sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Artur Pastor.




Praça de Alvalade
 
Avenida dos Estados Unidos da América
 
Avenida João XXI



Escolhi propositadamente algumas fotografias de Artur Pastor (1922-1999) que não são a que temos por hábito ver. Estamos mais acostumados às imagens poderosas do trabalho nos campos e no mar. A ceifa no Alentejo, a pesca em Sesimbra ou na Nazaré, o amanho das terras do Douro. Regente agrícola de formação, Artur Pastor percorreu o país de lés a lés. Sobre a sua obra, já Sérgio B. Gomes ou Alexandre Pomar escreveram com muito mais propriedade e acerto do que eu alguma vez conseguiria. Estão patentes em Lisboa – mas não por muito tempo, atenção!, fecham no final do mês – nada menos do que três exposições da obra de Pastor. Uma no Museu da Cidade, no Campo Grande, outra no Arquivo Fotográfico Municipal, à Rua da Palma, outra ainda na Colorfoto Alvalade. As exposições são gratuitas, à borla, não se paga bilhete, é só entrar.

         Entre outras pessoas, a Cristiana Bastos escreveu um belo texto para um prometido catálogo. Cedeu-mo por amizade, já o li, já aprendi. E agora? Ao que parece, projectava-se um catálogo. Falei aqui há uns tempos, a propósito de outra grande exposição, «Visitação», na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, do magnífico catálogo. Estas mostras duram três, quatro, cinco meses no máximo. Por muito que o acervo esteja disponível online, ninguém tem paciência para percorrer aquilo de ponta a ponta, são centenas de imagens. A Câmara Municipal de Lisboa adquiriu o espólio de Artur Pastor em 2001. Agora, promove vastas exposições da sua obra. Mas o que fica, depois disso? Só um catálogo impresso garante a perenidade da obra e faz justiça ao labor de Artur Pastor. Com a vertiginosa sucessão de eventos e solicitações, rapidamente esqueceremos estas imagens, como esquecemos as que mostraram a Avenida de Roma numa extraordinária exposição no Arquivo Fotográfico da Rua da Palma, a última organizada por Luísa Costa Dias.

         As imagens que escolhi são urbanas – e precisamente da Avenida de Roma, ou das suas imediações. Serviram de cenário ao mítico Os Verdes Anos, sobre o qual ainda há pouco se publicou um texto num livro digno de nota, Revoluções. Arquitectura e Cinema nos Anos 60/70.  
 
 
 
          Avenida de Roma, título de um livro de Artur Portela, nas imediações do Areeiro, onde um pôr-do-sol deu pretexto a conto de Sttau Monteiro. As imagens de Artur Pastor não diferem muito das de outros fotógrafos, como as de António Passaporte. Mas, sobre este, existe pelo menos um livro, uma súmula da sua obra. Era um grande serviço cultural publicar-se um catálogo das exposições de Artur Pastor, que, atenção!, encerram já a 31 deste mês.

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