Basil Hall Chamberlain
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A
tara pelo Japão leva a estas coisas. Pus-me a ler um livro de Basil Hall Chamberlain, já muito antigo, velho de quase um século, que saiu em tradução
castelhana com o título «Coisas do Japão. Apontamentos e notas do Japão
tradicional».
Basil Hall Chamberlain (Portsmouth,
1850 – Genebra, 1935), membro de uma distinta família vitoriana, começou a
trabalhar no Barings Bank de Londres (sim, esse mesmo) aos 18 anos de idade,
abandonando o sonho de estudar em Oxford. Sofreu uma crise nervosa, o que é muito
comum nos funcionários bancários, abandonou o emprego certo e a Inglaterra
natal. Começou então uma viagem pelo mundo, terapêutica típica daquela época, e
foi parar ao Japão. Aí cumpriu o desejo de ser professor, leccionando na Escola
Naval Imperial de 1874 a 1882, sendo contratado em 1886 pela Universidade de
Tóquio, onde ensinou até 1910. No ano seguinte, abandonou o Japão e fixou-se na
Suíça, onde faleceria mortalmente no ano de 1935. Enquanto esteve no Oriente,
escreveu vários manuais de aprendizagem da língua nipónica, colectâneas de
contos tradicionais e guias de viagem. Foi tradutor e estudioso de japonês,
sendo a sua obra mais famosa Coisas do
Japão, que contém, mais ou menos sob a forma de dicionário, várias
«entradas» em redor dos costumes e práticas ancestrais das terras do Sol
Nascente.
Saiu agora um outro livro volumoso
sobre o Japão, Japan and the Shackles of the Past, de R. Taggart Murphy, que me parece obra do maior interesse. Já o
livro de Chamberlain, não desfazendo, importa apenas pelo saboroso encanto de
nos dar um olhar datado, mas ainda assim informado (e informativo) sobre
curiosidades nipónicas, cousas que já se esfumaram na voragem da modernização.
A dado passo, Chamberlain apresenta alguns provérbios ou ditos tradicionais do
Japão, alguns merecedores de citação: «Mais vale educação do que nascimento»
ou, num registo pouco correcto, «Nunca confies numa mulher, mesmo que seja a
mãe dos teus sete filhos». Entre os provérbios japoneses, refere um, banal, e
que bem conhecemos: «O barato sai caro». Ou, se preferirem o original:
«Yasu-mono-kai no zeni ushinai.»
O
barato sai caro… é também uma
expressão vulgar na língua portuguesa, um provérbio ou dito que proferimos há
muitos, muitos anos. Fiquei intrigado com isto, com esta afinidade proverbial.
Teremos sido nós a levá-lo para lá, como às espingardas, ou terá vindo de lá
para cá? Não sei, não sou especialista. Se algum leitor puder ajudar a
deslindar este mistério, agradecia.
António Araújo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarHaverá outra forma de falecer que não mortalmente? :)
ResponderEliminarKe pa
EliminarKe pa
EliminarEra uma figura de estilo, uma «brincadeira». Desculpe se não fui compreendido
ResponderEliminarUm abraço cordial
António Araújo
Ora essa, confesso que não entendi se era deliberado ou não, mas não tem que pedir desculpas nenhumas.
EliminarSaudações!
VAI DORMIR SÓCIO
ResponderEliminarSobre Japão, e coisas da china - fiquei-me por Wencslau de Morais.
ResponderEliminarAutor a recordar.
António Araujo, viva, precisava de um contacto para trocar consigo duas palavras - três, vá - mas não encontro email. Uma sugestão?
ResponderEliminarRita (Quadros) Ferro
EliminarRita, se pudesse enviar um mail para o endereço do blogue, agradecia: malomil.brindes@gmail.pt
EliminarCordialmente,
António Araújo
Eu diria que "o barato sai caro" brotou naturalmente, um pouco por todo o planeta, alguns milénios antes da chegada de cascas de noz à Asia. Pouco depois da invenção do "quanto custa" e do "vi mais barato ali ao lado".
ResponderEliminarCumps,