deles topado na implacável lupa de Zenith, pelos vistos murcha e bem fraca.

Resta a questão das falsas cartas de Pessoa a Sá Carneiro, merecedora de chamada de atenção na 1ª página do Expresso, a mesma com que, há meses, se noticiou que Pedro da Silveira era informador da PIDE, a prova provada de que só Deus está livre do erro, o que importa é reconhecê-lo de forma aberta e honesta (como o Expresso fez, e muito bem, à semelhança do que fez há anos, quando Nicolau Santos admitiu ter sido “embarretado” pelo saudoso embusteiro Artur Baptista da Silva, para não falar, por mais antigos, dos plágios de Miguel Veiga, esses sim verdadeiros e comprovados em tribunal). A este propósito, JPG já admitiu o erro de ter citado como verdadeiras três cartas pessoanas constantes da Internet, num exercício literário de Pedro Eiras, que decidiu publicar lado a lado cartas verdadeiras, outras imaginárias. Antes de JPG, outros haviam cometido o mesmo lapso, como um “crítico de um jornal” referido por Eiras, cabendo agora aos leitores de Super-Camões (e muitos são eles, o livro vai a caminho dos dois milhares de exemplares and counting) dizerem se isso mancha e compromete em definitivo um livro que, à uma, não foi escrito por um especialista, nem com pretensões a sê-lo; e, à outra, que se baseia num monumental volume de informações, das quais, pelos vistos, só uma meia-dúzia estarão erradas.    

 

6 – É inútil perguntarmo-nos sobre que diria Pessoa de tudo isto, já que ele nunca e jamais imaginaria a projecção mundial que conquistou nas últimas décadas, convertendo-se numa “marca” de valor universal e de consumo urbi et orbi. A milhas de distância de Saramago ou Lobo Antunes, Fernando Pessoa é o único autor português que permite alcançar fama e crédito internacionais, razão que explica que sobre ele e a sua obra se precipitem, e em parte bem, tantos académicos e estudiosos vindos do estrangeiro. É também isso que explica as eternas polémicas e quezílias pessoanas, com o poeta, coitado, convertido em ninho de vespas ou saco de lacraus, como é isso que explica que muitos se acotovelem para comprar o que de Pessoa resta, sejam as cartas ou a arca mítica, pois a posse dos seus bens garante, ipso facto, uma legitimidade acrescida na hora de falar dele. A remuneração é alta, pode ir até ao Pulitzer, o que explica a ferocidade do mercado e o empenho implacável em esmagar à nascença todos os potenciais focos de concorrência (como há anos sucedeu ao historiador Orlando Figes, que, sob pseudónimo, escrevia recensões na Amazon a denegrir o trabalho dos colegas). Só alguém obcecado com isso, como Zenith, pode cometer a deselegância atroz de menorizar a obra de Robert Bréchon, já falecido, com o qual diz ter aprendido muito, mas dizendo que ela “não se preocupou em descobrir informações sobre Pessoa, mas sim em mapear a sua vasta obra literária”. Na verdade, só a sofreguidão em possuir Pessoa, pondo-o a render, e sem largar a bola, pode explicar que alguém com o estatuto de Richard Zenith se ponha a esmiuçar à lupa uma biografia popular, destinada ao grande público, que do ponto de vista da profundidade não tem, e jamais teve, pretensões de ombrear com a sua. Que o Expresso se disponha, neste texto, a defender-lhe os interesses (até comerciais!), fazendo-o de uma forma tão canhestra e abusiva, tão moralmente corrupta, é algo que impressiona e confrange. Mas que demonstra que a acção crítica de João Pedro George, mesmo que controversa e polémica (e da qual tantas vezes discordei e lho disse), é urgente e necessária. Que honra ser seu amigo.

 

                                                                                     António Araújo   

 

P.S. – e não, este não é o habitual texto em socorro de um amigo em apuros, pois várias vezes esteve JPG debaixo de fogo e, em muitas delas, não ergui um dedo sequer em sua defesa. Porquê? Porque achei que ele não tinha razão, ou não tinha toda a razão. Aqui, estou tranquilo e sereno: JPG tem toda, mas toda, a razão consigo. E a verdade também.    















4 comentários:

  1. Erros de palmatória na biografia de Zenith (emprestei o meu exemplar, cito de memória): Pessoa gostava de fotocópias (!); Orwell escreveu mil novecentos e NOVENTA e quatro (!). E uma curiosidade; como se prova que um homem morreu virgem? E sim, fui muito amiga de Robert Bréchon, homem superior,resistente condecorado, inteligente biógrafo e estudioso, organizador das traduções de Pessoa na Christian Bourgois, prefaciador da monumental tradução da Poesia na Pleiade por Patrick Quillier.

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  2. Ainda não peguei numa calculadora para averiguar quantas vezes Zenith se esqueceu de citar, ou decidiu não citar, ou citou mal trabalhos de outros estudiosos pessoanos que ele leu e em que se baseou. Quem tem telhados de vidro devia estar muito caladinho.

    Ninguém pode afirmar que Pessoa morreu virgem. Francisco Peixoto Bourbon, que foi amigo de Pessoa, testemunhou em sentido contrário. Mas Zenith resolveu simplesmente ignorar esse depoimento, porque prefere que Pessoa tenha morrido queer e virgem a ter frequentado um bordel da Rua do Ferragial.

    Há quem morra virgem de sentido do ridículo e naufrague na Cabo das Agulhas.

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  3. Caro António. Durante dezenas de anos, esquivei-me às intrigas dos "Pessoanos" até por dever de ofício. Isto que se passou agora é diferente. Li e gostei imenso da biografia de Zenith. Acreditei na acusação de plágio que a jornalista do "Expresso" fez o favor a Zenith de publicitar. Ainda bem que me enviaram depois um texto do Diogo Ramado Curto e depois este seu. Mudei de opinião obviamente em relação à informação disponível e errónea e congratulo-me que haja quem tenha hombridade e coragem para pôr os pontos nos ii e esclarecer os incautos como eu. Não sou só admiradora das suas prosas como agora tenho-lhe uma consideração ainda maior. Um abraço António e que continue assim! Quanto à atitude do "Expresso" é censurável. Em breve transmitirei ao Director deste semanário que até eu, que não tenho muitas expectativas, esperava um pouco mais e que os leitores continuarão a aguardar um pedido de desculpas. Maria Teresa Mónica

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  4. Lançamento do livro : "A HOMOSSEXUALIDADE DE FERNANDO PESSOA"
    Na próxima quinta feira dia 4 de Maio, às 18,30h, na Casa Fernando Pessoa, na rua Coelho da Rocha, em Lisboa.
    Este novo livro será apresentado por Fernando Dacosta (jornalista), e Helder Bértolo (professor universitário).
    Trata-se de uma pormenorizada investigação, com novos dados sobre Fernando Pessoa, desconhecidos da generalidade do público.

    https://www.casafernandopessoa.pt/pt/cfp/programacao/evento/lancamento-de-livro-homossexualidade-em-fernando-pessoa

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