segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

aconteceu Esperança.

 
 



Rui e Rita, Lda. tiveram um bebé e, portanto, parabéns ao bebé (à bebé, melhor dito).

Aos sócios gerentes da Rui e Rita, Lda.: lembrei-me de vos oferecer, qual mago sem mirra ou oiro, uma fotografia do Lennart Nilsson, que foi um sueco muito pioneiro a captar imagens in vivo de bebés no ventre das Ritas daquela época, que foi a sua. Não sei bem porquê, talvez pela coloração ou pelo negrume envolvente, as imagens de Nilsson sempre me lembraram as do infinito cosmos, tiradas por naves interstelares e outras Nasas da vida. Naquelas fotografias, os bebés parecem astronautas ou planetas, corpos mais que celestes – e deixo a cada qual as efabulações que queira fazer a partir desta analogia quase mística, muito pateta.

Era miúdo quando vi pela primeira vez as fotografias de Nilsson, numa revista Reader’s Digest de infância. E, por já nessa altura ser muito criança, fiquei fascinado, deslumbradíssimo. Soube não muito depois que o livro mais famoso dele estava publicado cá, chamava-se Como Nasce Uma Criança, e tinha sido editado pela Dom Quixote devido à clarividência nórdica de Snu Abecasis. Não descansei à procura do livro, acabei na sede da editora, na Rua Luciano Cordeiro, consegui comprá-lo (esse era o tempo em que um miúdo corria Lisboa à solta, em primícias de amor eterno pela cidade triste e alegre). A sede da Dom Quixote, um belo palacete, foi há tempos demolida e dela não resta nada, só a convicção de que nos estão a assassinar a cidade, e nós a ver, muito passivos. Sobrou o livro do Nilsson, tenho-o aqui ao meu lado, mesmo à beirinha de onde agora vos escrevo, ó pais babados com o novo assalariado que vos entrou em casa.  Assim o queiram, o livro será obviamente vosso, Rita e Rui. Pois, a partir de hoje, é vossa a Esperança. (e também um bocadinho nossa, de todos, pode ser?)
 
 

  

 

 

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